Jovens da Fundação CASA se impressionam com apresentação do coletivo The Beatbox House
Grupo norte-americano, que é referência mundial, compartilhou experiências com adolescentes em internação na iniciativa cultural relacionada aos 200 anos das relações diplomáticas Brasil-EUA
- Data: 11/05/2024 09:05
- Alterado: 11/05/2024 09:05
- Autor: Redação
- Fonte: Fundação CASA
Crédito:Divulgação
Olhares incrédulos, expressões faciais de surpresa e interjeições que traduziam espanto dominaram nesta sexta-feira (10/05) a plateia de 40 adolescentes em internação no CASA Rio Paraná, centro socioeducativo da Fundação CASA no Complexo do Brás, em São Paulo, durante a apresentação do coletivo norte-americano The Beatbox House, uma referência mundial na arte de criar ou reproduzir músicas utilizando apenas os sons e ritmos produzidos com a boca (beatbox).
A exibição do coletivo e o compartilhamento de experiências com os jovens foram uma das diversas ações culturais organizadas pela Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil e a Santa Marcelina Cultura entre os dias 10 e 14 de maio, na capital paulista e no município de Campinas, no contexto das celebrações dos 200 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.
As ações envolvem polos do Guri, programa do Governo do Estado de São Paulo que oferece educação musical, arte e cultura para crianças e adolescentes, gerido pela Santa Marcelina Cultura, por meio de contrato de gestão celebrado com a Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo. A iniciativa ocorrida no CASA Rio Paraná ainda contou com a participação do Navox, grupo paulistano de beatbox.
Na apresentação no CASA Rio Paraná, os artistas Amit, Chris Celiz, Gene Shinozaki, Kenny Urban e Neil “NaPoM” Meadows não só apresentaram músicas baseadas nos sons de suas vozes, como também ensinaram alguns truques da arte para os adolescentes. Eles ainda compartilharam um pouco sobre suas experiências na vida artística e os percalços para viverem de sua arte. Do grupo de adolescentes que assistiu à apresentação, 21 deles aprendem percussão e canto e coral nas oficinas do Guri no centro socioeducativo da Fundação CASA. As aulas acontecem duas vezes na semana, com uma hora e meia de duração cada.
Para o diretor do CASA Rio Paraná, Dirceu Biapino de Jesus, a iniciativa propiciou aos jovens um instante de transposição dos muros da Instituição. “A cultura é primordial para os adolescentes privados de liberdade durante a medida socioeducativa. Quando os parceiros que trabalham com a música e a cultura vêm se apresentar, eles (os jovens) transpõem a realidade que vivem no momento e vislumbram um futuro melhor”, avaliou o diretor, destacando ainda a importância das oficinas do Guri no processo socioeducativo.
Durante a abertura, a diretora da Divisão Regional Metropolitana Capital (DRCAP), Kelly Gomes da Fonseca, acrescentou que apresentação e a troca de experiências poderiam indicar caminhos a serem trilhados pelos jovens. “O beatbox faz parte da cultura e do universo dos adolescentes (atendidos) e também é uma oportunidade profissional para o futuro”, pontuou.
“Hoje tivemos um programa muito inspirador e impactante na troca de experiências entre o The Beatbox House, o grupo Navox e os adolescentes da Fundação CASA. A ideia foi mostrar que o beatbox é uma forma musical que não exige nada além da performance do próprio corpo, o que torna acessível a todas as audiências”, afirmou o Adido Cultural do Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, Gerry Kaufman. “Em 200 anos de relações diplomáticas e de amizade, Brasil e Estados Unidos compartilham muitos traços e um deles é na cultura, tendo em comum os grupos de beatbox.”
Mais do que divertida, a apresentação do coletivo foi recebida com muito entusiasmo pelos jovens em internação. “Eu me identifiquei porque gosto de fazer letras de música e achei interessante como eles (os integrantes do The Beatbox House) conseguem fazer aquilo com a boca, pois parecia que havia uma caixa de som dentro deles”, opinou o jovem Augusto (nome fictício), que foi um dos jovens que se voluntariou a aprender algumas técnicas com um dos integrantes do coletivo. “Vi que posso fazer os beats das minhas canções.”
“A Fundação CASA proporciona a todos os adolescentes atendidos atividades que levam conhecimento, educação profissional e experiências culturais e esportivas para o cumprimento da medida socioeducativa, mas é sempre relevante contar com ações diferenciadas oferecidas pelos parceiros, como a Santa Marcelina Cultura”, pontuou o superintendente Pedagógico da Fundação CASA, Carlos Alberto Robles.
Os integrantes do The Beatbox House já venceram campeonatos de beatbox nos Estados Unidos entre os anos de 2014 e 2016. Também foram premiados em disputas internacionais entre 2015 e 2018, como o Grand Beatbox Battle, um campeonato anual que ocorre na Suíça, e o Beatbox Battle World Championships, um festival realizado a cada três anos em Berlim, na Alemanha, com batalhas cara a cara de beatbox realizadas em cinco diferentes categorias – individual masculino, individual feminino, tag-team, loop station e team battle.
Em janeiro deste ano, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil e o Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciaram a celebração do bicentenário das relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, com uma série de atividades e eventos a ocorrerem em 2024 para comemorar os fortes laços políticos, culturais e econômicos dos dois países. Estão programados seminários, programas de intercâmbio e eventos culturais.
As primeiras relações diplomáticas entre os dois países se estabeleceram em 26 de maio de 1824, quando os Estados Unidos reconheceram a independência do Brasil, ocorrida em 7 de setembro de 1822.