O Brasil avançou apenas 1,7% em saneamento básico nos últimos 10 anos
Atingir as metas da universalização dos serviços de saneamento básico, como determina a lei 14.026/2020, exige uma certa urgência. Hoje, a meta do serviço de coleta, tratamento de esgoto e distribuição de água potável até 2033 está comprometida, e a cada ano que passa, uma fatia maior da sociedade enfrenta problemas relacionados à veiculação hídrica. […]
- Data: 06/11/2023 19:11
- Alterado: 06/11/2023 19:11
- Autor: Redação
- Fonte: Assessoria
Crédito:Reprodução
Atingir as metas da universalização dos serviços de saneamento básico, como determina a lei 14.026/2020, exige uma certa urgência. Hoje, a meta do serviço de coleta, tratamento de esgoto e distribuição de água potável até 2033 está comprometida, e a cada ano que passa, uma fatia maior da sociedade enfrenta problemas relacionados à veiculação hídrica.
Um estudo realizado pela ABCON (Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto), com base na pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua (Pnad C), mostra que o setor enfrenta grandes desafios: 15,3% de brasileiros não têm acesso a rede de distribuição de água. Entre 2019 e 2021, apenas 40 mil pessoas foram incluídas no sistema de abastecimento de água. Com o aumento da população, cerca de 36 milhões de brasileiros continuam sem o serviço.
Fernando Silva, CEO da PWTech, startup de purificação e filtragem de água, explica que, hoje, no Brasil, a falta de investimentos em políticas públicas bem definidas geram atrasos sociais. “Para que a universalização do acesso à água potável e do saneamento básico seja realizada de maneira efetiva, é necessário que o Estado invista anualmente R$ 200 por habitante, mas sabemos que a situação está longe de ser concretizada. Em regiões afastadas, que sofrem com a falta de infraestrutura e políticas públicas bem definidas, o investimento não chega a R$ 50”, explica o especialista.
O acesso a saneamento básico — que inclui fornecimento de água tratada e coleta de esgoto, por exemplo — é algo que ultrapassa o campo do direito à moradia: é algo que precisa ser encarado por toda a sociedade como um direito humano. 8 dos 10 municípios com piores resultados de saneamento do Brasil estão concentrados nas regiões norte e nordeste do país. Macapá (AP), Belém, Marabá, Santarém e Ananindeua (PA), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC) e Maceió (AL).
Com inúmeros municípios em estado de emergência em decorrência das secas e da alta incidência de doenças causadas pela carência de saneamento básico, o Nordeste é a segunda região com o pior índice de abrangência do saneamento básico no Brasil (16,61%), atrás apenas da região Norte (8,67%). A utilização de caminhões pipa é corriqueira em muitas cidades, visando contornar a falta de abastecimento de água.
“Água é sinônimo de vida e a precarização dos serviços de distribuição acende um alerta para o consumo inadequado. Não ter água potável não se restringe a bebida e sim as consequências posteriores de sua ingestão”, complementa Silva.
De acordo com informações disponibilizadas pelo DATASUS, ano base 2020, no país ocorreram quase 200 mil internações por doenças ligadas à veiculação hídrica. Ao todo, o país gastou em torno de R$ 70 milhões de reais com internações por doenças associadas à falta de saneamento básico.
Dentre os números de internações, crianças e adolescentes, entre 5 e 19 anos, foram os mais afetados – aproximadamente, 35 mil foram hospitalizados no ano estudado. Os principais diagnósticos são: amebíase, giardíase, gastroenterite, febre tifóide e paratifóide, hepatite infecciosa (Hepatite A e E) e cólera.
Segundo dados do instituto Trata Brasil, a região Nordeste ainda enfrenta desafios nos indicadores de perdas. A região perde 46,15% do recurso produzido nos sistemas de distribuição, o que significa que quase metade da água tratada é desperdiçada antes de chegar às casas dos consumidores.
Com o foco em responsabilidade social, a PWTech entende seu papel perante a sociedade e desenvolve projetos baseados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU). “Unimos forças e conseguimos mudar a realidade de várias pessoas que antes sempre precisavam ir às unidades de saúde por conta de doenças causadas por água inapropriada”, conclui Fernando Silva, sócio-fundador da PWTech.