Marcha da Maconha em Santo André: conheça a organização e suas pautas

Com o slogan “Maconha é legal, no SUS e no quintal”, caminhada visa a legalização da Maconha no Brasil para uso medicinal e recreativo

  • Data: 05/06/2023 08:06
  • Alterado: 05/06/2023 08:06
  • Autor: Be Nogueira
  • Fonte: ABCdoABC
Marcha da Maconha em Santo André: conheça a organização e suas pautas

Marcha da Maconha de 2019

Crédito:Foto: Doctor Banz

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Na tarde do último domingo (4), aconteceu a Marcha da Maconha de Santo André. A concentração foi na Rua das Caneleiras e a caminhada iniciou às 16h20 – horário relacionado ao uso da erva – seguindo sentido centro, pela Avenida Industrial.

O movimento defende a regulamentação do uso e cultivo por entender que essa é uma ação política que inibirá o financiamento do crime organizado e do tráfico de drogas no Brasil, além de possibilitar tratamentos médicos através do canabidiol, substância derivada da Cannabis.

“A regulamentação da maconha acaba com o dinheiro dessa erva fluindo para o crime organizado no país. E também porque essa plantinha inofensiva é um medicamento eficaz contra muitas enfermidades, ajuda muito na minha ansiedade”, afirmou uma das seguidoras da página Marcha da Maconha Santo André.   

Reuniões abertas vêm acontecendo desde fevereiro – foram realizadas ao menos seis até a data da marcha – para discutir as pautas abordadas, produção cultural e finanças, já que parte dos atos são custeados com a venda de camisetas, vaquinhas e rifas.

Além das reuniões, o coletivo realiza aulas abertas para abordar os problemas estruturais que a guerra às drogas causam à sociedade. E se organizam para pautarem outras demandas sociais, como o movimento “Sem Anistia”, visibilidade trans, impacto da lei antidrogas na vida das mulheres e racismo.

Um novo ato já está programado para acontecer no dia 8 de julho em São Bernardo do Campo. 

Até o momento desta publicação o Coletivo Marcha da Maconha de Santo André não nos respondeu sobre a qualidade dos aderentes à marcha.

Uso medicinal

Em abril deste ano, a Fundação Oswaldo Cruz divulgou uma nota técnica, embasada na literatura científica, sobre os usos terapêuticos da cannabis e derivados. A publicação abrange a discussão de toda a cadeia do uso terapêutico, desde a regulamentação, pesquisa, produção, padronização e distribuição.

A fundação reforça que o uso da cannabis para fins terapêuticos é algo milenar, presente na cultura ancestral e contemporânea. E endossa o desenvolvimento de pesquisas nacionais sobre o potencial terapêutico dos canabinoides de modo a acompanhar “a tendência mundial de ampliação e diversificação das pesquisas”.

Em outro momento, a organização evidencia a necessidade em capacitar os profissionais da saúde e viabilizar o acesso aos medicamentos através do SUS.

“É necessário ampliar a capacitação de médicos e outros profissionais de saúde sobre o uso terapêutico da cannabis e seus derivados, para que possam prescrever e tratar com mais confiança e conhecimento. É indispensável assegurar, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), uma regulamentação abrangente e eficiente, que viabilize a produção, prescrição e acesso gratuito e universal pelo Sistema Único de Saúde – o SUS – a uma ampla gama de formas farmacêuticas da cannabis e derivados, sempre respaldadas por evidências sólidas de segurança e eficácia terapêutica”.

No final de 2022 o Conselho Federal de Medicina proibiu o uso do canabidiol no tratamento de depressão, ansiedade, dores crônicas, Alzheimer e Parkinson. Permitindo, apenas, que o médico a receite em alguns quadros de epilepsia. A decisão foi criticada e a organização decidiu deixar a cargo do médico a decisão de prescrição.

“A suspensão é um reconhecimento do CFM, a partir das pressões da sociedade, de que a resolução não se sustenta”, avaliou a deputada Erika Kokay (PT-DF) no debate na Câmara. “São vários os depoimentos sobre melhora na qualidade de vida com o uso da Cannabis medicinal, e isso precisa ser respeitado”, finalizou.

Projeto de Lei instituiu a distribuição de medicamentos à base de maconha

A norma do deputado estadual Caio França (PSB), que visa autorizar a distribuição dos medicamentos à base de canabidiol pelo SUS, a Lei 17.618/2023, foi sancionada pelo governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em 31 de janeiro, instituindo a política estadual de fornecimento gratuito dos medicamentos.

Mas vale reforçar que, no Brasil, o plantio da erva e a produção de medicamentos não são autorizados. E só a partir de pedidos de pacientes, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) libera a importação controlada dos medicamentos.

Uso responsável e a redução de danos

Há diferentes pesquisas que confirmam os benefícios do uso da maconha, mas como qualquer outra substância existem contraindicações, e nem todos podem fazer uso de forma recreativa. Sendo o consumo a longo prazo relacionado a amnésia, falta de atenção, problemas motores, dependência e crises de abstinência. A longo prazo, o uso recreativo pode trazer complicações mais graves como esquizofrenia e danos cerebrais permanentes. 

Não necessariamente isso vá acontecer, mas é importante ter conhecimento sobre os possíveis efeitos colaterais.

A proposta de redução de danos lida com a realidade, entendo que ignorar que o uso acontece só favorece a desinformação. Por isso, são construídas propostas de redução de danos, para que ao menos, o consumo não se torne um problema para a vida do indivíduo.

O Girls in Green, comunidade focada em conteúdo canábico e redução de danos, tem um conteúdo bem completo sobre estratégias de RD

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