Memórias da Final do Paulistão de 1974: A Grande Decisão entre Palmeiras e Corinthians

A final de 1974 entre Palmeiras e Corinthians: uma luta emocional que marcou gerações e definiu rivalidades no futebol brasileiro.

  • Data: 22/12/2024 08:12
  • Alterado: 22/12/2024 08:12
  • Autor: Alex Faria
  • Fonte: FolhaPress
Memórias da Final do Paulistão de 1974: A Grande Decisão entre Palmeiras e Corinthians

Crédito:Reprodução

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Na história do futebol brasileiro, poucos jogos têm o peso emocional da final do Campeonato Paulista de 1974, que se tornou um marco na rivalidade entre Palmeiras e Corinthians. O duelo, realizado em 22 de dezembro daquele ano, é lembrado mais pela dor da derrota corinthiana do que pela vitória palmeirense, tornando o triunfo alviverde ainda mais significativo.

O significado deste embate é bem representado pelas palavras dos protagonistas. Ademir da Guia, ícone do Palmeiras, frequentemente referiu-se a essa conquista como “o título mais marcante de toda a minha carreira“. Por outro lado, Rivellino, estrela do Corinthians, expressou sua desilusão ao afirmar que foi “a maior tristeza da minha vida“.

O Palmeiras, conhecido como a “Segunda Academia”, havia conquistado o Campeonato Paulista e Brasileiro em 1972 e novamente o Brasileiro em 1973. Já o Corinthians enfrentava um longo jejum, sem títulos relevantes desde o Paulistão de 1954, um período de duas décadas repleto de frustrações que alimentava a expectativa de sua apaixonada torcida por uma redenção.

A final foi marcada por uma atmosfera intensa e uma expectativa palpável nas ruas e bares de São Paulo. A célebre frase “fiado só quando o Corinthians for campeão” ecoava entre os torcedores, simbolizando a urgência por um título que se tornara essencial para a identidade corinthiana. Para o Palmeiras, vencer era importante, mas para o Corinthians, era uma questão de sobrevivência emocional.

No dia da primeira partida da final, a Folha de S.Paulo lançou um caderno especial com 20 páginas intitulado “Coríntians campeão do povo“, trazendo entrevistas com figuras icônicas do clube e celebrando a história alvinegra. Entre as vozes destacadas estava Antonio Pereira, um dos fundadores do clube, que compartilhava suas lembranças e expectativas para o jogo decisivo.

Rivellino também teve seu espaço na reportagem: “Precisamos ser campeões. Eu preciso ser campeão pelo Corinthians; a torcida precisa do título. Só assim estarei realizado como homem e jogador de futebol“. Esse clamor pela vitória ressoava fortemente entre os fiéis seguidores da equipe.

A Grande Final

A primeira partida da final ocorreu no Pacaembu e terminou empatada em 1 a 1, com gols marcados por Edu para o Palmeiras e Lance para o Corinthians. A tensão aumentou à medida que se aproximava o segundo jogo, cuja sede gerou incertezas até os momentos finais. Optou-se pelo Morumbi para maximizar a renda, atraindo uma multidão de cerca de 120 mil torcedores, com a maioria vestida nas cores alvinegras.

O zagueiro Luís Pereira recordou a emoção de entrar em campo diante de tamanha massa de corinthianos: “É de arrepiar… se estou em um time desses, corro até mais”. No entanto, ele reconheceu a superioridade técnica do Palmeiras na época.

A partida decisiva foi disputada sob condições adversas em um gramado enlameado. Após um jogo equilibrado, Rivellino sofreu uma falta dura que precedeu o gol decisivo do Palmeiras aos 25 minutos do segundo tempo. Leivinha aproveitou um cruzamento para marcar e selar a vitória palmeirense.

O gol fez os torcedores alviverdes celebrarem intensamente enquanto os corinthianos enfrentavam mais um revés na busca pelo tão sonhado título. Rivellino saiu de campo visivelmente abatido e rememorou seu triste retorno para casa após a partida.

A conquista do Palmeiras naquela data se consolidou como parte de sua trajetória vitoriosa nos anos seguintes, enquanto Rivellino enfrentou críticas pela derrota e logo se transferiu para o Fluminense, onde continuaria a brilhar.

Apesar das desilusões, Rivellino nunca abandonou suas raízes corinthianas. Ele ainda lembra com carinho dos momentos vividos no clube e celebrou as conquistas subsequentes da equipe alvinegra nos anos seguintes, incluindo o tão esperado título paulista em 1977. “Fiquei muito feliz e aliviado… ainda bem que vim jogar no Corinthians. Não me arrependo de nada“, afirmou.

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  • Data: 22/12/2024 08:12
  • Alterado:22/12/2024 08:12
  • Autor: Alex Faria
  • Fonte: FolhaPress









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