Moro diz que não remoção de Deltan protege procuradores de influências políticas
Moro saiu em defesa do procurador Deltan às vésperas de julgamento no Conselho Nacional do Ministério Público que pode resultar em punição ao chefe da força-tarefa da Lava Jato no Paraná
- Data: 17/08/2020 16:08
- Alterado: 17/08/2020 16:08
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Moro defende atuação de Deltan
Crédito:Reprodução
Ao Estadão, ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, afirmou que a Constituição prevê ‘prerrogativas importantes’ aos membros do Ministério Público, entre elas a de não poder ser removido. “Isso é uma garantia legal para que os procuradores possam atuar com segurança, independência e protegidos de influências políticas”, afirmou.
Ex-juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, onde tramitam as investigações e ações penais da Lava Jato no Paraná, Moro defendeu que o trabalho da força-tarefa, sob coordenação de Deltan, ‘é um marco para o combate à corrupção e tem o apoio da sociedade brasileira’. Logo em seguida o ex-ministro postou a nota em seu perfil no Twitter
Três procedimentos envolvendo o chefe da Lava Jato em Curitiba estão pautados para a sessão do chamado ‘Conselhão’ nesta terça, 18, entre eles um pedido de remoção por interesse público.
O procurador chegou a recorrer ao Supremo Tribunal Federal para travar dois deles – ações disciplinares movidas por Renan Calheiros (MDB-AL) e Kátia Abreu (PP-TO) que envolvem publicação nas redes sociais e supostas atitudes de promoção pessoal. O terceiro tem relação com o powerpoint contra Lula.
Na última semana, a força-tarefa da operação em Curitiba divulgou nota em defesa de Deltan, afirmando que a atuação do procurador é ‘correta, dedicada e corajosa’ e comprometida com a causa anticorrupção.
O grupo argumenta que as representações em julgamento não foram provadas ou incluem episódios arquivados pela Corregedoria e foram trazidas à tona em um ‘movimento de reação aos avanços contra a corrupção visando a impedir ou macular investigações’.
Neste sábado, 15, integrantes do Ministério Público em todo País iniciaram um abaixo-assinado defendendo a ‘importância das garantias constitucionais da inamovibilidade e da independência funcional para o regular cumprimento das suas relevantes funções em defesa da sociedade’.
Até a tarde deste domingo, 16, o documento contava com mais de 2.250 assinaturas, entre procuradores da República e dos outros ramos do Ministério Público da União, além de promotores e procuradores de Justiça que integram os quadros do MP nos Estados.
“A pretensão de utilizar a remoção compulsória de membros do Ministério Público com fundamento no interesse público só se justifica em casos absolutamente excepcionais, em que reste devidamente comprovada a completa falta de compromisso e responsabilidade do agente com o cargo exercido”, diz o documento.