Mulheres na vanguarda: o crescimento da presença feminina nas polícias de SP
O contingente das forças de segurança do Estado tem aumentado ano a ano
- Data: 08/03/2024 09:03
- Alterado: 08/03/2024 09:03
- Autor: Redação
- Fonte: SSP
Gate
Crédito:SSP
As mulheres desempenham um papel fundamental nas polícias do Estado de São Paulo. Elas contribuem significativamente para a manutenção da ordem pública e na resolução de crimes na rotina das corporações.
A Polícia Militar paulista foi uma das pioneiras ao estabelecer uma força policial integrada por mulheres já em 1956. Desde então, a presença feminina na instituição tem crescido constantemente. Há dez anos, as mulheres representavam 7% da força policial, hoje, elas já são 15% do efetivo total. O índice está acima da média nacional (12,8%).
Na Polícia Civil, contando com as profissionais que atuam também na Polícia Científica, são 6 mil mulheres, cerca de 24% dos policiais da corporação.
A 1ª mulher a realizar uma negociação no Gate
A sargento Vanessa Braga Vieira Mayer está há 20 anos na Polícia Militar. Ela foi a primeira mulher a assumir um posto estratégico no Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), em 2016, ao comandar uma negociação para libertar uma vítima que era mantida refém por um suspeito na região central de São Paulo. O trabalho abriu portas para outras mulheres.
Depois dela, o Gate teve outras negociadoras, como a 1ª tenente Bruna Cupka Carvalho, que está há um ano e meio no cargo. Atualmente, ela comanda a equipe de negociadores, formada por nove homens e seis mulheres. “A polícia é a instituição mais democrática que tem. Homens e mulheres prestam o mesmo concurso e podem desempenhar a mesma função. Aqui tem lugar para todos”, disse a tenente.
Como atuam?
Os negociadores atuam em ocorrências críticas que envolvem reféns, ameaças de suicídio e foragidos da Justiça, por exemplo. A partir do acionamento, é uma corrida contra o tempo para que a equipe chegue ao local da ocorrência o mais rápido possível.
“Vamos em comboio nas viaturas já sabendo o que cada um vai fazer. Nosso foco é pegar as informações com os policiais que já estão no local. Só depois de saber o nome do suspeito e o que levou ele a fazer isso que assumimos a ocorrência”, explicou a sargento Vanessa. A negociação mais longa que já participou durou 12 horas.
Homens e mulheres recebem o mesmo treinamento durante o curso de negociação da PM. “A ocorrência começa no treinamento diário, nas atividades físicas, no momento em que a equipe se reúne para debater sobre alguma técnica. Tudo isso faz parte da negociação e ter essa aproximação também auxilia no processo”, destacou a tenente Bruna.
Para ocupar o posto estratégico do Gate, o negociador precisa desenvolver algumas habilidades, como resiliência, proatividade e controle emocional. “Às vezes os negociadores têm características parecidas com os causadores, como o mesmo gênero, faixa etária e situação de vida, como ser pai ou mãe. Isso ajuda na aproximação”, observou a sargento. Ao todo, são 33 técnicas desenvolvidas pela equipe.
Além de policiais, Vanessa e Bruna também são mães. “A negociação começa em casa quando tentamos convencer o filho a tomar banho”, brincou a sargento. Apesar da complexidade da rotina policial, as negociadoras do Gate garantem ser possível conciliar a profissão com a vida pessoal. “No final do dia é a sensação de duplo dever cumprido”, afirmou Vanessa.
Uma vida de dedicação à sociedade
Com quase 40 anos de Polícia Civil, a investigadora de classe especial Sueli Nanae Nagae ainda ajuda a solucionar crimes na região de Presidente Prudente, no interior paulista.
Formada em administração de empresas e ciências contábeis, a investigadora chefe começou a admirar a carreira policial quando passou em um concurso para escriturária, em 1986.
Desde então, segue atuando na carreira e, por enquanto, não pensa em parar. “A vontade de servir, ajudar e esclarecer os crimes me motivam a continuar”, disse Sueli.
A policial trabalha com outras 15 mulheres. “Elas têm uma maior percepção dos fatos e mais sensibilidade, são características que complementam a atividade e ajudam na rotina”, reforçou. “A mulher é apta para administrar, gerir e cuidar. Proporcionam mais suavidade no ambiente de trabalho, sem perder a firmeza e a seriedade que a profissão exige”, completou a investigadora.
A profissional admitiu que já alcançou tudo o que buscava na carreira policial, mas espera continuar contribuindo com a sociedade. “Quem sabe eu não ajude a inspirar os mais novos a seguirem na missão dentro da Polícia Civil”, finalizou.