Montadoras retomam pressão por barreira aos carros chineses no Brasil
Associação pode intensificar pressão sobre marcas como BYD e GWM, enquanto setor debate livre concorrência.
- Data: 27/01/2025 18:01
- Alterado: 27/01/2025 18:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
A associação que representa as montadoras de veículos no Brasil, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), está considerando formalizar um pedido ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) para investigar possíveis práticas de dumping por parte de fabricantes chineses. Essas práticas consistem na venda de veículos a preços inferiores aos padrões do mercado, o que configura concorrência desleal.
Essa iniciativa pode intensificar a pressão sobre as montadoras chinesas, especialmente a BYD e a GWM, que já possuem fábricas no Brasil e estão prestes a iniciar a produção local de veículos elétricos ainda neste ano.
O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, declarou que existem pesquisas sendo realizadas e reiterou o compromisso da entidade com “a livre concorrência e a prevenção de práticas prejudiciais ao mercado automotivo brasileiro”.
A Anfavea representa algumas das maiores montadoras tradicionais, como Volkswagen, Toyota, Volvo, Stellantis (controladora da Fiat), Ford e GM, muitas das quais estão investindo na criação de modelos elétricos e híbridos.
Os modelos elétricos e híbridos são o foco principal das operações da BYD e GWM. Ricardo Bastos, presidente da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), alertou que qualquer ação contra veículos eletrificados pode ser limitada pela iminente produção local das montadoras chinesas.
A GWM começará suas atividades na fábrica localizada em Iracemápolis, São Paulo, em maio deste ano. A BYD também planeja iniciar sua produção em Camaçari, na Bahia, durante o segundo semestre.
“Caso a Anfavea proponha medidas contra veículos eletrificados, a ABVE se manifestará“, afirmou Bastos. “As medidas antidumping são direcionadas a empresas ou países específicos. A China é um importante parceiro comercial para o Brasil.“
A entrada de veículos elétricos chineses no Brasil já provocou alterações nos preços dos modelos similares oferecidos por outras montadoras. A movimentação política da Anfavea em busca de barreiras comerciais não é recente; em junho do ano passado, a associação solicitou ao governo um aumento imediato da alíquota de importação para veículos híbridos e elétricos para 35%.
No final de 2023, foi acordado um escalonamento desse imposto, que deverá atingir 35% até 2026. Este ajuste gradual foi parte do programa Mover (Mobilidade Verde e Sustentabilidade) implementado pelo governo federal.
A BYD negou veementemente qualquer acusação de dumping em relação à venda de seus veículos no Brasil. A empresa enfatizou que se considera “agora uma empresa brasileira”, mencionando a construção da nova fábrica na Bahia.
A companhia argumentou ainda que por décadas o setor automotivo foi negligenciado pelas montadoras tradicionais, que buscam esconder sua falta de competitividade através de diversas estratégias.
Por sua vez, a GWM manifestou confiança em suas operações no Brasil, afirmando que cumpre rigorosamente as regras internacionais e as leis brasileiras referentes ao comércio exterior. A empresa também indicou um aumento no ritmo de contratações locais para atender à demanda gerada pelo início da produção em território nacional.