Lojistas relatam prejuízo de até R$ 60 mil com apagão e perseguem carro da Enel
Lojistas da rua Deputado Lacerda Franco, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, relatam prejuízo de até R$ 60 mil devido à falta de luz. Já são quatro dias no escuro.
- Data: 15/10/2024 22:10
- Alterado: 15/10/2024 22:10
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Enel, fornecedora de energia de São Paulo.
Crédito:Reprodução
Segundo eles, um carro da Enel -concessionária responsável pelo abastecimento elétrico na cidade- passou pelo endereço na manhã desta terça-feira (15), mas não parou. Irritados, dois comerciantes, cada um em seu carro, perseguiram os técnicos para cobrar um posicionamento.
“Eles disseram que estavam tentando identificar onde estava o problema. Mas nem saíram do carro, muito menos subiram em postes”, conta Gilberto Fontana, 59, um dos que pararam a equipe de eletricistas. Ele comanda uma joalheria na Lacerda Franco.
A reportagem questionou a Enel sobre a demora no atendimento e a razão de o carro só ter passado na rua, mas não recebeu resposta até a publicação deste texto.
“Nem consigo contar quantas vezes liguei, e a cada vez eles mudam a previsão. Parece que é só para calar nossa boca”, desabafa Fontana.
Outra que perseguiu o carro da Enel, dona de uma franquia alimentícia da rua, não quis se identificar. Ela não teve perdas, pois o franqueador ajudou a guardar parte da comida. O resto, ela diz que armazenou onde pôde, até em freezer de cliente.
Já Roberto Barsomian, que é proprietário do restaurante Dozza, afirma ter deixado de faturar R$ 60 mil pelos dias perdidos de trabalho. “Tenho mais cinco lojas, mas só nessa caiu [a energia]. A região é muito ruim, é recorrente a queda de energia.”
O mesmo foi relatado por Patricia Knoplich, 52, proprietária de um pet shop. “Ano passado foi a mesma coisa”. Ela se refere às chuvas de novembro de 2023, que causaram apagão na capital.
Knoplich calcula prejuízo de R$ 15 mil até agora. Quase metade é devido a remédios que não podem ficar em ambientes com temperatura acima de 8°C e acabaram estragando. “O pior é que no quarteirão do lado tem luz, e no nosso, não.”
Os lojistas daquela rua consideraram alugar um gerador, mas deliberaram não compensar. Seria R$ 1.800 a cada seis horas de uso.
Em frente ao pet shop, a falta de luz está espantando os clientes de um salão de beleza. “Tem cliente que não quer ficar no escuro. Outros não entendem, acabam ficando bravos”, diz Lina Rosário, 40, dona do espaço.
Apesar de ainda manter alguns serviços, como manicure e lavagem de cabelo, ela estima prejuízo de R$ 15 mil até agora em serviços desmarcados.
MORADORES DE CONDOMÍNIO COMEMORAM – MAS NEM TODOS
Na Vila Andrade, na zona sul, a síndica Maristela Pagotto estima um gasto de até R$ 150 mil só em a limpeza do condomínio Parque Brasil. A força dos ventos derrubou 32 árvores no local.
“Graças a Deus não caiu árvore em cima de ninguém”, comenta. Ainda foram derrubados bancos e muros, e um poste foi partido ao meio.
Além da luz, o bombeamento de água -que necessita de energia- também parou, fazendo o condomínio contratar dois geradores. O atendimento da Enel só chegou ao endereço nesta terça-feira (15) e começou a religar a energia. Muitos moradores, porém, já não estavam mais lá.
Quatro idosos que dependem de aparelho para respirar tiveram que ser internados. Outro grupo não aguentou a situação, principalmente o fato de ter que tomar banho gelado, e foi para a casa de vizinhos e parentes.
Nesta manhã, enquanto a energia era religada, os presentes gritavam de suas janelas em comemoração.
Para alguns blocos, no entanto, foi informado que a religação seria mais lenta. Angela Crispim, 62, foi uma das residentes que não tiveram a energia restabelecida. Por isso, foi ao apartamento de um vizinho carregar seu celular.
“Joguei a metade da geladeira fora. A outra está começando a feder agora”, relata.