Mortes de pedestres e ciclistas até julho disparam no estado de São Paulo
De janeiro a julho, houve um aumento de 32,5% no número de mortes de ciclistas e 21,9% de pedestres em todo o estado, em relação ao mesmo período de 2023.
- Data: 21/08/2024 22:08
- Alterado: 21/08/2024 22:08
- Autor: Redação
- Fonte: FolhaPress/Claudinei Queiroz
Crédito:Divulgação
O número de mortes no trânsito de São Paulo disparou em relação ao ano passado, e grande parte das vítimas é formada por pedestres e ciclistas.
De janeiro a julho, houve um aumento de 32,5% no número de mortes de ciclistas e 21,9% de pedestres em todo o estado, em relação ao mesmo período de 2023. Considerando apenas a capital, os valores são ainda maiores: 75% e 29,8%, respectivamente.
Os dados são do Infosiga, sistema de monitoramento da letalidade no trânsito do governo estadual, divulgado nesta quarta-feira (21).
Em números totais, as mortes de pedestres subiram de 680 em 2023 para 829 este ano. E destas, 817 foram em atropelamentos. Na capital, os óbitos foram de 174 a 226.
Já entre os ciclistas, as mortes foram de 194 para 257 no estado e de 16 para 28 na capital, sempre no acumulado de janeiro a julho.
Para conscientizar a população quanto aos riscos no dia a dia, o Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo) realizará nesta quinta-feira (22) uma série de ações educativas em mais de 70 cidades em todo o estado mostrando a importância de os pedestres respeitarem a faixa ao atravessar uma rua, e também de os motoristas respeitarem as leis, que dão preferência para quem está a pé.
“Infelizmente, o pedestre é o elo mais fraco dentro do ecossistema do trânsito. Quando a gente olha o estado, o pedestre é o terceiro grupo mais atingido por sinistros de trânsito. Na região urbana, ele é o segundo mais atingido, ficando atrás somente das motocicletas. Então, o que se espera é que haja uma conscientização para que a pessoa perceba o risco em que ela está envolvida como pedestre, mas que também o condutor perceba o risco de atropelar uma pessoa”, diz o assessor de Segurança Viária do Detran-SP, Anderson Poddis.
Poddis esclarece que o objetivo principal da campanha é tentar mudar a cultura no país em relação ao trânsito. “Quando eles perceberem os riscos, a gente espera que haja uma mudança de cultura. Mas vale lembrar que a campanha não atua sozinha. Além disso, temos ações de fiscalização, ações de integração, ações que serão fortalecidas pelo Sistran, o Sistema de Trânsito do Estado de São Paulo. Então, é uma série de ações que, em conjunto, busca trazer muito mais segurança para o pedestre.”
Na capital paulista, foram escolhidos três pontos mais críticos para os pedestres, que somaram 39 atropelamentos e seis mortes desde junho de 2021:
Avenida Cruzeiro do Sul 3173 (zona norte): das 7h às 11h; Avenida Paulista x avenida Brigadeiro Luís Antônio: das 11h às 15h; Praça Silva Teles x avenida Marechal Tito (zona leste): das 13h às 17h
Além desses locais, a campanha também estará na estação Tatuapé do metrô, na estação Brás da CPTM e no Terminal Metropolitano Luiz Bortolosso (EMTU), em Osasco, das 10h às 15h. Além da distribuição de materiais da campanha, também haverá um jogo em formato de quiz, no qual o participante é desafiado a acertar a resposta que representa a boa conduta nas ruas.
Evento semelhante foi realizado no dia 8 de agosto, quando foi comemorado o Dia Internacional do Pedestre. Na ocasião, de acordo com o Detran-SP, mais de 35 mil pessoas foram atingidas por cerca de noventa ações em todo o estado.
ÓBITOS AUMENTARAM EM TODOS OS TRANSPORTES
Não foram apenas pedestres e ciclistas que tiveram aumento do número de mortes no trânsito do estado do ano passado para cá. Líderes das estatísticas, os motociclistas mantiveram a ponta e ainda tiveram um crescimento de 26%, passando de 1.180 óbitos em 2023 para 1.487 em 2024.
Entre os automóveis, a variação foi de 15,7% (de 667 para 772). Entre os caminhões, de 29,2% (de 99 para 119). O maior crescimento, no entanto, foi entre os ônibus, com 166,7% de aumento, saltando de 12 para 32 óbitos de janeiro a julho.
De acordo com o Infosiga, 52,4% dos óbitos no estado, contando todos os tipos, ocorreram em vias municipais, enquanto 41,4% foram em rodovias. Outros 6,1% não estavam disponíveis no sistema.
O Detran destaca que, apesar de o pedestre precisar de atenção na hora de atravessar a via, os motoristas têm obrigação de observar e dar preferência em caso de necessidade, para evitar uma tragédia. Em caso de desrespeito, o motorista pode ser multado como infração grave ou gravíssima.
“A infração grave, com multa de R$ 195,23 e 5 pontos na carteira nacional de habilitação (CNH), acontece quando o motorista avança enquanto o pedestre atravessa a via transversal ou fora da faixa a ele destinada. A infração gravíssima, com multa de R$ 293,47 e 7 pontos na CNH, se dá quando o motorista desrespeita o pedestre que integra um grupo prioritário (crianças, idosos, portadores de deficiência física e gestantes), estando esse pedestre sobre a faixa ou em meio à travessia, mesmo que o semáforo abra. Já ameaçar um pedestre –anote aí o artigo 170– também é infração gravíssima e leva à suspensão da CNH”, informa o Detran.