John Kerry minimiza eleição de Trump e diz que nem presidente tira agenda climática dos trilhos
John Kerry minimiza impacto de Trump na agenda climática, afirmando que compromissos globais seguem firmes, mesmo com mudanças na presidência dos EUA.
- Data: 07/11/2024 17:11
- Alterado: 07/11/2024 17:11
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Crédito:Reprodução
Secretário de Estado entre 2013 e 2017 e enviado especial do presidente Joe Biden para o clima entre 2021 e março de 2024, John Kerry minimizou a eleição do republicano Donald Trump e afirmou que nem mesmo o presidente dos Estados Unidos pode tirar a agenda climática dos trilhos.
“Uma pessoa, um homem, nem mesmo o poderoso presidente dos Estados Unidos pode tirar dos trilhos os esforços de 200 países ao redor do mundo”, afirmou Kerry.
As declarações foram dadas nesta quinta-feira (7) em palestra concedida de forma remota para a Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias. O evento acontece em Belém (PA) e é organizado pelo Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração).
John Kerry lembrou do primeiro mandato do presidente eleito Donald Trump, entre 2017 e 2021, marcado por reveses na agenda ambiental.
Em junho de 2017, Trump retirou os EUA do Acordo de Paris, compromisso firmado pela comunidade internacional em 2015 para limitar o aquecimento global. O país foi reintegrado ao instrumento em 2021, após a posse de Joe Biden.
Na avaliação Kerry, o governo Trump tirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, mas “o povo americano continuou dentro”, mantendo os compromissos com a agenda ambiental.
Destacou ainda que os governadores dos estados norte-americanos, sejam eles democratas ou republicanos, terão que obedecer a um portfólio de leis e instrumentos jurídicos vigentes em relação à questão climática.
Também lembrou que a primeira eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos em 2016 não reduziu os compromissos das empresas e governos com a questão climática. E disse esperar que os acordos já assumidos diante da comunidade internacional sejam mantidos.
“Minha esperança é que não aconteça nada contra isso [compromissos assumidos contra as mudanças climáticas]. Mas, se acontecer algo contra, a gente sabe que não vai ter o poder de causar uma disrupção”, afirmou.
Entre 2021 e 2024, John Kerry atuou como enviado especial do presidente Joe Biden para o clima. No cargo, ele atuou como o principal diplomata do presidente norte-americano sobre mudanças climáticas e trabalhou pela redução emissões de gases de efeito estufa que aquecem o planeta.
Antes, foi senador pelo estado de Massachusetts e Secretário de Estado na segunda gestão do democrata Barack Obama. Foi candidato a Presidência em 2024 pelo partido Democrata, mas foi derrotado para o então presidente George W. Bush.
Kerry disse considerar que o mundo avançou na questão climática desde a assinatura do Acordo de Paris, em 2015, quando cada país signatário concordou em ter o seu próprio plano para lidar com os efeitos das mudanças climáticas.
E destacou que a COP28 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), que ocorreu em Dubai em novembro de 2023, foi marcada pelo entendimento da necessidade de acelerar a transição dos combustíveis fósseis para as energias renováveis de forma justa, ordenada e efetiva.
“[A Conferência de ] Dubai disse que temos que fazer mais. E temos que fazer isso de forma constante e efetiva”, disse Kerry, mostrando otimismo em relação a novos avanços na COP29, que será realizada entre 11 e 22 de novembro em Baku, capital do Azeibarjão.
Em 2025, Belém vai sediar a COP30 -será a primeira vez que o evento da ONU, que discute clima e floresta, será realizado na região amazônica.
O evento no Brasil vai marcar os dez anos do Acordo de Paris e será palco da primeira grande revisão dos parâmetros estabelecidos no compromisso assinado em 2015.
Ao falar sobre o Brasil, Kerry destacou país deve fortalecer a sua bioeconomia com base em suas florestas e elogiou o presidente Lula (PT) por reduzir as taxas de desmatamento no país.
Também falou sobre a pecuária brasileira e defendeu que o país mantenha suas criações de gado em espaços menores de terra e busque soluções para reduzir as emissões de metano.
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O repórter viajou a convite do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração).