Internações por Covid têm alta em SP
A média móvel é a média de casos dos últimos sete dias. O indicador permite analisar se o número neste caso, de internações tem aumentado ou diminuído ao longo das semanas
- Data: 31/08/2023 13:08
- Alterado: 31/08/2023 13:08
- Autor: Redação
- Fonte: Patrícia Pasquini/FOLHAPRESS
Crédito:Divulgação
Dados levantados pela plataforma SP Covid-19 InfoTracker criada por pesquisadores da USP e da Unesp com apoio da Fapesp para acompanhar a evolução da pandemia mostram que houve um aumento na média móvel de novas internações e no total de hospitalizados por Covid-19 no estado de São Paulo.
A média móvel é a média de casos dos últimos sete dias. O indicador permite analisar se o número neste caso, de internações tem aumentado ou diminuído ao longo das semanas.
Os dados da plataforma levam em conta enfermarias e UTIs públicas e privadas. Em 9 de agosto, a média móvel de novas internações era 74. Na semana seguinte, subiu para 76; e nos dias 23 e 30 alcançou 87 e 101, respectivamente.
Ao comparar os dias 9 e 30, o aumento registrado é de 36%.
“Um dado considerado crítico é o das novas internações, pois esta é a terceira semana consecutiva de crescimento, escalando de forma cada vez mais acentuada”, afirma Wallace Casaca, professor da Unesp e coordenador da plataforma SP Covid-19 InfoTracker.
“Nesta última semana, o salto nas internações foi de 16%. Agosto foi o mês de reversão desta curva. Saímos de uma tendência de declínio contínuo das hospitalizações nesses últimos meses e passamos a registrar uma ascensão”, acrescenta. “Isso evidencia que existe uma aceleração na transmissão da Covid no estado, possivelmente reflexo das novas subvariantes Ômicron, em especial a EG.5.”
O total de internados também apresentou crescimento. Em 9 de agosto, 512 pacientes estavam hospitalizados por suspeita ou confirmação de Covid no estado. Na semana seguinte, 517. Nos dias 23 e 30, 558 e 589 pessoas estavam internadas, respectivamente.
INTERNAÇÕES TÊM 3ª ALTA DESDE NOVEMBRO
No dia 24 de novembro de 2022, a média móvel de novas internações estava em 476, com 3.222 hospitalizados.
O último pico mais elevado da Covid-19 ocorreu em 9 de março deste ano, quando a média móvel de novas internações foi de 272, com 2.016 internados.
“Em novembro do ano passado, houve rápido crescimento da curva de internações por Covid-19, com pico registrado no final do mês. Depois, começou a arrefecer. Voltou a subir em meados de fevereiro, atingiu novo pico em março e declinou. E agora, em agosto, temos novo aumento”, diz o pesquisador.
“Provavelmente não vamos atingir os marcos de novembro e março, mas a situação não deve ser relativizada, pois houve aumentos expressivos no Hemisfério Norte, provocados pelas novas sublinhagens. O aumento da transmissão observado em agosto preocupa, exigindo cuidados por parte da população, especialmente pelos grupos de risco. Isso inclui o uso de máscaras em locais fechados e com aglomerações e reforço vacinal”, afirma Casaca.
Na avaliação de Evaldo Stanislau de Araújo, infectologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, não haverá novas ondas de Covid-19. O vírus sofreu mutações e continua em circulação, mas não há impacto clínico do ponto de vista de um aumento expressivo no número de infecções.
“Hoje nós estamos numa situação melhor para enfrentar a Covid, porque temos exames, antivirais, vacinas e imunidade, decorrente tanto da exposição do vírus como da vacina. Qual é a nossa fragilidade? E é isso que me preocupa ?a cobertura vacinal está muito baixa, e a testagem para Covid também, no mundo todo, é expressivamente menor”, afirma Araújo. “Ao testar menos, enxergamos menos o que está acontecendo com o vírus.”
Segundo o especialista, se a cobertura vacinal e a testagem continuarem baixas, no futuro o cenário poderá ser diferente. A reportagem o questionou se existe a possibilidade de novas variantes estarem circulando de forma silenciosa no Brasil, e a resposta foi sim.
Até esta quarta-feira (30) o país havia confirmado dois casos da variante EG.5 do coronavírus, em São Paulo e no Rio de Janeiro. A BA.2.86 ainda não foi detectada no Brasil.
O placar de testes dentro da plataforma da Fundação Seade, com dados de laboratórios públicos e privados, deixou de ser alimentado em maio de 2023, quando a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional para a Covid-19.
Ao analisar os cinco primeiros meses de 2023, observa-se uma queda brusca de testes ?de 41.861, em janeiro, para 1.756 em maio.
“Continuo recomendando que qualquer pessoa com sintoma respiratório faça o teste. Se o médico não pedir, vá à farmácia e faça o autoteste. Se der positivo, procure o médico. Se der negativo e for uma suspeita clínica muito importante ou se tratar de uma pessoa de maior risco, como idoso ou pessoa com comorbidades, repita o teste em 48 horas”, aconselha Araújo.
SP TEM 181 MIL MORTES POR COVID
Do início da pandemia até 30 de agosto, o estado de São Paulo registrou pouco mais de 6,6 milhões de casos e 181,1 mil mortes pela doença.
Dos mortos, cardiopatas (57,9%), diabéticos (41,1%) e obesos (13,1%) são a maioria, segundo dados do boletim epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde.
TAXA DE POSITIVIDADE NO PAÍS SALTA EM UM MÊS
A taxa de positividade para SARS-CoV-2 no país passou de 7% para 15,3% entre as semanas encerradas em 22 de julho e 19 de agosto.
Os percentuais mais elevados foram observados na faixa etária de 49 a 59 anos (21,4%) e acima de 80 anos (20,9%).
Nos estados analisados, Minas Gerais, com 21,4%, e Goiás, com 20,4%, são os que apresentam as maiores taxas de positividade para Covid-19. Em seguida estão Distrito Federal (19,5%), Paraná (15,7%), São Paulo (14,1%) e Mato Grosso (13,6%).
A análise é do Instituto Todos pela Saúde, com base em dados de 1.196.275 diagnósticos feitos entre 14 de agosto de 2022 e 19 de agosto de 2023 pelos laboratórios Dasa, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), Hilab, HLAGyn e Sabin.