Governo lança mais um mutirão para renegociação de dívidas
Especialistas alertam sobre planejamento financeiro e riscos da inadimplência
- Data: 17/12/2024 07:12
- Alterado: 17/12/2024 07:12
- Autor: Redação
- Fonte: G1
O governo federal anunciou um novo mutirão voltado à renegociação de dívidas, refletindo a crescente preocupação com o aumento da inadimplência no Brasil. Este evento ocorre em um contexto de taxas de juros elevadas e uma clara falta de planejamento financeiro entre as famílias brasileiras.
De acordo com um estudo realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em conjunto com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 85% dos consumidores que estavam negativados em outubro eram reincidentes, indicando que já haviam enfrentado problemas de inadimplência nos últimos doze meses. Além disso, a pesquisa revelou que o tempo médio entre o vencimento de uma dívida e o surgimento de outra é de 75,5 dias, ou cerca de 2,5 meses.
O novo mutirão, lançado nesta segunda-feira (16), representa uma oportunidade significativa para aqueles que buscam regularizar sua situação financeira. No entanto, especialistas ressaltam a importância de um planejamento adequado antes de se envolver em negociações.
Panorama da Inadimplência no Brasil
Embora haja uma leve melhora no índice de inadimplência em comparação ao ano anterior — quando as taxas chegaram a 13,75% ao ano — o cenário econômico ainda apresenta desafios. Os dados do Banco Central revelam que o endividamento das famílias alcançou 48% em setembro deste ano, uma ligeira queda em relação aos 48,1% registrados no mesmo período do ano passado, mas distante dos níveis pré-pandemia, que eram de 42,1% em fevereiro de 2020.
A especialista em finanças da CNDL, Merula Borges, aponta que as altas taxas de juros são um fator determinante para esse panorama. “A obtenção de crédito torna-se mais onerosa e complicada. Ademais, dívidas atreladas à Selic também são ajustadas conforme as novas elevações nas taxas”, explica Borges.
Ainda que o Banco Central tenha implementado um ciclo de redução das taxas entre agosto de 2023 e maio de 2024, a recente alta das taxas para 12,25% ao ano acende um alerta sobre a capacidade das famílias em manter suas finanças sob controle.
Causas da Reincidência nas Negativações
Segundo especialistas consultados pela reportagem, a principal razão para que os consumidores retornem aos cadastros de negativação é a falta de organização financeira. A educadora financeira Aline Soaper destaca: “Muitos enfrentam um custo de vida superior à sua renda. Para tentar resolver essa situação, muitos recorrem a novas dívidas ou à venda de bens, mas isso frequentemente resulta em um ciclo vicioso.”
Os dados indicam que entre os consumidores reincidentes:
- 60,8% ainda não haviam quitado dívidas anteriores até outubro;
- 24,2% saíram do cadastro nos últimos doze meses mas retornaram;
- 15% não apresentaram restrições no CPF nesse período.
Borges ressalta que muitos consumidores falham em cumprir os acordos feitos durante a renegociação não por má-fé, mas devido à falta de estruturação financeira adequada.
Estratégias para Evitar a Inadimplência
Para evitar novas negatividades, algumas medidas práticas podem ser adotadas:
- Organização do Orçamento: É fundamental mapear todas as despesas mensais e entender as receitas líquidas disponíveis.
- Renegociações Realistas: Qualquer novo acordo deve ser viável e não comprometer as despesas básicas como aluguel e contas essenciais.
- Criação de Renda Extra: Buscar fontes adicionais de receita pode ajudar na quitação das dívidas e proporcionar maior segurança financeira.
A educadora Aline Soaper aconselha cautela ao lidar com dívidas: “É crucial evitar contrair novos débitos para cobrir antigos e ponderar antes de vender bens pessoais como solução temporária”.
No geral, compreender o cenário atual e adotar estratégias financeiras adequadas são passos essenciais para garantir a saúde financeira e evitar reincidências na inadimplência.

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