Me Too Brasil e Plan International lançam campanha contra a violência sexual no futebol
Além de campanha de conscientização, o Cartão Vermelho vai acionar a CBF, governos e os clubes de futebol por políticas para a segurança de meninas e mulheres no esporte
- Data: 22/10/2024 13:10
- Alterado: 22/10/2024 13:10
- Autor: Redação
- Fonte: Me Too Brasil
Crédito:Marcelo Camargo/Agência Brasil
O Me Too Brasil e a Plan International Brasil lançaram, nesta semana (21), o Cartão Vermelho, uma campanha de utilidade pública voltada para a violência contra mulheres no ambiente do futebol. O foco é, além de conscientizar o público feminino, engajar meninos e homens em discussões sobre respeito e consentimento, e pressionar as autoridades do esporte, clubes de futebol e patrocinadores a adotarem medidas efetivas contra o assédio sexual nos estádios, nos clubes de futebol e em todo o ambiente esportivo.
A iniciativa terá ampla divulgação nas redes sociais e também contará com uma pesquisa direcionada ao público feminino para compreender a extensão do assédio e da violência vivenciados nesse espaço. As entidades pretendem acionar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), os dirigentes do futebol e as lideranças do Ministério dos Esportes para que se comprometam com políticas e ações de segurança para meninas e mulheres dentro e fora dos estádios.
“Existe uma necessidade urgente de conversarmos diretamente com o público masculino sobre esse tema em um país que, apesar de 18 anos da Lei Maria da Penha, segue sendo o quinto no mundo em feminicídio. A cada oito minutos, uma mulher é estuprada, e 61% dos casos envolvem crianças e adolescentes com menos de 13 anos de idade, na maioria meninas. Existe uma necessidade gigantesca de engajarmos os homens no enfrentamento e na prevenção desse problema”, aponta Marina Ganzarolli, presidente do Me Too Brasil.
A campanha é motivada pelo histórico de casos não só de denúncias e condenações criminais envolvendo jogadores, mas também de casos de assédio sexual no futebol feminino. Um estudo da jornalista Camila Alves, divulgado em 2023, mostrou que quase metade das jogadoras das Séries A1, A2 e A3 do Campeonato Brasileiro já sofreu assédio sexual ou moral. Mesmo com denúncias, como as feitas recentemente por jogadoras do Santos contra o treinador, foram ignoradas; o técnico foi afastado, mas não demitido pelo clube.
“A Plan International Brasil se une ao Me Too Brasil, olhando tanto para meninas quanto para mulheres, mas também para meninos e homens. Precisamos engajar o público masculino para educar os meninos, desde cedo, para respeitarem os limites do pleno e positivo consentimento”, explica Cynthia Betti, CEO da Plan International Brasil.
A partir de um formulário online (neste link), que já está disponível, as mulheres poderão relatar as suas experiências nos estádios brasileiros e opinar sobre medidas que possam ser tomadas pelos clubes para tornar a experiência nos estádios e a cultura do futebol mais inclusiva e segura como um todo.
Veja o primeiro vídeo relacionado à campanha nas redes, da influenciadora Ana Terra.
Me Too Brasil
O Me Too Brasil é uma organização 100% brasileira, sem fins lucrativos, dedicada à defesa dos direitos das vítimas de violência sexual, oferecendo escuta, acolhimento, além de atendimento psicológico, jurídico e assistencial. Com o apoio de uma equipe de 550 voluntários, a organização já prestou atendimento a cerca de 400 vítimas, em quatro anos, por meio de seus canais de escuta especializados.
As vítimas podem acessar o atendimento pelo site oficial e pelo canal de atendimento gratuito (0800 020 2806), disponível em todo o Brasil. O acolhimento é realizado de forma sigilosa, garantindo a proteção e confidencialidade das informações, com foco na centralidade da vítima e nos impactos do trauma, independentemente de raça, classe social, orientação sexual, identidade de gênero ou poder do agressor.
A organização também promove campanhas de conscientização, incidência legislativa, advocacy e litigância estratégica, buscando o diálogo com a população e os poderes legislativo, executivo e judiciário, com o objetivo de colaborar no aprimoramento da proteção às vítimas de violência sexual.