Indígenas de São Paulo falam sobre lutas e desafios
No Dia dos Povos Indígenas, celebrado nesta quarta-feira (19), aldeias da cidade lutam para manter vivas tradições e costumes
- Data: 20/04/2023 08:04
- Alterado: 01/09/2023 17:09
- Autor: Redação
- Fonte: Prefeitura de São Paulo
Indígenas de São Paulo falam sobre lutas e desafios
Crédito:Prefeitura de SP
Segundo censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há cerca de 3 mil indígenas vivendo em aldeias na cidade de São Paulo. A quase 70 quilômetros do centro da capital, mais precisamente em Parelheiros, no extremo sul, estão 880 deles divididos em 16 aldeias. Nesta quarta-feira (19), Dia dos Povos Indígenas, eles falam sobre os desafios para manter as tradições mais vivas do que nunca.
Afastados da intensa movimentação da metrópole, os indígenas da aldeia Tapé Mirim se esforçam para preservar suas raízes e propagar seus costumes, mas sem se desconectar da cidade.
Quem vai à Aldeia Tapé Mirim, formada por cerca de 50 pessoas, entre crianças e adultos, logo vê a cozinha comunitária, que fica na entrada do local. Além disso, há um pequeno açude com peixes e uma variedade de animais que correm livremente pela mata.
Costumes iguais
Apesar disso, a Cacique dos Tapé Mirim, Laura Guarany, 54, conta que não há muita diferença com relação aos centros urbanos. “Nos dias úteis, todos trabalham. Mas quando chega o fim de semana é difícil encontrar alguém aqui. Vão todos jogar bola”, disse a liderança, referindo-se às atividades que acontecem entre as aldeias.
Ela também revela que o intercâmbio entre as aldeias da cidade e de outros lugares do país é bem forte. “Esse feijão aqui, eu trouxe dos Nambikwara, do Mato Grosso”, disse, apontando para uma plantação.
No dia a dia entre os indígenas, há uma série de procedimentos que são aplicados e a cacique cita a importância de uma rede de apoio entre todos os povos. “Se algum problema de convivência acontece entre um morador de alguma aldeia, nós podemos receber essa pessoa e resolver”.
Além disso, na Casa de Reza, os moradores da aldeia contam suas histórias, resolvem suas desavenças e também fazem jus ao nome do local, tocando instrumentos sagrados, por exemplo. Entretanto, o Dia dos Povos Indígenas, celebrado desde 1943, não é exatamente uma data com boas lembranças. “É um dia de luto. Nosso sangue foi muito derramado”, lamenta a cacique.
Dieguito, 23, lembra que a data é levada muito a sério. “Muitos conhecem esse dia. Infelizmente, não é feriado. Todo dia é dia dos povos indígenas”. Para ele, o 19 de abril deveria ser considerado um feriado nacional.
Mesmo em meio a tantas lutas, Dieguito não esconde a felicidade ao falar sobre sua terra e ressalta, com alegria, sobre as atividades esportivas que acontecem nas aldeias. “Tem uma copa de futebol entre as aldeias da cidade. Aqui nós jogamos muito futebol”, disse o indígena que, aliás, é tricampeão em outra modalidade: arco e flecha.
Rede Socioassistencial
A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) segue uma rotina de trabalho contínuo junto ao Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) de Parelheiros, em conjunto com lideranças indígenas, para garantir o acesso aos serviços de assistência social e promover a valorização da cultura das aldeias.
São Paulo tem aldeias em duas regiões da cidade: Parelheiros, zona sul, e no Jaraguá, zona norte. De janeiro do ano passado a março deste ano, 186 indígenas foram atendidos em equipamentos de acolhimento. O bairro da Mooca, zona leste, registrou o maior número de acolhimentos, 77, seguido da Sé, com 73, e de Santana e Tucuruvi, com 12.
A rede socioassistencial é uma importante ferramenta para a promoção da inclusão social e valorização da cultura indígena, atendendo 21 aldeias, prestando diversos serviços, como atualizações de CadÚnico, Benefício Alimentação, ítens de primeira necessidade, quando houver demanda e também por meio de parcerias com outros órgãos públicos, como a Fundação Nacional do Povos Indígenas (FUNAI), que oferece o documento dos Jurua-kuery – trata-se do Registro Geral Civil (RG) e tem este nome porque Jurua-kuery significa não indígenas.