Minorias têm mais entrada em empresas, mas não chegam à alta liderança

Especialista em Gestão Empresarial apresenta medidas que empresas podem tomar para garantir a representatividade em cargos de alto escalão nas empresas

  • Data: 16/10/2024 17:10
  • Alterado: 16/10/2024 17:10
  • Autor: Redação
  • Fonte: Assessoria
Minorias têm mais entrada em empresas, mas não chegam à alta liderança

Crédito:Divulgação/Freepik

Você está em:

Ainda que a sociedade tenha evoluído na inclusão de minorias no quadro de grandes empresas, uma pesquisa realizada pelo Instituto Ethos mostrou que ainda há um longo caminho pela frente. Segundo o ‘Perfil Social, Racial e de Gênero das 1.100 maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas’, funcionários em cargos de alta liderança em grandes empresas ainda são, em grande maioria, homens brancoscom alto grau de escolaridadesem deficiência, com 45 anos ou mais e trabalhando há uma média de sete anos na mesma empresa.

Acontece que um ambiente de trabalho com inclusão de gênero étnico-racial, pessoas LGBTQIAP+ e pessoas com deficiência, especialmente em cargos de alta liderança, pode fomentar a inovação de diversas maneiras dentro das empresas, como demonstra o especialista em Gestão Empresarial e CEO da LGK Gestão & Governança, associada à Fundação Dom Cabral, Ricardo Langanke.

“Funcionários de diferentes origens trazem perspectivas únicas e variadas, enriquecendo o processo criativo e a solução de problemas. Eles também tendem a tomar decisões mais acertadas, já que equipes com vozes diversas analisam problemas de maneira mais abrangente e conseguem reduzir riscos”, afirma o especialista.

A pesquisa mostra, ainda, que quando se trata das diferenças de gênero, o conselho administrativo das empresas entrevistadas é ocupado em 81,4% por homens e apenas 18,6% por mulheres. Um aspecto interessante da pesquisa é que as mulheres são maioria apenas em cargos inferiores na hierarquia corporativa (72,5% de mulheres trainees contra 27,5% de homens; 54,5% de estagiárias contra 45,5% de estagiários e 57,4% de mulheres aprendizes contra 42,6% de homens).

Ainda assim, as mulheres são o público alvo da maioria das ações, práticas e políticas de diversidade e inclusão das empresas. Entre as organizações entrevistadas, 78,2% indicaram adotar políticas ou ações afirmativas voltadas para a promoção da igualdade de gênero. Outro dado interessante é que 51,6% das empresas respondentes desenvolvem alguma ação ou política com metas para ampliar a representação feminina em cargos de liderança.

No caso de minorias raciais, a diferença é ainda mais discrepante. Os conselhos de administração das empresas entrevistadas são formados em 93,8% por brancos5,9% por pessoas negras; 0,2% de pessoas amarelas e, também, 0,2% de pessoas indígenas. Ainda que grande parte da população brasileira seja constituída por pessoas negras ou pardas (55,5%, segundo o IBGE de 2022), a pesquisa constatou uma sub-representação das pessoas negras em diferentes níveis hierárquicos das empresas. Elas são o terceiro grupo priorizado nas ações – 64,2% dos programas de inclusão e contratação são dedicados a pessoas pretas e pardas), porém, ainda não ocupam tantos espaços de tomada de decisão nas empresas em comparação à maioria branca.

Ainda assim, Langanke esclarece que as ações afirmativas na contratação de funcionários são um passo crucial para criar um ambiente mais inclusivo. “Tais ações ajudam a quebrar barreiras estruturais e proporcionam oportunidades para grupos historicamente marginalizados entrarem no mercado de trabalho. No entanto, é importante enxergar essas ações como parte de uma estratégia mais ampla e contínua”, diz.

O especialista explica que, após a contratação, o suporte constante ao funcionário é fundamental – como programas de integração e coaching para garantir que estes indivíduos se sintam valorizados e tenham espaço para crescimento. Ele cita, ainda, outras medidas: 

“É essencial que a empresa desenvolva uma cultura organizacional que celebre a diversidade e promova a inclusão em todos os níveis, com a participação ativa da liderança e políticas que incentivem um ambiente respeitoso. Ela também deve monitorar e avaliar regularmente as políticas e práticas de diversidade e inclusão para garantir que as ações afirmativas sejam efetivas e contribuam para um ambiente colaborativo. Em resumo, enquanto as ações afirmativas são um passo importante, elas devem ser acompanhadas por um compromisso contínuo em construir uma cultura inclusiva e promover a diversidade em todos os aspectos da organização”.

Langanke pontua que a garantia da representatividade em cargos de alta confiança requer que as empresas implementem várias medidas. Entre elas:

  • Além do recrutamento: “É essencial ter políticas de recrutamento inclusivo que não apenas incentivem, mas também garantam a inclusão de candidatos de minorias nos processos seletivos para cargos de confiança”, explica.
  • Mentoria: Criar programas de mentoria voltados para profissionais de grupos sub-representados é uma estratégia para ajudá-los a desenvolver habilidades e se prepararem para subir na carreira.
  • Transparência: Publicar dados sobre a composição dos conselhos de administração e estabelecer metas claras de diversidade, segundo Langanke, ajuda a monitorar e divulgar o progresso.
  • Treinamentos: Segundo o especialista, treinamentos sobre viés inconsciente e diversidade para todos os níveis da organização são muito importantes, especialmente para os envolvidos em decisões de contratação e promoção;
  • Inclusão: Por fim, Langanke ressalta que promover um ambiente de trabalho inclusivo é crucial para que todos os funcionários se sintam seguros e apoiados em seu desenvolvimento profissional.”
Compartilhar:

  • Data: 16/10/2024 05:10
  • Alterado:16/10/2024 17:10
  • Autor: Redação
  • Fonte: Assessoria









Copyright © 2024 - Portal ABC do ABC - Todos os direitos reservados