Maduro adota postura diplomática com Lula e busca reforçar laços com BRICS
Tensão e Diplomacia: Maduro Espera Reavaliação de Lula após Veto nos BRICS e Critica Influência dos EUA na Diplomacia Brasileira
- Data: 31/10/2024 09:10
- Alterado: 31/10/2024 09:10
- Autor: Alex Faria/AI
- Fonte: m.aporrea.org
Crédito:Ricardo Stuckert/PR
Em um cenário político de tensão e desconfiança, o presidente venezuelano Nicolás Maduro optou por uma abordagem diplomática ao responder às expectativas sobre o veto do Brasil à Venezuela na recente cúpula dos BRICS na Rússia. Durante seu programa semanal, Maduro evitou confrontos diretos com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, atribuindo a decisão ao Itamaraty, a chancelaria brasileira, que ele descreveu como influenciada historicamente pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos.
Maduro relembrou que obstáculos semelhantes foram enfrentados durante a tentativa de adesão da Venezuela ao Mercosul, atribuídos à burocracia diplomática brasileira, mas que foram superados pela intervenção direta da então presidente Dilma Rousseff. Ele argumentou que o veto atual mantém as mesmas condições impostas pelo governo de Jair Bolsonaro, sugerindo uma continuidade nas políticas externas brasileiras em relação à Venezuela.
Cautela e Esperança
Apesar das críticas, Maduro expressou cautela ao lidar com o presidente Lula, demonstrando esperança de que o líder brasileiro reavalie a situação após uma análise mais detalhada dos acontecimentos. Em um tom conciliador, Maduro destacou sua expectativa de que Lula possa, no futuro, esclarecer publicamente sua posição.
As tensões se intensificaram ainda mais quando Maduro acusou Eduardo Páez Saboya, funcionário ligado ao governo Bolsonaro, de representar o Brasil na decisão de vetar a Venezuela como membro dos BRICS. No entanto, declarações subsequentes do chanceler brasileiro Mauro Vieira contradisseram essa narrativa, afirmando diretamente a Maduro que não havia impedimento formal do Brasil.
Cautela e Limites
Paralelamente, Celso Amorim, conselheiro próximo de Lula e figura influente na política externa brasileira, explicou que a expansão dos BRICS deveria ser cuidadosa e limitada a países com capacidade real de influência regional. Segundo Amorim, a atual situação política da Venezuela não atendia a esses critérios.
A relação entre Brasil e Venezuela é ainda mais complexa considerando as declarações passadas de Lula questionando a legitimidade das eleições venezuelanas e propondo soluções para a crise política do país, como um governo de coalizão ou novas eleições. Essa postura tem gerado desconforto entre as autoridades venezuelanas, que enxergam uma possível aliança entre o Brasil e os interesses dos Estados Unidos na região.
No contexto interno brasileiro, as recentes eleições municipais revelaram um panorama político desafiador para Lula. O Partido Liberal de Jair Bolsonaro emergiu como uma força significativa, refletindo um fortalecimento da direita no cenário político nacional. A ascensão desse grupo político sugere possíveis mudanças na dinâmica política do Brasil nas próximas eleições presidenciais em 2026.
Em suma, as relações entre Venezuela e Brasil permanecem tensas e complexas, influenciadas tanto por questões diplomáticas quanto por dinâmicas internas em ambos os países. Enquanto isso, Maduro continua a buscar reforçar os laços da Venezuela com os BRICS apesar dos desafios diplomáticos enfrentados.