Kim Kataguiri e a Importância do Comando Partidário
Ao invés de encarar a desistência do candidato como fruto de sabotagem, é fundamental entender a dinâmica de poder que rege os partidos políticos, especialmente em grandes cidades como São Paulo
- Data: 02/08/2024 15:08
- Alterado: 02/08/2024 15:08
- Autor: Elias Tavares
- Fonte: Artigo
Deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP)
Crédito:Bruno Spada/Agência Câmara
A recente saída de Kim Kataguiri da disputa pela Prefeitura de São Paulo e suas alegações de sabotagem dentro do União Brasil chamam a atenção para um aspecto crucial da política brasileira: o comando partidário.
O Papel dos Dirigentes Partidários
No União Brasil, um dos partidos mais influentes em termos de verba e tempo de propaganda, o vereador Milton Leite exerce um papel central. Figura significativa e experiente na política paulistana, Leite demonstra um profundo conhecimento do poder partidário e habilidade em articulações políticas.
Sua decisão de apoiar a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB) não deve ser vista como um ato isolado de sabotagem contra Kim, mas sim como uma estratégia bem articulada de um dirigente que tem controle e visão sobre os rumos do partido.
O MBL e a Falta de Comando Partidário
O Movimento Brasil Livre (MBL), embora seja um grupo com grande influência política e uma base de apoio considerável, não possui a estrutura e o comando de um partido político. Isso coloca seus membros, incluindo Kim Kataguiri, em uma posição de vulnerabilidade, sempre dependentes das decisões dos dirigentes partidários. Sem o controle de um partido, figuras do MBL estão sujeitas às estratégias e interesses daqueles que detêm o poder dentro das siglas às quais estão filiados.
O Cenário de Jair Bolsonaro
Um exemplo claro dessa dinâmica é o do ex-presidente Jair Bolsonaro. Apesar de sua expressiva influência política, Bolsonaro não tem o comando do Partido Liberal (PL). Sua vontade de lançar um candidato próprio para a Prefeitura de São Paulo foi frustrada pelas decisões do partido, que também optou por apoiar Ricardo Nunes. Isso ilustra como até mesmo líderes com grande apoio popular podem ficar à mercê dos dirigentes partidários quando não possuem o controle das máquinas partidárias. A Centralização do Poder Partidário Cada vez mais, o poder dentro dos partidos políticos tende a se centralizar nas mãos dos dirigentes. Figuras como Milton Leite, com sua habilidade de articulação e conhecimento estratégico, mostram que o comando partidário é essencial para influenciar os rumos das candidaturas e alianças. Políticos que não possuem esse controle, mesmo com força eleitoral significativa, encontram dificuldades para avançar suas agendas e aspirações.
Conclusão
A desistência de Kim Kataguiri deve ser analisada sob a ótica da importância do comando partidário. Aqueles que desejam ter um impacto duradouro na política precisam reconhecer a necessidade de construir ou conquistar essa estrutura de poder dentro dos partidos. Sem isso, mesmo as figuras mais influentes continuarão reféns das articulações e decisões daqueles que detêm o verdadeiro controle.