Inflação alimentar supera 10% em São Paulo; veja capitais mais afetadas
Campo Grande, Goiânia e São Paulo lideram o ranking com elevações acima de 10% nos preços de alimentos, destacando a pressão inflacionária no Brasil
- Data: 28/01/2025 09:01
- Alterado: 28/01/2025 10:01
- Autor: Redação
- Fonte: IBGE
Crédito:Valter Campanato/Agência Brasil
Em meio a crescentes preocupações com a inflação, o governo federal está avaliando possíveis ações para mitigar o impacto da alta nos preços dos alimentos no Brasil. Dados recentes do IBGE revelam que três capitais registraram aumentos expressivos nos custos de alimentação em domicílio em 2024: Campo Grande (MS) com um aumento de 11,3%, Goiânia (GO) com 10,65% e São Paulo (SP) apresentando um incremento de 10,07%, conforme os microdados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Na última quarta-feira, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, mencionou a possibilidade de um “conjunto de intervenções” para reduzir os preços dos alimentos. Contudo, após repercussões negativas, sua assessoria esclareceu que o governo não pretende adotar medidas que possam ser vistas como artificiais ou que impactem negativamente as contas públicas.
Capitais registram maiores altas na inflação alimentar
De acordo com André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre, as cidades brasileiras que consomem mais carne bovina estão enfrentando uma inflação alimentar acentuada. Em Campo Grande, por exemplo, os preços dessa proteína subiram 31,32%, enquanto Goiânia e São Paulo tiveram aumentos de 24,21% e 26,54%, respectivamente. “Cidades onde a carne bovina tem um peso maior na dieta foram mais afetadas pela inflação devido ao expressivo aumento desses produtos”, afirmou Braz.
A popularidade do governo Lula tem mostrado sinais de deterioração no Nordeste, uma região que foi crucial para sua vitória nas eleições de 2022. Pesquisas da Quaest indicam que a desaprovação da gestão Lula na região cresceu de 26% em outubro para 37% em janeiro deste ano.
Os dados do IBGE também mostram variações nos preços dos alimentos em outras capitais nordestinas: São Luís (MA) viu uma alta de 9,56%, Fortaleza (CE) teve um aumento de 8,1%, enquanto Recife (PE), Salvador (BA) e Aracaju (SE) registraram variações menores, com aumentos entre 5% e 6%.
Impacto na popularidade do governo e variações regionais
Braz observa que o consumo predominante de peixes na região pode ter contribuído para a menor pressão inflacionária. A alta nos preços dos pescados foi apenas de 0,8%, enquanto a carne bovina subiu consideravelmente em todo o país, com um aumento médio de 20,8%. “Com rendas geralmente mais baixas no Nordeste, qualquer elevação nos preços dos alimentos impacta diretamente a percepção pública sobre os governantes”, completou.
Felipe Nunes, sociofundador da Quaest Pesquisa e Consultoria, destaca que a inflação alimentar tem sido um fator significativo na queda da popularidade do governo. A pesquisa revelou que 83% dos entrevistados em janeiro acreditavam que os preços dos alimentos haviam aumentado no último mês, em comparação a 65% que opinaram assim em outubro anterior.
No entanto, Porto Alegre (RS) se destacou por apresentar a menor alta nos preços alimentares em 2024, com um crescimento modesto de apenas 2,89%. Segundo André Braz, essa estabilidade se deve à superoferta de produtos na capital gaúcha, consequência das iniciativas implementadas para lidar com os impactos das chuvas na região. Além disso, Luis Otávio Leal, da G5 Partners, ressaltou que mais de 60% da produção nacional de carne bovina é oriunda dessa área, ajudando a controlar os preços.
Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa IPCA, enfatiza as discrepâncias entre as cidades: “As carnes em São Paulo tiveram uma variação anual de 26,54%, enquanto em Porto Alegre esse aumento foi de apenas 10%“.