Infectologista da PUC-Campinas vê erro do governo em flexibilizar atividades na pandemia
Especialista acredita que medida pode interromper o recente avanço no controle das transmissões; RMC segue com déficit de leitos de UTI
- Data: 20/04/2021 14:04
- Alterado: 20/04/2021 14:04
- Autor: Redação
- Fonte: PUC Campinas
Two colleagues avoid a handshake when meeting in the office and greet with elbows bumping
Crédito:Reprodução
A “fase de transição” anunciada pelo Governo do Estado de São Paulo na última sexta-feira (16), que permite maior flexibilização das atividades econômicas, foi considerada precipitada na visão do infectologista André Giglio Bueno. Em análise pelo Observatório PUC-Campinas, que mostrou novo decréscimo de casos e mortes na Região Metropolitana de Campinas (RMC) durante a 15ª Semana Epidemiológica, o médico reforçou que a situação da pandemia ainda exige cautela.
No período de análise (11 a 17 de abril), a região contabilizou 7,3 mil casos e 386 mortes. Houve redução de 10,5% e 6%, respectivamente, em relação à semana anterior. A melhora ocorre após o colapso do sistema de saúde no mês de março, cujo número de contaminações e óbitos atingiu o pico desde o início da pandemia. Para o especialista, a medida mais branda pode interromper o recente avanço no controle das transmissões.
“A palavra que nos vem à mente é precipitação. Outras opções seriam falta de cautela ou, ainda, pressão intensa de setores econômicos. O modelo de controle das fases críticas da pandemia no Estado jamais foi aquele observado em outros países, que se mostrou efetivo na redução rápida de casos, aliviando a sobrecarga do sistema de saúde. Com a decisão já tomada pelo governo de adotar novas flexibilizações, possivelmente teremos aumento na circulação do vírus”, diz Giglio.
Embora o número de internações no Departamento Regional de Saúde de Campinas, que integra os municípios da RMC, tenha reduzido em quase 10% (foram 1.585 na 15ª Semana contra 1.753 no período anterior), o momento da pandemia na região segue crítico. Em Campinas, as UTIs do sistema público de saúde estão praticamente lotadas, com taxas próximas a 100%. O déficit faz com que pacientes aguardem vagas por leitos intensivos.
“A aposta do governo é que o ritmo de decréscimo das novas internações siga a tendência atual de queda. Contudo, com o início precoce das flexibilizações, a trajetória pode mudar de direção. O grande risco é que a população, tomada por uma falsa mensagem de controle na circulação do vírus, relaxe nas medidas de prevenção”, avalia o professor de Medicina da PUC-Campinas.