MITsp 2025 traz programação internacional e homenagens a Antonio Nóbrega
A Mostra Internacional de Teatro de São Paulo 2025 destaca espetáculos inovadores e apresenta desafios financeiros em sua comemoração de 10 anos de evento
- Data: 12/02/2025 13:02
- Alterado: 12/02/2025 13:02
- Autor: Redação
- Fonte: MITsp
A MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo realiza sua décima edição em 2025 entre os dias 13 e 23 de março, ocupando diversos espaços e teatros da cidade de São Paulo. A programação conta com uma abertura de processo e quatro espetáculos internacionais, uma estreia nacional, cinco obras na MITbr – Plataforma Brasil, dois grupos convidados e uma diversa grade de oficinas, debates e conversas ao longo desses onze dias. O evento também homenageia o artista brasileiro Antonio Nóbrega. O espetáculo VAGABUNDUS, de Idio Chichava – com inspiração no ritual de dança do povo Makonde, que vive em Moçambique e países vizinhos – faz a abertura dia 13 de março, no Teatro do Sesi – SP (Av. Paulista, 1313, Jardins, São Paulo, SP).
A MITsp em 2025 e seu impacto no cenário cultural brasileiro
Em 2025, a MITsp tem apresentação do Ministério da Cultura e Redecard, patrocínio do Sesi SP, copatrocínio do IBT – Instituto Brasileiro de Teatro e apoio cultural La Serenissima. A mostra tem correalização do Consulado Geral da França em São Paulo, Instituto Francês e Instituto Goethe. A realização do evento é da Olhares Instituto Cultural, ECUM Central de Produção, Itaú Cultural, Sesc SP, Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, Funarte e Ministério da Cultura – Governo Federal.
Ao celebrar a décima edição, os idealizadores da Mostra, Antonio Araujo (diretor artístico) e Guilherme Marques (diretor geral de produção) mantêm o propósito de trazer ao público obras com temas e linguagens inovadores e provocativos. A direção institucional fica a cargo do ator e gestor cultural Rafael Steinhauser.
A MITsp surgiu ocupando espaço deixado pelo fim do histórico festival de teatro criado e coordenado por Ruth Escobar. “Esse festival, durante anos, foi importante não apenas para a cena paulistana, mas porque se tornou referência para artistas, teóricos, pesquisadores e curadores de todo o país. Desde a primeira edição, nos inspiramos nessa potência de troca e discussões, trouxemos diretores/as, artistas, pesquisadores/as e pensadores/as de inúmeros países, a grande parte inéditos no Brasil, para apresentar ao público brasileiro”, afirma Araujo.
Uma edição desafiadora, mas com apoio constante
Desde a primeira edição, em 2014, a MITsp já apresentou 179 espetáculos entre nacionais e internacionais, de 46 países, em 449 sessões, a um público aproximado de mais de 200 mil pessoas. As Ações Pedagógicas e os Olhares Críticos reuniram ao longo dos anos mais de 279 convidados, em 425 ações, entre oficinas, seminários, debates, entre outras, ocupando 51 espaços.
No entanto, esta edição reflete um momento delicado: até agora, a programação de 2025 não conseguiu chegar a patamares anteriores e surge reduzida em cerca de 50% na grade internacional e 50% na MITbr, plataforma que agrega produções nacionais.
Para Araujo e Marques, a viabilidade desta edição só foi possível pela permanência de parceiros e apoiadores contínuos desde a primeira edição, como o Itaú, Sesc SP e Secretaria Municipal de Cultura. “Só conseguimos trazer cerca de 180 obras, de meia centena de países, e quase 350 programadores de diversas nacionalidades porque acreditamos que São Paulo merece um lugar de destaque no mapa das artes cênicas. E desde o princípio tivemos ao nosso lado importantes patrocínios”, colocam.
“É um momento de crise do setor e se reflete também nesta edição da MITsp. É uma crise nacional e falta uma política de continuidade nos financiamentos do setor cultural, que impossibilita o planejamento a longo prazo e nos mantém em constante estado de emergência na produção cultural“, reflete Guilherme Marques, responsável por captar parceiros para que a mostra se realize anualmente. Um dado interessante e recente apontado pelo Itaú Cultural mostra que a economia da cultura e das indústrias criativas (ECIC) representou 3,11% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020. ”Esse valor é superior ao PIB da indústria automotiva, que foi de 2,5%. Mas o setor cultural tem sido desconsiderado por políticas culturais”, conclui Guilherme.
Parceria entre a MITsp e o SESI-SP
A área técnica de cultura do SESI-SP vem ao longo de seis décadas incentivando projetos artísticos grandiosos, acessíveis e gratuitos. Nesse sentido, a parceria com MITsp é um ótimo exemplo dessa postura, pois, ao mesmo tempo em que fomenta os mais diversos públicos, evidenciando a formação como parte constitutiva do seu DNA, incentiva e estimula produções contemporâneas, grupos e pensadores conectados às temáticas emergentes que permeiam a esfera internacional explicando assim a missão fundamental do SESI: dinamizar as relações culturais da sociedade, produzindo e difundindo o que há de melhor na cena contemporânea.
Patronos e a busca por sustentabilidade cultural
“Desde a primeira edição, em 2014, trabalhamos para que a MITsp seja independente. A falta de uma política de continuidade nos financiamentos do setor cultural impossibilita o planejamento a longo prazo e nos mantém em constante estado de emergência na produção cultural”, dizem os diretores.
A Mostra, além da busca de novas parcerias institucionais, criou um programa de Patronos para pessoas físicas, que podem abater de seu Imposto de Renda parte da doação. “O formato de patronos, comum em outros países, é uma forma de conseguirmos outros modos de nos mantermos e, quem sabe, conseguimos uma programação a médio prazo”, completam.