Menina de 11 anos é investigada por ofensas racistas em vídeos contra colega
A situação ganhou contornos ainda mais complicados quando uma vizinha notificou a mãe da menina agredida sobre a circulação dos vídeos em grupos do WhatsApp
- Data: 30/12/2024 21:12
- Alterado: 30/12/2024 21:12
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Um caso alarmante de racismo entre crianças foi registrado na zona norte de São Paulo, onde uma menina de 11 anos gravou e divulgou vídeos com comentários ofensivos dirigidos a uma colega de 12 anos e seus pais, ambos moradores do mesmo condomínio.
Ao tomar conhecimento do conteúdo disseminado em um grupo de crianças, a mãe da vítima decidiu formalizar uma denúncia na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) no dia 19 de dezembro.
Em um dos trechos do vídeo, a jovem ofende a aparência da colega, sugerindo que ela poderia se arranhar para “ficar mais bonita”. As gravações, que somam mais de 13 minutos, incluem ataques à aparência e ao peso da vítima, além de insultos direcionados à mãe dela.
A família da criança afetada descreveu os comentários da menina de 11 anos como não apenas racistas, mas também gordofóbicos. A acusada também fez declarações extremamente prejudiciais sobre pessoas negras, afirmando: “Ser racista é bom. Pretos são ridículos e deviam todos morrer”. Essas falas chocantes evidenciam um grave problema social e comportamental entre as crianças.
De acordo com o advogado da família da vítima, a menina sofreu mudanças significativas em seu comportamento após ter acesso aos vídeos. “Ela parou de querer brincar fora de casa devido à reação dos vizinhos e das outras crianças”, relatou Diego Moreiras. “Os pais decidiram levá-la para ficar com os avós para protegê-la desse ambiente hostil.”
A situação ganhou contornos ainda mais complicados quando uma vizinha notificou a mãe da menina agredida sobre a circulação dos vídeos em grupos do WhatsApp. Ao tentar dialogar com o pai da responsável pelos insultos, que é síndico do condomínio, a mãe foi maltratada. O advogado afirmou que o homem se exaltou e minimizou o incidente como uma mera “trolagem”.
Apesar das circunstâncias, o pai da menina que gravou os vídeos posteriormente fez uma retratação pública em um grupo de adultos do condomínio, onde expressou sua vergonha pelo comportamento da filha e pediu desculpas pelo ocorrido. Ele enfatizou suas raízes afrodescendentes e declarou que os comentários feitos pela filha não refletem seus valores familiares.
Além das repercussões emocionais sofridas pela vítima, o advogado mencionou outras situações em que a criança teria demonstrado comportamentos preconceituosos, sugerindo que ela usava a posição do pai para intimidar outros menores no prédio.
A família da menina agredida planeja responsabilizar legalmente os pais da autora dos vídeos pelo comportamento da filha e pretende buscar compensação por danos morais. Eles também pretendem solicitar medidas socioeducativas através do Conselho Tutelar e do Ministério Público.
Diego Moreiras destacou que tanto as vítimas quanto as responsáveis pela situação merecem atenção. “As duas crianças são vítimas: uma pela negligência dos pais que não a orientaram adequadamente, e outra pela falta de supervisão dos pais da colega”, ressaltou. “Nosso objetivo é sensibilizar a sociedade sobre a gravidade dessa conduta inaceitável.”
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) confirmou que o caso está sendo investigado sob a alegação de injúria racial. A secretaria informou que as partes envolvidas serão convocadas para depoimentos enquanto as investigações prosseguem.