Itaú Cultural apresenta As Criadas e A Barragem de Santa Luiza

As duas peças transitam por temáticas distintas, mas com eixos muito próximos: a relação entre opressor e oprimido

  • Data: 14/10/2019 09:10
  • Alterado: 14/10/2019 09:10
  • Autor: Redação
  • Fonte: Itaú Cultural
Itaú Cultural apresenta As Criadas e A Barragem de Santa Luiza

As Criadas

Crédito:Ronaldo Gutierrez

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Dando sequência às apresentações teatrais de outubro, nos dias 17 e 18 (quinta-feira e sexta-feira), às 20h, o Itaú Cultural recebe a peça As Criadas, dirigida por Eduardo Tolentino de Araújo, com Clara Carvalho, Mariana Muniz e Chris Couto no elenco. Nos dois dias seguintes, 19 e 20 (sábado, às 20h, e domingo, às 19) entra em cena A Barragem de Santa Luzia, primeira montagem da companhia Entre o Trem e a Plataforma.  

Em As Criadas, o texto de Jean Genet conta a história das irmãs Clara, interpretada por Clara Carvalho, e Solange, personagem de Mariana Muniz, empregadas no luxuoso apartamento de Madame, papel de Chris Couto, por quem nutrem ao mesmo tempo ódio e adoração. Basta que ela saia de casa para que as duas iniciem um jogo de submissão e poder em que usam as roupas, joias e maquiagens da patroa, imitando sua voz e gestos, em requintados e perversos rituais de faz-de-conta. Dia após dia, elas planejam a morte da patroa e, por meio de cartas anônimas com denúncias, acabam por levar seu amante para a prisão, mas, inesperadamente, ele é libertado e vai ao encontro de Madame. Logo as tramoias das duas são descobertas pelo casal e, sem saída, elas levam seu jogo perverso ao limite.

Como contou o diretor Eduardo Tolentino de Araújo, em recente entrevista, para a montagem da narrativa Genet se inspirou em um caso real da época em que duas irmãs mataram a patroa e a filha. A partir deste fato, ele compôs o texto sobre o exercício de poder e a relação entre opressor e oprimido, mas, ao contrário do que tudo indica, neste caso não inscrita dentro da luta de classes. A relação entre Clara, Solange e Madame se trata da revolta pelo rancor, de como os indivíduos, na esfera psicológica, lidam com situações opressivas. Um exemplo, ainda de acordo com o criador do Grupo TAPA, é o uso das roupas da patroa pelas criadas, em que uma se transforma na outra.   

Muito distante do contexto da França no início do século passado, esta relação entre opressor e oprimido se transporta de maneira diferente nos dois dias seguintes à apresentação de As Criadas, para as regiões ribeirinhas do semiárido nordestino, onde a personagem Maria Flor se vê diante da perda de seu território, prestes a ser destruído devido a inundação causada pela construção de uma usina hidroelétrica, em A Barragem de Santa Luzia.

A peça conta com dramaturgia e direção de Rudifran Pompeu, três vezes vencedor do prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de dramaturgia por A Casa, Marulho – o caminho do rio e Siete Grande Hotel: a Sociedade das Portas Fechadas. No enredo, Maria Flor, interpretada por Nataly Cavalcantti, está prestes a perder sua casa devido ao rompimento da barragem de Santa Luzia.  Ela, porém, se recusa a deixar seu pequeno pedaço de chão e decide construir o próprio destino a partir do barro de seu quintal. Deste ponto, Maria se coloca em diálogo, conflito e cumplicidade com João de Barro, vivido por Clayton Nascimento, o primeiro soldado de lama que ela esculpe para compor as fileiras de sua resistência, tanto concreta quanto imaginária. Os dois aguardam o anunciado rompimento da barragem enquanto decidem, juntos, o destino de uma velha caixa-mala deixada por seu bisavô.

 O espetáculo utiliza da fábula para propor a reflexão em um momento de contradição entre  luz e  escuridão, pois ao mesmo tempo em que a chegada da energia elétrica pode ser comemorada pela serventia básica de subsistência e tudo o mais que ela proporciona para a vida humana, por outro, ela também pode ser lamentada. A narrativa da peça, nesse sentido, explora o apagamento da memória e passado dos povos ribeirinhos por este tipo de tecnologia que muitas vezes destrói comunidades inteiras. A companhia Entre o Trem e a Plataforma aborda neste espetáculo temas como as contradições humanas, o pertencimento, a terra e a memória. A encenação constrói o caráter rústico e poético do sertão com dois atores e um músico presentes em cena.

Sobre os participantes

Eduardo Tolentino de Araújo é fundador e diretor do Grupo TAPA, com trinta e oito anos de carreira e mais de cinquenta direções teatrais entre clássicos e contemporâneos, nacionais e internacionais como Nelson Rodrigues, Maquiavel, Strindberg, Plínio Marcos, Alan Bennett, Lárs Norén, Shaw, Tchekhov e Pirandello. Algumas de suas produções recentes incluem O Jardim das Cerejeiras, de Anton Tchekhov; Doze homens e uma sentença, de Reginald Rose; As Criadas, de Jean Genet e O Torniquete, de Luigi Pirandello.

Entre o Trem e a Plataforma Companhia de Teatro começou a se constituir em 2014 a partir do desejo comum de alguns artistas em construir um espetáculo que tratasse dos povos que habitam as regiões ribeirinhas do semiárido nordestino, abrangendo significativamente o sertão brasileiro. O resultado desse encontro de artistas, reverbera na experiência do espetáculo A Barragem de Santa Luzia, que estreou em 2018 com o apoio do Prêmio Zé Renato de Teatro.

SERVIÇO:

As Criadas

Dias 17 e 18 de outubro (quinta-feira e sexta-feira), às 20h

Local: Sala Itaú Cultural

Capacidade: 224 lugares

Duração: 90 minutos

Classificação Indicativa: 12 anos

Entrada gratuita

Distribuição de ingressos:

Público preferencial: uma hora antes do evento, com direito a um acompanhante – os dois ingressos devem ser retirados no mesmo momento na bilheteria preferencial 

Público não preferencial: uma hora antes do evento – um ingresso por pessoa

A Barragem de Santa Luzia

Dias 19 e 20 de outubro (sábado, às 20h, e domingo, às 19h)

Local: Sala Multiuso

Capacidade: 70 lugares

Duração: 70 minutos

Classificação Indicativa: 14 anos

Entrada gratuita

Distribuição de ingressos:

Público preferencial: uma hora antes do evento, com direito a um acompanhante – os dois ingressos devem ser retirados no mesmo momento na bilheteria preferencial 

Público não preferencial: uma hora antes do evento – um ingresso por pessoa

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Crédito:Ronaldo Gutierrez
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Crédito:Ronaldo Gutierrez As Criadas

  • Data: 14/10/2019 09:10
  • Alterado:14/10/2019 09:10
  • Autor: Redação
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