Guarujá: turistas ignoram alerta e continuam a frequentar praia imprópria
Apesar do aumento de locais impróprios para banho e do surto de virose, turistas ainda frequentam a praia da Enseada, em Guarujá, embora preocupações com saúde e condições ambientais cresçam na região.
- Data: 13/01/2025 21:01
- Alterado: 13/01/2025 21:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Helder Lima/Prefeitura do Guarujá
O surto de virose que se espalha pelas cidades litorâneas de São Paulo, juntamente com o aumento dos pontos considerados impróprios para banho, não parece ter desestimulado os turistas que visitam a praia da Enseada, em Guarujá.
Na última sexta-feira (10), foram entrevistados tanto visitantes quanto trabalhadores da região. A praia da Enseada, localizada nas proximidades da Avenida Santa Maria, figura entre os 51 locais apontados como inadequados para banho no último boletim divulgado pela CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) na quinta-feira (9).
A situação crítica é exacerbada pela presença de lixo, chuvas intensas e a falta de saneamento básico, fatores que contribuem para a contaminação das praias na Baixada Santista. O aumento no número de locais impróprios, que saltou de 38 na semana anterior, alerta autoridades e cidadãos.
Monique Oliveira, terapeuta ocupacional de 27 anos, demonstrou cautela ao desfrutar do dia ensolarado. Embora estivesse consumindo bebidas e aproveitando o ambiente, optou por não entrar no mar. “Estou apenas tomando água engarrafada e evitando qualquer comida à beira-mar. Para meus cachorros, também estou dando água mineral,” afirmou Monique, que havia postergado sua volta a Guarujá após as notícias sobre o surto.
Próximo ao local onde Monique se encontrava, uma tubulação visivelmente descarregava água com odor de esgoto, cercada por resíduos como sacolas plásticas e embalagens. Essa situação revela um grave problema ambiental na região.
Outro visitante, Poliana Mendes, enfermeira de 41 anos, expressou suas preocupações junto ao marido e filhos. Apesar das apreensões geradas pelas notícias sobre a virose e as recentes chuvas que causaram alagamentos, a família decidiu viajar de Botucatu para Guarujá. Poliana comentou: “Inicialmente pensamos em cancelar a viagem devido às circunstâncias, mas decidimos arriscar. Até agora, ninguém ficou doente.”
A Prefeitura de Guarujá defendeu que não há evidências conclusivas sobre o despejo de esgoto naquele ponto específico. Segundo informações oficiais, existe uma galeria destinada às águas pluviais que pode contribuir para o acúmulo de sedimentos na praia durante períodos chuvosos.
Debora Garcez, 48 anos, que estava hospedada com sua família em duas casas na orla da praia da Enseada, mencionou já conhecer pelo menos seis casos confirmados de virose entre seus conhecidos. “A cidade pode se preparar o máximo possível, mas isso nunca parece ser suficiente quando há tanta gente,” disse Debora. Ela acredita que muitos turistas não tomam precauções adequadas com alimentos e bebidas durante a estadia.
A situação tem impactado diretamente o comércio local. Luis Fernando Moreira, um garçom de 18 anos em um quiosque da praia, relatou uma queda significativa no número de clientes: “É difícil conseguir R$100 em vendas num dia normal agora. As pessoas estão evitando comer aqui devido ao cheiro,” lamentou ele.
Embora os comerciantes sintam os efeitos negativos do surto nas vendas, um guarda-vidas local observou que esperava um aumento no movimento durante o fim de semana devido à chegada de excursões ao litoral.
Em suma, enquanto alguns turistas continuam visitando a praia da Enseada sem grandes preocupações aparentes com as condições sanitárias e ambientais locais, a situação é motivo de apreensão tanto para os residentes quanto para os trabalhadores do comércio local. As autoridades recomendam que os banhistas verifiquem previamente as condições das praias antes de se aventurarem ao mar por meio do site ou aplicativo da CETESB.