Mães de alunos da APAE se posicionam a favor da educação especial

Familiares de PCDs já matriculados na entidade, entendem que acompanhamento especializado é melhor alternativa para seus filhos

  • Data: 17/09/2021 17:09
  • Alterado: 17/09/2021 17:09
  • Autor: Redação
  • Fonte: FEAPAES-SP
Mães de alunos da APAE se posicionam a favor da educação especial

Aluna Letícia Alcântara da APAE Bauru e sua mãe Ana Lúcia Alcântara

Crédito:Arquivo Pessoal

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O cenário da educação no Brasil vem sendo alvo de várias abordagens e comentários nas últimas semanas, principalmente no que se diz respeito à inclusão da pessoa com deficiência nas escolas regulares. É necessário entender que nem todos os PCDs conseguem ser atendidos nas escolas do estado de São Paulo, pela falta de profissionais preparados nas unidades e por conta de toda a infraestrutura das instalações. 

O que pesa a favor das escolas especiais são os anos de relacionamento das famílias com as APAES, que compreendem que a entidade é toda elaborada para atender a pessoa com deficiência com atenção e respeito, algo que elas sempre buscaram para os seus filhos e, quando encontram, se sentem acolhidas. Por isso, muitas mães acabam escolhendo a educação especial para os seus filhos, ao invés das vagas nas escolas regulares. 

Claudinéia Maria, mãe da aluna Karina Gallo da APAE de Matão, comenta que sem o apoio da educação especial, não saberia se teria conseguido. “Agradeço por cada minuto de atenção, dedicação e paciência comigo como mãe e com a minha filha. A Karina ama a escola e não gosta de faltar, isso para mim é um sinal de que ela é muito bem tratada, tanto pelos professores, quanto pelos colegas de sala”, conta. A mãe de Karina relata que a APAE teve a capacidade de olhar para ela devagar, porque antes, na vida, “muitas pessoas a olharam depressa demais”, completa. 

Muitas famílias são contra a inclusão dos alunos nas escolas regulares também devido ao medo de seus filhos não serem acolhidos nesses locais, além de que poderiam sofrer preconceito, causando uma enorme insegurança, exatamente como relata a Alessandra Carvalhais, mãe do Pedro Henrique, que é aluno da APAE de Franca.

“Apesar da pandemia, essa época foi um período excelente, em que estamos com o apoio de profissionais capacitados e comprometidos com suas metas. A inclusão do Pedro na escola de educação especial da APAE Franca oferece para nós, pais, mães e alunos, todo o suporte necessário” conta Alessandra, que diz que a evolução de seu filho é impressionante. “O Pedro ama a APAE, ama tudo o que ela oferece para a gente. Somos muito gratos por tudo”, contou a mãe, que é atendida pela APAE de Franca. 

A Federação das APAES do Estado de São Paulo (FEAPAES-SP) é a favor da inclusão para aqueles que podem se beneficiar da rede regular e também defende  que as famílias das pessoas com deficiências tenham o direito de escolher a escola que querem colocar os seus filhos. Seja em escola de educação especial ou em uma escola regular de ensino, uma vez que o entendimento é que há um cenário complexo, com níveis diferentes no que diz respeito à locomoção, cuidados e atividades que nem todas as unidades de educação da rede pública estão aptas a exercer. 

Silvia Helena, moradora de Bauru, no interior de São Paulo, mãe de Priscila, outra usuária da APAE, lembra das dificuldades que viveu nos últimos anos e como o apoio da educação especial foi importante para a vida delas. “Eu acredito que em nenhuma dessas fases que a gente viveu, se a Priscila estivesse em uma escola regular, eu não teria o apoio que eu tive em todas as fases da vida dela. Eu não imagino como seria, eu acredito que a Priscila não frequentaria uma escola comum por tanto tempo. O que faz a gente levá-la e levantar cedo todos os dias para fazer o que precisa ser feito e embarcá-la no transporte é a certeza de que ela está ganhando alguma coisa frequentando a APAE.”, comentou. 

Silvia destacou que sua filha hoje se alimenta através de sonda e que todo o suporte dado pela entidade faz com que ela tenha bastante tranquilidade e segurança no dia-a-dia. “A Priscila teve que passar a ter uma alimentação com sonda, que foi outro marco nas nossas vidas e, mais uma vez, todo o esforço coletivo dos profissionais da unidade que se envolveram no processo, fez com que a gente passasse por esse período com bastante tranquilidade e segurança. A APAE sempre teve diálogo, o que é fundamental e a gente conseguiu superar toda essa dificuldade”, finaliza. 

Durante a pandemia, as escolas regulares estão passando por problemas para a realização das aulas, distribuição de material, aplicação de trabalhos, provas, entre outros problemas. Muitos profissionais da educação se posicionam dizendo que a educação à distância não está sendo satisfatória. “Agora imagine para uma escola de educação especial gigante como é a APAE com tantos alunos, com tantos tipos de deficiência de uma hora para outra ter que se reinventar mais uma vez, e montar uma maneira para dar sequência no aprendizado, para que os alunos perdessem o mínimo possível para que tivesse um conteúdo de qualidade e assim está sendo”, detalhou Silvia, que finalizou dizendo que a APAE sempre respeitou todas as normas sanitárias e nunca teve nenhuma imposição para voltar às aulas presenciais, podendo continuar as atividades em casa. 

Muitas mães acabam optando por colocar seu filho na APAE e, ao mesmo tempo, em uma escola regular de ensino, como é o caso da Ana Lúcia, de Bauru, que utilizou essa estratégia com sua filha, Letícia Alcântara, que tem Transtorno do Espectro Autista. “A Letícia frequentou uma escola regular privada até o quinto ano, enquanto estava na APAE ao mesmo tempo, mas depois resolvi tirá-la da entidade e encaminhei ela para uma escola da Prefeitura,  onde ficou por 2 anos. Então aconteceu um triste episódio nessa escola e resolvi afastá-la mediante atestado médico para não ter problemas com o Conselho Tutelar,  porque ela era menor de idade”, relembrou Ana Lúcia, que completou dizendo que foi uma luta de 2 anos na Justiça para que sua filha pudesse retornar à APAE. 

“Lá ela se sente segura e acolhida e nós também. Nunca fomos julgados ou apontados por ninguém. Sempre a levamos em profissionais particulares e a APAE nunca nos julgou por isso, nem a equipe de fono, terapeuta ocupacional e psicóloga e a APAE sempre em parceria com essa equipe. A APAE faz parte da nossa vida”, diz Ana Lúcia.

Perguntada sobre a inclusão da pessoa com deficiência nas escolas regulares hoje, após a experiência que passou com sua filha, Ana Lúcia relata ser a favor da inclusão, mas na prática, em sua experiência, notou que a maioria dos profissionais da educação regular não está preparada para os alunos com necessidades especiais. “Na época, eu disse para todos que a decisão de voltar com a minha filha para a educação especial era nossa, porque todos da rede regular de ensino não estavam preparados para tentar algo com a Letícia. Eu dizia que não queria ‘amor’ para ela, pois isso ela já tinha dentro de casa. Na APAE nós somos acolhidos sem julgamentos, priorizando o que é melhor para pessoas com necessidades especiais. O trabalho é feito junto, APAE e Família.”

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  • Data: 17/09/2021 05:09
  • Alterado:17/09/2021 17:09
  • Autor: Redação
  • Fonte: FEAPAES-SP









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