Intolerância religiosa: Pai de santo em Campinas recebe carta ameaçadora e pede justiça

Intolerância religiosa aumenta na região, exigindo urgência em combater essa violência

  • Data: 22/01/2025 12:01
  • Alterado: 22/01/2025 12:01
  • Autor: Redação
  • Fonte: G1
Intolerância religiosa: Pai de santo em Campinas recebe carta ameaçadora e pede justiça

Rio teve quase 3 mil crimes ligados à intolerância religiosa em 2023

Crédito:Tânia Rêgo - Agência Brasil

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Em um preocupante incidente registrado no último domingo, 19 de janeiro, um terreiro em Campinas (SP) foi alvo de uma nova ameaça direcionada ao pai de santo Carlos Alberto Marques Júnior, conhecido como pai Faku. Câmeras de segurança do local capturaram o momento em que um homem se aproxima do portão e deixa uma carta ameaçadora antes de se afastar.

Esse ato de intolerância religiosa não é um caso isolado. Pai Faku relatou que o centro religioso enfrenta ataques sistemáticos há dois anos, culminando em episódios recentes que incluem ameaças por meio de correspondências. Na terça-feira, 21 de janeiro, data em que se commemorou o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, ele se dirigiu à delegacia para formalizar um boletim de ocorrência contra o agressor.

A carta recebida continha uma mensagem alarmante: “senhor pai de santo, eles mandam te matar”, mencionando crianças e outras pessoas, o que gera grande preocupação entre os membros da comunidade. Pai Faku expressou sua esperança de que as autoridades tomem medidas adequadas para assegurar a justiça nesse contexto de violência e discriminação.

Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos revelam que a região de Campinas contabiliza cerca de duas denúncias mensais relacionadas à intolerância religiosa. Em 2022, foram registradas 27 ocorrências em sete cidades da área, com números semelhantes até o momento em 2023. Embora as estatísticas englobem diversas formas de intolerância religiosa, especialistas destacam que as religiões afro-brasileiras são as mais afetadas por tais agressões.

A professora Edna Almeida Lourenço, do centro de estudos africanos e afro-brasileiros da PUC Campinas, ressaltou a importância da data comemorativa, que surgiu em memória da mãe Gildasia, vítima de um ataque racista que resultou em sua morte. Segundo ela, a intolerância religiosa frequentemente está associada a questões raciais, caracterizando uma forma insidiosa de discriminação.

Waleska Miguel Batista, professora de direito e coordenadora do mesmo centro na PUC-Campinas, observou um aumento nas denúncias por parte das vítimas. Ela enfatizou que toda ação que desrespeita a liberdade religiosa deve ser considerada criminosa e alertou para as manifestações sutis de violência presentes no cotidiano, como piadas e discriminações no ambiente profissional.

Pai Faku lembrou outros episódios violentos enfrentados pelo terreiro, como apedrejamentos e ataques com ovos, reiterando o pedido por justiça e respeito. Ele defendeu a necessidade da sociedade acolher as tradições afro-brasileiras e não deixar que os praticantes dessas religiões vivam com medo ou perseguições.

Com os registros de intolerância religiosa crescendo em São Paulo e no Brasil como um todo, a urgência em combater essa problemática se torna cada vez mais evidente.

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  • Data: 22/01/2025 12:01
  • Alterado:22/01/2025 12:01
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