Número de famílias inadimplentes volta a cair em São Paulo, aponta FecomercioSP
Inadimplência de maio, que ficou abaixo do mês anterior, já deve estimular o consumo das famílias paulistanas
- Data: 10/06/2024 11:06
- Alterado: 10/06/2024 11:06
- Autor: Redação
- Fonte: FecomercioSP
Crédito:Marcello Casal Jr / Agência Brasil
Após um período de estagnação, a inadimplência voltou a cair em São Paulo. Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), apontam uma queda no porcentual de famílias com contas em atraso — de 22,6% em abril para 21,9% em maio. A redução foi ainda maior em comparação a maio de 2023, que registrou um índice de 23%. Outro dado positivo revelado pela pesquisa foi quanto à quantidade de famílias que afirmam não ter condições de quitar as dívidas em atraso, que diminuiu de 9,8%, em abril, para 9,4%, em maio.
Na análise da FecomercioSP, esse contexto favorável pode ser explicado pela queda na inflação em relação ao primeiro trimestre de 2024, quando principalmente os alimentos sofreram aumento, provocado pelo fenômeno El Niño. No entanto, em maio, a demanda menos aquecida e a estabilização climática promoveram avanços mais modestos nos preços, contribuindo para um ajuste melhor no orçamento e maior potencial de pagamentos de dívidas em atraso.
A pesquisa mostrou ainda que houve redução do tempo médio de comprometimento da renda com dívida em atraso: de 65,5 dias, em maio de 2023, para 65,2 dias, no mesmo período deste ano. Vale ressaltar que a maior parte das dívidas não passa de 90 dias, o que torna mais fácil o seu pagamento e menor cobrança de juros.
As famílias com renda mais baixa (até dez salários mínimos) foram as principais responsáveis por esse cenário favorável. Isso aconteceu porque o porcentual de inadimplência caiu de 26,1% para 25,3%, entre abril e maio, e é ainda mais significativo se comparado ao ano anterior, quando estava em 27,7%. As famílias com renda mais alta (acima de dez salários mínimos) também registraram uma queda, mas em menor relevância (-0,8%). Além disso, ainda está com um nível de inadimplência superior ao registrado no ano passado.
INADIMPLÊNCIA CAI, MAS ENDIVIDAMENTO AUMENTA
Se, por um lado, a queda na inflação abre mais espaço nas finanças domésticas, por outro, é natural que isso estimule o consumo e, consequentemente, aumente os compromissos com crédito. O levantamento aponta que o endividamento das famílias atingiu 71,7% em maio, maior patamar desde junho do ano passado. Hoje, um terço (31,2%) de tudo o que as famílias recebem é destinado às dívidas — que, em média, se prolongam por oito meses, o que ainda é considerado saudável. O principal fator que compõe esse endividamento é o cartão de crédito, que alcançou 88,1%, maior nível desde maio de 2022.
Por outro lado, o crédito pessoal sofreu uma queda significativa, passando de 15,9%, em abril, para 14,1%, em maio. Isso reforça o bom momento da economia, já que a modalidade é utilizada para necessidades de curto prazo — ou seja, esse cenário indica um alívio financeiro no orçamento. Assim, diante de um orçamento mais folgado, as famílias já estão fazendo novos planos de consumo. A pesquisa aponta que 18% pretendem contrair algum crédito nos próximos três meses. A maior parte (87%) deseja comprar algum item; já o restante (8,6%) pretender quitar dívidas.
Na análise da FecomercioSP, os números da PEIC mostram uma tendência positiva para o endividamento e a inadimplência. Com mais emprego e a inflação reduzindo sua pressão, principalmente sobre os alimentos, haverá mais espaços e oportunidades para o pagamento de compromissos em atraso, fator que deve contribuir para o mercado de crédito e a redução de juros, além de impulsionar o consumo dos lares paulistanos.