Luiza Trajano fala sobre a importância de entender o racismo estrutural
Atualmente, apenas 16% dos cargos de liderança são ocupados por pessoas negras na Magazine Luiza. Programa de trainee 2021 visa alterar o cenário
- Data: 06/10/2020 20:10
- Alterado: 06/10/2020 20:10
- Autor: Izabel Rufino
- Fonte: Rádio Jornal
Em entrevista ao Roda Viva
Crédito:Reprodução/TV Cultura
Pare e pense comigo, em 23 minutos quantas coisas você é capaz de fazer? Preparar uma refeição, fazer um exercício físico, tomar um banho, passear com o seu animal de estimação? Enfim, opções não faltam. Mas agora pare e reflita, no mesmo tempo em que você faz uma atividade comum do dia a dia, um jovem negro é assassinado no Brasil.
Chocante, não é mesmo?! Até porque, somos uma nação com leis de igualdade entre povos, bem como muitas outras medidas voltadas para o assunto, mas será mesmo que apenas com isso o racismo deixa de existir? Aparentemente e cientificamente, não!
Poucas pessoas conhecem ou entendem do que se trata o racismo estrutural, porém esse é o termo usado para reforçar o fato de que a sociedade está estruturada com base na discriminação, ou seja, algumas raças são mais privilegiadas do que outras.
Não é muito difícil entender do que se trata quando estudos revelam que 54% da população, ou seja a maior parte, é negra, porém 96% dos parlamentares são brancos. E é importante dizer que o assunto tem vindo cada vez mais à tona, principalmente, entre empresas de grande porte, como a Magazine Luiza.
Isso porque a rede de lojas anunciou no fim de setembro que o programa de trainees 2021 vai aceitar apenas candidatos negros, como forma de fornecer uma diversidade racial nos cargos de liderança. Necessário salientar, ainda, que a varejista conta com um quadro de funcionários com 53% de pretos e pardos, mas apenas 16% em cargos altos.
Depois da divulgação da rede de lojas, houve um grande rebuliço por parte de outras pessoas, principalmente, daqueles que utilizam o racismo reverso como justificativa para a reclamação, ou seja, acham que a medida se enquadra em atos discriminatórios contra a maioria racial.
Luiza Trajano, empresária e dona da rede Magazine, aproveitou a entrevista ao Programa Roda Viva e falou sobre toda essa situação, explicando que, atualmente, existem poucos negros em cargos altos na rede. Além disso, o objetivo da ação é ofertar 20 vagas para pessoas de todo o Brasil, estes que não precisam ter o inglês como segunda língua.
Luiza também falou sobre o racismo estrutural, citado no começo desta matéria, dizendo, inclusive, que chorou ao entender o que o termo significava. Ademais, a empresária ressaltou a importância de todos entenderem do que se trata o racismo estrutural, bem como a necessidade do assunto.