Governo de SP pretende transformar Favela do Moinho, no centro da capital, em parque
Projeto de requalificação visa também instalação de atração turística ferroviária, remanejamento da Linha 8-Diamante, criação da Estação Bom Retiro e soluções habitacionais
- Data: 20/09/2024 10:09
- Alterado: 20/09/2024 11:09
- Autor: Redação
- Fonte: Agência SP
Uma das frentes é a criação de um espaço público sobre a área subutilizada existente entre a atual estação Júlio Prestes com o polo comercial da Rua José Paulino
Crédito:Governo de SP
A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) planeja requalificar toda a área da Favela do Moinho, localizada nos Campos Elíseos, região central da capital paulista. Estima-se que, atualmente, existem cerca de 800 famílias no local. A CDHU destacou equipes da área social para dialogar com os moradores, realizar o cadastro das famílias e o atendimento habitacional, à medida que o projeto avance.
Está prevista a implantação do Parque do Moinho, ao longo do trajeto de intervenção, além da instalação da atração turística do Trem do Moinho, que percorrerá o parque preservando, para fins turísticos. Também haverá remanejamento da linha 8-Diamante, que será desativada no trecho entre a Barra Funda e Julio Prestes, que será transformada em espaço cultural e um memorial ferroviário. Por outro lado, será criada a Estação Bom Retiro, que ficará no complexo.
A iniciativa de requalificação prevê também soluções habitacionais para famílias que hoje residem no espaço, que serão acolhidos em lares dignos, como é a marca do atendimento da CDHU e da secretaria. Para concretizar essa missão, o repertório das soluções habitacionais é vasto – Carta de Crédito Individual, Carta de Crédito Associativo, Apoio ao Crédito em parceria com os programas federais e Auxílio-Moradia Provisório. Na semana passada, a CDHU lançou um chamamento ao mercado para financiar 5,8 mil imóveis prontos, em construção ou ao menos que já tenham projeto aprovado – desse total, 2,5 mil serão em bairros da região central da cidade.
Essas famílias vivem em situação de alto risco, uma vez que a favela do moinho fica entre linhas férreas em operação, embaixo de um viaduto, com um único acesso. Tanto que, na última década, foram registrados dois incêndios de grandes proporções que deixaram mortos e centenas de desabrigados. Esse cenário atesta a necessidade de atendimento habitacional para essa população, como propõe o projeto.
O projeto está dividido em três frentes de ação, e, para isso, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SDUH) pleiteia junto ao Governo Federal a cessão de parte da área da Favela do Moinho pertencente à União para a construção do equipamento público. Primeiramente, a CDHU realizará a conversão das áreas entre trilhos no Parque do Moinho com pontos de conexão com a área urbana para a passagem de pedestres e bicicletas.
A segunda frente de ação será a implementação de um polo de desenvolvimento urbano potencializado para a implantação da Estação Bom Retiro. Por fim, a terceira frente será a criação de um espaço público sobre a área subutilizada existente entre a atual estação Júlio Prestes com o polo comercial da Rua José Paulino. Essa estrutura será construída sobre parte do Pátio da Luz da CPTM e abrigará também o Memorial Ferroviário.
Histórico
A Favela do Moinho surgiu no início da década de 1990. O local antes abrigava uma indústria de processamento de farinha e fabricação de ração Moinho Central, que foi desativada na década de 1980.
As condições de acesso, hoje, são inseguras. Os moradores precisam atravessar em nível uma via férrea de grande fluxo sem contar com nenhum recurso técnico/operacional para tanto. Além disso, há trepidações causadas pela movimentação das composições e níveis de ruídos acima dos toleráveis durante mais de 18h diárias.
O espaço possui também ausência de saneamento, dificultadas pelas condições de ilha no mar de trilho que caracteriza o lugar. A ocupação gera, também, a diminuição da velocidade dos trens, prejudicando os usuários desse transporte público.