Ministro da Agricultura critica Carrefour por boicote à carne do Mercosul
Tensão cresce sobre acordo UE-Mercosul enquanto Brasil destaca padrões de qualidade
- Data: 22/11/2024 11:11
- Alterado: 22/11/2024 11:11
- Autor: Redação
- Fonte: InfoMoney
Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro
Crédito:MAPA
O Ministro da Agricultura, Carlos Favaro, acusou o Carrefour de participar de um movimento coordenado por empresas francesas com o intuito de minar o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. Essa crítica surgiu após declarações do presidente-executivo do Carrefour, Alexandre Bompard, que se comprometeu a não comercializar carne sul-americana nas lojas francesas da rede em apoio ao setor agropecuário local.
O governo brasileiro considera essa decisão parte de uma estratégia mais ampla para dificultar a conclusão do pacto Mercosul-UE, esperado para ser finalizado em breve. Em sua manifestação nas redes sociais, Bompard argumentou que o acordo representa uma ameaça ao mercado francês, potencialmente inundando-o com produtos que não atendem aos padrões locais. Ele reafirmou o compromisso do Carrefour de se aliar aos interesses agrícolas franceses, afastando a carne proveniente do Mercosul das prateleiras na França.
Em resposta, representantes do Carrefour confirmaram à Reuters que atualmente não oferecem carne do Mercosul na França, mas não comentaram sobre o fornecimento em outros países europeus. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que inclui grandes players como JBS, Marfrig e Minerva, classificou a postura do Carrefour como contraditória, destacando que no Brasil a rede opera cerca de 1.200 lojas que comercializam majoritariamente carne bovina brasileira.
Favaro sugeriu que tais atitudes poderiam servir como pretexto para a França resistir à formalização do acordo com o Mercosul. Em outubro, a Aprosoja Brasil incentivou um boicote à Danone após declarações de que a empresa deixaria de comprar soja brasileira.
O Ministério da Agricultura brasileiro destacou que os rigorosos controles sanitários e de qualidade tornam o país líder na exportação de carnes bovina e avícola para 160 nações, incluindo aquelas com exigências elevadas como a UE.
Conrado Ferber, diretor do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai, criticou a posição do Carrefour como “lamentável” e “comercialmente irracional”, afirmando que ignora os princípios fundamentais do livre comércio essenciais para o desenvolvimento econômico.
Em comunicado recente, o Carrefour esclareceu que as observações de Bompard são restritas às operações francesas e não refletem questões sobre a qualidade da carne do Mercosul. As unidades da rede em outros países continuam autorizadas a adquirir produtos sul-americanos.