Número de unidades do Bom Prato Móvel cresce 66% no estado de São Paulo
Só no primeiro semestre deste ano, os veículos serviram cerca de 1,9 milhão de refeições
- Data: 05/09/2024 10:09
- Alterado: 05/09/2024 10:09
- Autor: Redação
- Fonte: Agência SP
Crédito:Marcelo S. Camargo / Governo do Estado de SP
Cerca de 80 pessoas aguardavam em fila, às 10h40, na rua Tonga, em Mogi das Cruzes, no último dia 28 de agosto, pela chegada do caminhão do Bom Prato Móvel, veículo que leva diariamente em áreas periféricas refeições balanceadas e de qualidade para serem entregues mediante o pagamento de R$ 1. Ao todo, existem 45 caminhões do tipo no estado de São Paulo, 18 deles inaugurados durante a atual gestão, um crescimento de 66%. Só no primeiro semestre deste ano, os veículos serviram cerca de 1,9 milhão de refeições.
A cerca de sete quilômetros do ponto de distribuição da rua Tonga, o preparo do almoço começa às 5h na unidade fixa do Bom Prato no centro de Mogi das Cruzes, região metropolitana de São Paulo. Lá, 20 funcionários, orientados pela nutricionista Viviana Maciel, cozinham 1.400 almoços por dia, 1.100 para servir no local e 300 para abastecer o Bom Prato Móvel. Cerca de 44 das 75 unidades fixas também produzem marmitas para o serviço do Bom Prato Móvel. “A mesma comida servida na unidade é a oferecida no Bom Prato Móvel. Tiramos apenas a salada, para não murchar”, explica Viviana Maciel.
Às 9h30, a equipe inicia o processo de envaze das refeições do Bom Prato Móvel. Enchem as marmitas, pesam uma a uma para conferir a quantidade, selam e colocam cada leva de 24 delas em uma caixa térmica azul para assegurar que cheguem quentes ao público. Com todas as caixas lotadas, carregam a traseira do caminhão do Bom Prato Móvel. Dali, o veículo percorre um trajeto de aproximadamente 20 minutos até a rua Tonga.
Uma das 10 primeiras pessoas na fila, Clenildes Francisca Ribeiro Rocha, de 70 anos, avista a chegada do Bom Prato Móvel e a montagem de um toldo utilizado para cobrir a área de distribuição às 10h52. Na espera para ser atendida, ela elogia o cardápio, especialmente às quartas-feiras, quando é servida a feijoada.
“É muito boa. Eu venho todo dia, mas às quartas e sextas é mais lotado aqui”, diz. Entre idas e vindas na fila, já que só é possível retirar uma marmita por vez, ela garantiria oito quentinhas estocadas dentro de uma sacola carregada a tiracolo. “Eu tenho de pegar o almoço e o jantar meu, do meu marido e de um casal de idosos que mora perto de mim, se tivesse de comprar os alimentos e o gás para cozinhar, o dinheiro lá de casa não daria”, relata.
A situação é parecida com a da dona de casa Elaine Cristina de Jesus, de 58 anos. Acompanhada do cunhado, da filha e de duas netas de 6 e de 9 anos, ela frisa a importância do Bom Prato Móvel para o dia a dia da família. Caso não tivessem acesso ao programa, eles enfrentariam dificuldades para se alimentar: “A gente vai ao Bom Prato Móvel de segunda a sexta. É aqui que a gente garante o almoço e o jantar de todo mundo, dos adultos e das crianças”, afirma. “Tem vezes que falta até o dinheiro para pagar o Bom Prato. Aí, a minha filha Jéssica (de 29 anos) vai para a rua, junta latinha e vende até arrumar o valor”.
O aposentado Oscar Silva, de 78 anos, também comparece diariamente à rua Tonga atrás do Bom Prato Móvel. Com uma renda familiar de um salário mínimo, ele não consegue pagar as despesas mensais e comprar mantimentos. “Minha aposentadoria acaba em dois dias, é graças a essas quentinhas (do Bom Prato Móvel) que eu e a minha mulher comemos de segunda a sexta. Eu pego para o almoço e para o jantar também”, conta. Ele destaca ainda a localização da unidade do Bom Prato Móvel e diz que não conseguiria buscar os alimentos caso precisasse ir a uma das duas unidades fixas de Mogi das Cruzes. “Os restaurantes (do Bom Prato) são muito longe para a gente ir comer lá. Já esse caminhãozinho vem aqui perto de casa.”
Atender a bolsões de pobreza distantes dos centros urbanos é um dos principais desafios na hora de definir o itinerário das unidades do Bom Prato Móvel. Para isso, técnicos ligados à Secretaria de Desenvolvimento Social cruzam dados em busca das zonas de mais vulnerabilidade e realizam visitas in loco para prospectar futuros pontos de entrega de refeições. “A gente criou o Bom Prato Móvel para que pessoas que estivessem em regiões distantes das unidades fixas também pudessem usufruir do programa”, explica Rita de Cassia Quadros Dalmaso Magno, responsável pela Coordenadoria de Segurança Alimentar e Nutricional (Cosan), da Secretaria de Desenvolvimento Social.
O Bom Prato Móvel fica em cada endereço por aproximadamente quatro meses e, depois desse período, o caminhão vai para outra área de vulnerabilidade escolhida pela equipe técnica. Desse modo, o programa busca servir o maior número possível de pessoas. “O Bom Prato Móvel tem uma estrutura volante, ele roda os endereços justamente para atender ao máximo de pessoas que precisam, em diferentes regiões vulneráveis”, diz Rita Dalmaso. No caso da rua Tonga, em Mogi das Cruzes, começou a funcionar por lá em 10 de julho e mudará de local em 8 de novembro.
Por dois endereços, o vendedor ambulante Roberto de Deus acompanha o Bom Prato Móvel. Em cima da bicicleta usada também como mostruário dos produtos que comercializa, ele pedala na hora do almoço cerca de 15 minutos até a rua Tonga. “Venho buscar a comida, é muito gostosa e custa muito menos que as marmitas vendidas por aí. Aqui eu pago um real, uma marmita é quase 20”, compara. Com a diferença, ele consegue comprar leite, pão e outros itens básicos para as duas filhas, por isso, mesmo sem saber o futuro endereço, Roberto de Deus promete acompanhar o caminhão do Bom Prato Móvel.