Morre Marina Colasanti, mestre da literatura infantil, aos 87 anos
Escritora reconhecida por obras infantojuvenis e reflexões profundas faleceu aos 87 anos no Rio de Janeiro.
- Data: 28/01/2025 11:01
- Alterado: 28/01/2025 11:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Piu Dip
A literatura brasileira perdeu uma de suas vozes mais expressivas com o falecimento de Marina Colasanti, que ocorreu nesta terça-feira (28), em sua residência no Rio de Janeiro. A autora, reconhecida por sua contribuição a poemas, contos, crônicas e obras infantojuvenis, tinha 87 anos e deixa um legado literário que explora os aspectos mais profundos da alma humana.
Nascida em 1937 em Asmara, capital da Eritreia, Marina era filha de imigrantes italianos. Sua infância foi marcada por constantes mudanças devido à instabilidade política da Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Após se estabelecer no Brasil em 1948, a escritora encontrou refúgio e inspiração na cultura brasileira e nas artes, inicialmente se dedicando à pintura e à gravura.
Com o tempo, sua trajetória profissional se direcionou para o jornalismo, onde atuou como redatora e editora em diversas publicações, incluindo o Jornal do Brasil. Foi nesse ambiente que iniciou sua carreira literária com “Eu Sozinha”, lançado em 1968, obra que se destaca por sua perspectiva feminista e reflexões sobre a solidão feminina durante um período de repressão no país.
Colasanti foi uma das precursoras da literatura infantojuvenil brasileira moderna. Seu trabalho foi fundamental para desviar-se das narrativas simplistas e comerciais predominantes na época, inspirando-se nas versões originais dos clássicos. Em 1979, lançou “Uma Ideia Toda Azul”, que rapidamente se tornou um marco na literatura para crianças ao apresentar histórias repletas de magia sem as moralizações comuns nos livros infantis.
Ao longo de sua carreira, Marina recebeu diversos prêmios por suas contribuições à literatura. Entre eles estão mais de 20 troféus da FNLIJ e vários Jabutis, destacando-se o de melhor lançamento de ficção em 2014. Em 2023, foi agraciada com o prêmio Machado de Assis pela Academia Brasileira de Letras pelo conjunto de sua obra.
Reconhecida internacionalmente, sua escrita não apenas encantou crianças e jovens leitores, mas também estabeleceu um diálogo profundo sobre a condição humana. Nomes influentes da literatura mundial, como Silvia Castrillón, reconheceram que suas narrativas vão além das aparências dos contos de fadas tradicionais.
Marina Colasanti deixa um vazio irreparável na literatura e na vida de seus leitores. Ela é lembrada não apenas como uma autora prolífica mas como uma verdadeira mestra das palavras que soube capturar a essência do ser humano em toda a sua complexidade. Sua perda será sentida profundamente por todos aqueles que encontraram consolo e inspiração em suas histórias.