Março Roxo – Mês de conscientização da epilepsia

A neurologista Dra. Andrea Bacelar, médica do sono explica a correlação da epilepsia com o sono

  • Data: 23/03/2022 14:03
  • Alterado: 17/08/2023 07:08
  • Autor: Redação
  • Fonte: Dra. Andrea Bacelar
Março Roxo – Mês de conscientização da epilepsia

Março Roxo

Crédito:Divulgação

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Março roxo é o mês de conscientização da epilepsia. Também conhecido como Purple Day”, o Dia Mundial da Epilepsia é celebrado anualmente no dia 26 de março.

A epilepsia é uma doença neurológica de difícil diagnóstico por haver várias formas de apresentação. “A classificação das epilepsias se baseia nos tipos de crises observadas que podem variar entre focal, generalizada, ou se começa focal e depois o indivíduo perde a consciência. O que definirá a classificação será o tipo de crise manifestada”, explica Dra. Andrea Bacelar, médica neurologista, médica do Sono, diretora da Clínica Bacelar (RJ).

A especialista ressalta que por meio do eletroencefalograma, exame que avalia a atividade elétrica do cérebro podemos confirmar o tipo de crise, qual a área afetada e o tipo e frequência das descargas registradas.

E qual a correlação do sono com a epilepsia?

Andrea explica que o sono tem uma fase de sincronizar e de hiperexcitar o neurônio quando há a transição entre os estados acordado e dormindo.

“Diferentemente do que muitos pensam o sono não é um momento de total repouso, de inatividade, pelo fato de haver muitas mudanças na atividade elétrica cerebral, as transições da vigília para o sono, ou o momento do despertar, são transições em que há maior chances de crises epilépticas ou atividades elétricas cerebrais anormais. Esse momento funciona como um facilitador de crise em pessoas que tenham predisposição a esta condição”, esclarece a médica.

Andrea complementa, ainda, que existem muitas crises epilépticas que só acontecem durante o sono o que, por um lado, até diminui riscos de acidentes, de traumas, já que o indivíduo está deitado, na maioria das vezes.

Existem epilepsias mais prevalentes durante a infância, atingindo a área central do cérebro, mas que tendem a se resolverem com o avançar da idade. “Essas crises são muito frequentes durante o sono e principalmente na fase do despertar. Existe uma outra crise, chamada hipermotora, bem mais violenta, podendo causar lesão mesmo havendo correlação significativa com o sono. A atividade elétrica epileptiforme localiza-se no lobo frontal”, ressalta a especialista.

Andrea explica, também, que durante a fase do sono REM, momento em que o indivíduo está mexendo os olhos, é um estágio que protege o indivíduo da crise, na maioria das vezes, pois há uma dessincronização da parte profunda do cérebro com o córtex cerebral, havendo um relaxamento muscular, uma atonia muscular. Nesta fase raramente acontecem crises epilépticas.

A privação de sono é um fator que aumenta a chance de atividade elétrica anormal, irritando o sistema nervoso central.

Dormir fora do horário também pode ativar crises em indivíduos predispostos.

“Existem associações muito importantes entre epilepsia e sono. Porém, algumas manifestações noturnas podem ser confundidas com a doença e cabe ao especialista fazer a diferenciação, avaliando se a atividade anormal durante o sono na criança, e principalmente no adolescente é uma atividade epiléptica, ou outra alteração de comportamento chamado parassonia, como sonambulismo, terror noturno, alguns espasmos, ou demais alterações relacionadas ao sono. A partir deste diagnóstico, o especialista poderá propor o melhor tratamento, ou até mesmo demonstrar à família que se trata de uma situação benigna e que com a maturação do sistema nervoso central ela tende a desaparecer”, alerta a médica.

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  • Data: 23/03/2022 02:03
  • Alterado:17/08/2023 07:08
  • Autor: Redação
  • Fonte: Dra. Andrea Bacelar









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