Hacktivismo difere de crime digital pelo ideal da divulgação social
Assunto foi debatido durante o V Congresso de Crimes Eletrônicos e Formas de Proteção, realizado na FecomercioSP.
- Data: 13/08/2013 07:08
- Alterado: 13/08/2013 07:08
- Autor: Redação
- Fonte: FecomercioSP
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A realização de ataques digitais que buscam utilizar plataformas eletrônicas para disseminar insatisfações em torno de uma causa comum é o principal ponto que diferencia o hacktivismo do cibercrime. A afirmação foi do sócio-fundador da Tempest Security Intelligence, Cristiano Lincoln, durante o primeiro dia do V Congresso de Crimes Eletrônicos e Formas de Proteção, realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
“Uma coisa que destaca ou diferencia ações de hacktivismo e de “hacker” é o aspecto da divulgação. O hacktivismo, seja legal ou ilegal, visa a divulgação de uma causa, uma interação, um retorno com a sociedade. Já um grupo de hackers que entra em um ambiente digital por realização pessoal, não quer ser divulgado”, assinala Lincoln.
O tema foi pauta do debate “Hacktivismo – desmitificando o conceito e entendo melhor a dinâmica dos ataques”, no qual os palestrantes indicaram a origem do termo. Segundo o coordenador do Laboratório ACME! de Pesquisa em Segurança da UNESP de São José do Rio Preto, Adriano Cansian, os hackers surgiram com o objetivo de resolver problemas difíceis com o uso de criatividade.
“Esses grupos de entusiastas pelos computadores tinham habilidades em programação e em resolver problemas. Nos anos 80, entretanto, começaram a aparecer as primeiras atividades que eram supostamente atividades criminosas”, indicou Cansian.
Para o analista de inteligência em segurança da RSA, Anchises de Paula, a prática do hacktivismo se tornou alternativa para grupos reivindicarem. “O hacktivismo entra quando se utiliza a tecnologia como um pano de fundo ideológico, como através de um ciberataque”, afirmou. Apesar disso, existe uma linha tênue que separa esse tipo de ataque dos delitos eletrônicos. Para o analista, quando o uso da tecnologia é feito para alterar informações, roubar dados e burlar os controles de segurança, a prática deixa de se configurar como hacktivismo, sendo considerada um crime.
Cansian também compartilha da mesma opinião. “O ataque começa a virar crime quando passa a violar os direitos de outra pessoa. O problema é que não vejo como fazer isso sem perturbar alguém. Não há como fazer ativismo no sentido legal. Em algum momento alguma fronteira vai ser transpassada”, assinala.
Ainda de acordo com o coordenador do Laboratório ACME!, o Brasil se destaca mais entre os ataques com fins criminosos. “O que nós temos no Brasil são grupos e gangues de criminosos digitais organizados. Vejo pequenas iniciativas de grupos de hackers organizados. Presente mesmo no País é o crime digital, basicamente com fraudes para enganar as pessoas, roubar senhas e lavar dinheiro com laranjas”, afirma.
Os especialistas ainda indicaram a preocupação de ataques hacktivistas se tornarem ferramenta de confronto entre países, considerando a capacidade de se espalhar de forma muito consistente.
A mediação do debate foi realizada pelo sócio da STS Produções, Willian Caprino.
O Congresso acontece nos dias 12 e 13 de agosto e todas as informações do evento estão no site http://www.fecomercio.com.br/crimeseletronicos/.
Serviço
V Congresso de Crimes Eletrônicos e Formas de Proteção
Data: 12 e 13 de agosto
Local: FecomercioSP
Endereço: Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – Bela Vista