Mestrado da USCS estuda pensamento crítico em estudantes de Medicina
Pesquisa faz comparação entre disparadores unimodais e multimodais no ensino
- Data: 19/06/2024 14:06
- Alterado: 19/06/2024 14:06
- Autor: Redação
- Fonte: USCS
Campus Conceição
Crédito:Divulgação
Verificar a potencialidade dos disparadores unimodais e multimodais em suscitar tanto conhecimentos prévios quanto elementos de Pensamento Crítico sobre os dilemas sociossanitários no ensino de Medicina foi o desafio vencido pela enfermeira e ex-aluna Rosana Marques Ferro, do Mestrado Profissional em Inovação no Ensino Superior em Saúde da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), apresentado no seu trabalho “Comparação entre disparadores unimodais e multimodais a partir de um instrumento sobre pensamento crítico em estudantes de Medicina”. A orientação da pesquisa de Rosana ficou a cargo do Prof. Dr. Daniel Leite Portella.
O trabalho de Rosana registra que o profissional “crítico e reflexivo” (PC) é incluído dentro do perfil do médico nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para Cursos de Medicina do Ministério da Educação. Entretanto, se observa que as práticas de ensino médico são a memorização e a transmissão de conteúdo, dissociadas da realidade profissional e desintegradas dentro do currículo em instituições hierárquicas e verticalizadas, ao passo que iniciativas que utilizam metodologias ativas nem sempre são efetivas ou indutoras do desenvolvimento do PC. “O conceito de pensamento crítico (PC) tem sido definido de diferentes maneiras e suscitado debates a depender dos autores e das escolas respectivas. Este termo permeia campos como a filosofia, a pedagogia e a psicologia”, explica a pesquisadora.
Rosana conta que, na área da Saúde, alguns autores situam o raciocínio clínico como correspondente direto do PC, outros defendem que os processos cognitivos envolvidos no PC vão além de um modelo de resposta simples do pensamento lógico ou do raciocínio clínico, por exemplo. “A pesquisa acadêmica em PC voltada aos cursos de medicina e relacionadas a aprimoramento de materiais educacionais em cursos de medicina no Brasil e no mundo constitui um campo pouco explorado. A inclusão do PC enquanto princípio educacional de alta taxonomia poderá contribuir para a qualificação de produtos pedagógicos, aprimoramento docente, desenvolvimento de competências profissionais e integração do currículo. Protocolos de apoio docente podem ser implementados no cotidiano dos cursos, auxiliando na operacionalização, gestão e avaliação continuada das estratégias educacionais”, justifica a ex-aluna do PPGES-USCS.
A pesquisa de Rosana é tida como um estudo transversal realizado em amostra de conveniência, não aleatória, de natureza aplicada e abordagem quanti-qualitativa. A amostra foi composta por 28 (vinte e oito) estudantes do terceiro ano de um curso de medicina de uma cidade de porte médio e elevado Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do interior de São Paulo/SP, com uma proposta de currículo baseado em metodologias ativas de ensino-aprendizagem, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de medicina. O instrumento confeccionado pela pesquisadora principal avaliou dois tipos de disparadores: escrito e audiovisual. O instrumento baseou-se nos domínios do PC do referencial teórico do RED Model’s Critical Thinking Skills Framework. “Após o contato com os diferentes disparadores, foi solicitado aos participantes que, perante o dilema sociossanitário apresentado, respondessem às questões abertas, sem limite de caracteres. Além disso, os estudantes responderam a mais duas questões abertas, de autoavaliação de desempenho e percepção frente aos disparadores”, conta Rosana.
A pesquisadora relata que foram escolhidos temas complexos e polêmicos como a eutanásia e o movimento antivacina por demandarem maior exercício do PC, em virtude de suas características. “A eutanásia é considerada crime no Brasil, apesar de ser prática corrente em países como Holanda e Bélgica, estando mais distante da realidade dos estudantes. Já o movimento antivacina esteve presente no debate público nacional e internacional no contexto da pandemia. Além disso, os estudantes realizam estágio nas unidades básicas de saúde (UBS) desde o início do curso, tendo grande proximidade com o programa de vacinação nestes serviços”, revela Rosana.
Como resultado, Rosana aponta que os disparadores multimodais se mostraram efetivos e promissores na mobilização de conhecimentos prévios e estímulo ao PC. “O componente emocional nos disparadores multimodais pode potencializar o PC e engajamento dos estudantes. Recomenda-se que a construção e análise dos disparadores seja orientada pelos objetivos educacionais, tecnologias semióticas e capacitação docente em humanidades médicas”, sugere a enfermeira, que acrescenta: “Este estudo agrega inovação ao demonstrar a potência dos disparadores aplicados individualmente, em ambiente não supervisionado, em gerar estímulos aos conhecimentos prévios e elementos de PC”.
Produto – o percurso da pesquisa embasou a construção do protocolo PIME – Protocolo Instrucional de Materiais Educacionais, a ser utilizado para apoio docente nos cursos de medicina e outras áreas da saúde no Brasil. Para o orientador da pesquisa de Rosana, o Prof. Dr. Daniel Leite Portella, do Programa de Mestrado Profissional em Inovação no Ensino Superior em Saúde da USCS, a dissertação se destaca porque “o produto educacional gerado pode ser replicado para os diversos cursos da área da saúde a fim de sensibilizar o pensamento crítico do discentes, e ao mesmo tempo capacitar os docentes quanto à sua importância e possibilidade de aplicação no ensino”, avalia Portella.
A íntegra da dissertação de Rosana pode ser acessada no link: https://www.uscs.edu.br/pos-stricto-sensu/arquivo/820.
O Programa de Mestrado Profissional em Inovação no Ensino Superior em Saúde da USCS tem como objetivo proporcionar a formação de profissionais diferenciados, baseado em perfil de competência que contemple a produção de conhecimento aplicável nas instituições de nível superior e nos contextos de prática para a condução de intervenções de impacto social, sanitário e educacional no âmbito do Sistema Único de Saúde