Itaú Cultural recebe temporada do premiado solo Azira’i, com Zahy Tentehar

Zahy alterna a língua portuguesa com o Ze’eng eté, dialeto do troco tupi-guarani, para abordar sua relação Azira’i Tentehar, primeira mulher pajé da reserva indígena de Cana Brava, no Maranhão, onde mãe e filha nasceram.

  • Data: 31/10/2024 08:10
  • Alterado: 31/10/2024 08:10
  • Autor: Redação
  • Fonte: Itaú Cultural
Itaú Cultural recebe temporada do premiado solo Azira’i, com Zahy Tentehar

Itaú Cultural recebe Zahy Tentehar com Azira’i, solo autobiográfico sobre memórias e vivências da atriz com sua mãe

Crédito:Daniel Barboza

Você está em:

De 7 a 17 de novembro, o Itaú Cultural apresenta Azira’i, solo autobiográfico com Zahy Tentehar, que assina a dramaturgia com Duda Rios. Ele também dirige a peça, ao lado de Denise Stutz. No palco, a atriz trata de memórias e vivências passadas ao lado da mãe, que dá nome ao espetáculo. De volta a novas temporadas no Brasil, a peça acaba de ser apresentada no Festival de Artes Vivas de Bogotá e no Chicago Shakespeare Theatre.

No dia 9 (sábado), às 16h, o Itaú Cultural recebe, ainda, o lançamento do livro Uma conversa sobre Azira’i – Um musical de memórias, com a dramaturgia do espetáculo. Nesse encontro, que acontece na Sala Vermelha do instituto, Zahy e Rios participam de conversa aberta ao público sobre a obra.

As sessões no Itaú Cultural são de quinta-feira a sábado, às 20h, e nos domingos e feriados, como o 15 de novembro, às 19h. Como todas as atividades do IC, os ingressos são gratuitos e devem ser reservados sempre na quarta-feira da semana anterior à apresentação, a partir das 12h, na plataforma INTI, com acesso pelo site www.itaucultural.org.br. Quem não conseguir garantir o seu, pode comparecer uma hora antes do evento ser iniciado, quando é formada uma fila de espera. Os ingressos que tiverem desistência serão distribuídos por ordem de chegada.

Azira’i é um solo autobiográfico que trata da relação entre Zahy Tentehar e sua mãe, primeira mulher pajé da reserva indígena de Cana Brava, no Maranhão, onde ambas nasceram. No palco, a filha alterna cenas em português e em Ze’eng eté, trazendo para o centro da cena o debate sobre os processos de aculturamento aos quais elas e tantas outras mulheres indígenas foram submetidas.

O espetáculo foi indicado ao Prêmio Shell 2023 em quatro categorias: Atriz, Iluminação, Dramaturgia e Cenário, sendo vencedora na categoria Melhor Atriz e Melhor Iluminação. Também foi indicada ao Prêmio APTR nas categorias Espetáculo, Direção, Iluminação e Jovem Talento – atriz. Neste momento, com a existência pela primeira vez no país de um Ministério dos Povos Originários, a realização de uma peça como esta ganha contorno especial

Montagem

Azira’i nasceu do desejo de Zahy contar as suas histórias reais, mostrando uma visão não romantizada dos povos indígenas. “Essa é uma história que é minha, mas também é a verdade de muitos brasis. É muito libertador poder falar do ser indígena de uma forma mais humanizada, sem estereótipos ou políticas”, diz ela. “Quero poder contar a história de uma pessoa, como de outras, que saiu de sua reserva, foi para a cidade, aprendeu uma outra língua e teve uma relação intensa com a mãe”, conclui.

Azira’i morreu em 2021, durante o processo de criação do espetáculo, que começou em 2019 – quando Zahy e Rios se conheceram no elenco de Macunaíma, sob direção de Bia Lessa e encenada pela companhia Barca dos Corações Partidos, também um projeto da Sarau Cultura Brasileira. A semente de criar uma peça teatral a partir daquela vivência em um contexto tão próximo, mas também tão distante, foi plantada nas inúmeras conversas que os dois tiveram no período. A atriz, que se define uma contadora de histórias, e Rios formataram em conjunto a dramaturgia percorrendo a história pelos pontos de vista da atriz, de sua mãe e de uma narradora. Denise Stutz se juntou à dupla mais tarde.

“Nosso maior desafio foi selecionar, entre tantas histórias que Zahy havia me contado ao longo de quatro anos, quais iriam compor a dramaturgia da peça. Às vezes queremos abordar muitas coisas em um espetáculo e terminamos perdendo o fio da meada. Mas se temos um eixo narrativo claro, a chance do público se envolver é maior”, conta o diretor. “Nesse aspecto, a chegada de Denise foi fundamental, pois ela entrou no projeto pouco antes do início dos ensaios, com um olhar fresco que nos ajudou a identificar o que era essencial para nossa narrativa”, completa.

O trio criou, assim, um espetáculo focado na performance, com apenas uma cadeira e uma cortina de corda crua como elementos de cena, além das projeções do multiartista Batman Zavareze na direção de arte e no design gráfico, da cenografia de Mariana Villas-bôas, dos figurinos de Carol Lobato e da iluminação de Ana Luzia Molinari de Simoni.

“Fui conhecendo as memórias de Zahy durante os meses de ensaio e fui me impressionando a cada dia pela potência das histórias de vida que ela contava e das narrativas sobre a mãe”, diz Denise. “Quando recebi o convite do Duda para me juntar a ele na direção desta montagem, tivemos conversas quase infinitas e o trabalho não faria sentido se a gente não escutasse primeiro os desejos de Zahy, afinal, é a história dela e são muitas memórias junto de sua mãe”, continua ela. “A partir dessa escuta e dos textos que ela e Duda escreviam começamos a tecer esse musical de memórias. O mundo da Zahy está no seu corpo, no seu canto, na sua presença, nas suas histórias, no que é único nela e que é também o outro”, conclui.

A mãe

Azira’i Tentehar foi uma mulher sábia, herdeira de saberes ancestrais e com vasto conhecimento sobre o mundo espiritual. Como pajé suprema, usava as plantas, a mão e o canto como ferramentas tecnológicas para curar. Zahy Tentehar, gerada e criada nesta mesma aldeia, recebeu da mãe seu legado espiritual.

Como artista, Zahy fez do canto uma de suas expressões, a qual pode ser vista no espetáculo, no qual canta lamentos ensinados por sua mãe e canções originais compostas por ela com Rios, sob a direção musical de Elísio Freitas. É neste musical de memórias que são apresentadas Azira’i e Zahy, mãe e filha, mulheres nucleares, distintas, diversas e espelhadas.

“Sou a filha caçula de minha mãe. A nossa relação, como a de muitas de nossos brasis, foi diversa: cheia de semelhanças e diferenças, com muitos afetos e composições importantes para nossa trajetória”, diz Zahy. Para ela, a presença de sua mãe é tão viva, que mantém a continuidade da relação das duas. “Quando pensei em trazê-la ao teatro, não foi para falar apenas dos meus sentimentos, foi para dialogarmos com nossos reflexos enquanto sujeitos coletivos. Gosto de nos ver, humanos, como espelhos, pois nossas histórias se entrelaçam e se compõem”, analisa Zahy.

SERVIÇO

Espetáculo Azira’i

De Zahy Tentehar

De 7 a 17 de novembro (quintas-feiras a sábados, às 20h, e domingos e feriados, às 19h – no dia 15 de novembro a sessão será às 19h)

Sala Itaú Cultural

Piso Térreo

Capacidade: 224 lugares

Duração: 80 minutos aproximadamente

Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos [violência]

Entrada gratuita: reservas de ingressos na quarta-feira da semana anterior à apresentação, a partir das 12h, na plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br

Lançamento do livro Uma conversa sobre “Azira’i – Um musical de memórias

Conversa com Zahy Tentehar e Duda Rios

Dia 9 de novembro (sábado), às 16h

Duração: 90 minutos

Local: Sala Vermelha do Itaú Cultural (Piso 3)

Capacidade: 70 lugares

Itaú Cultural

Avenida Paulista, 149, próximo à estação Brigadeiro do metrô

Compartilhar:
1
Crédito:Daniel Barboza
1
Crédito:Daniel Barboza

  • Data: 31/10/2024 08:10
  • Alterado:31/10/2024 08:10
  • Autor: Redação
  • Fonte: Itaú Cultural









Copyright © 2024 - Portal ABC do ABC - Todos os direitos reservados