Naufrágio na Grécia: até 100 crianças poderiam estar a bordo de barco que virou
A agência de migração da ONU, conhecida como IOM, estimou que a embarcação transportava de 700 a 750 pessoas, incluindo pelo menos 40 crianças
- Data: 15/06/2023 15:06
- Alterado: 15/06/2023 15:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Reprodução
O naufrágio de um barco com migrantes na Grécia, que deixou pelo menos 78 pessoas mortas, segue com centenas de desaparecidos. Até agora, 104 pessoas que estavam a bordo do barco que viajava da Líbia para a Itália foram resgatadas mas, nesta quinta-feira, 15, navios de resgate se espalharam em busca de outros passageiros. Segundo a BBC, até 100 crianças podem estar entre o número total de migrantes que estavam no barco.
A agência de migração da ONU, conhecida como IOM, estimou que a embarcação transportava de 700 a 750 pessoas, incluindo pelo menos 40 crianças, com base em entrevistas com sobreviventes. Entretanto, o médico sênior do Kalamata General Hospital, que tratou os sobreviventes, disse à BBC que cerca de 100 crianças estavam no navio. “Eles (os sobreviventes) nos disseram que havia crianças no fundo do navio. Crianças e mulheres”, relatou o médico ao jornal britânico.
As autoridades temem que muitas pessoas possam ter ficado presas abaixo do convés. Se confirmado, isso tornaria a tragédia uma das piores já registradas no Mediterrâneo.
O sírio Mohamed Abdi Marwan disse que cinco de seus parentes estavam no barco, incluindo um de 14 anos. Marwan disse que não ouviu nada sobre seus parentes desde que o navio afundou. “Aqueles contrabandistas deveriam ter apenas 500 no barco e agora ouvimos dizer que eram 750. O que é isso? São gado ou humanos? Como eles podem fazer isso?” disse Marwan. Segundo ela, cada um de seus parentes pagou US$ 6.000 pela viagem (cerca de R$ 28,9 mil).
Um promotor da Suprema Corte ordenou uma investigação sobre as circunstâncias das mortes. As autoridades gregas disseram que o navio parecia estar navegando normalmente até pouco antes de afundar e recusou repetidas ofertas de resgate, enquanto uma rede de ativistas disse ter recebido repetidos pedidos de socorro vindos do navio durante o mesmo tempo.
A Guarda Costeira grega disse que foi notificada da presença do barco no final da manhã de terça-feira (13) e observou por helicóptero que estava “navegando em um curso estável” às 18h. Logo depois, o Grupo de Busca e Resgate Grego entrou em contato com alguém no barco por telefone via satélite, que repetidamente disse que os passageiros precisavam de comida e água, mas que queriam continuar navegando para a Itália.
Mercadores e navios entregaram suprimentos e observaram o navio até o início da manhã de quarta-feira, 14, quando o usuário do telefone via satélite relatou um problema com o motor. Cerca de 40 minutos depois o problema no motor foi relatado, de acordo com o comunicado da Guarda Costeira, a embarcação migrante de repente começou a balançar violentamente e depois afundou.
Alarme Phone, uma rede de ativistas que fornece uma linha direta para migrantes que precisam de ajuda, disse que o problema começou muito cedo naquele dia. A rede disse que foi contatada por pessoas no navio pedindo ajuda pouco depois das 15h, que disseram que poderiam não sobreviver à noite. Eles haviam abandonado o navio em um pequeno barco, de acordo com o grupo.
Especialistas disseram que a lei marítima exigiria que as autoridades gregas tentassem um resgate se o barco não fosse seguro, quer os passageiros o solicitassem ou não. Busca e resgate “não é um contrato de mão dupla, você não precisa de consentimento”, disse o almirante aposentado da Guarda Costeira italiana Vittorio Alessandro à Associated Press.
Uma fotografia aérea do navio antes de afundar, divulgada pelas autoridades gregas, mostrou pessoas amontoadas no convés. A maioria não usava coletes salva-vidas. O ministro interino da proteção civil da Grécia, Evangelos Tournas, defendeu a conduta da Guarda Costeira e insistiu que os migrantes recusaram repetidamente a assistência, insistindo em continuar para a Itália. “A Guarda Costeira não pode intervir numa embarcação que não aceite a intervenção em águas internacionais”, disse