Gestão Tarcísio descumpre meta de limpeza e planeja novas metas

Desafio no processo de limpeza do rio Tietê evidencia a necessidade de soluções integradas e ações para mitigar alagamentos nas áreas periféricas de São Paulo.

  • Data: 04/02/2025 18:02
  • Alterado: 04/02/2025 18:02
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: FOLHAPRESS
Gestão Tarcísio descumpre meta de limpeza e planeja novas metas

Crédito:Reprodução

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A gestão do governo de Tarcísio de Freitas, representando o partido Republicanos, enfrentou um desafio significativo ao não cumprir a meta estabelecida para a limpeza do rio Tietê no ano anterior. Dos 1,6 milhões de metros cúbicos de resíduos que deveriam ser removidos, apenas 1,4 milhões foram efetivamente retirados, resultando em uma execução que ficou 12,5% abaixo do esperado, conforme informações divulgadas pela SP Águas, anteriormente conhecida como Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee).

A gestão estadual iniciou em 2022 um registro histórico das operações de limpeza, que até o momento contabiliza a remoção de 3,2 milhões de metros cúbicos. Este número representa apenas 36% do total considerado ideal de 5 milhões de metros cúbicos para o período.

No contexto atual, a cidade de São Paulo experimenta chuvas intensas, com volumes que já atingiram 65% do esperado para fevereiro. Como resultado, bairros situados na várzea do Tietê, especialmente no extremo da zona leste, enfrentam alagamentos severos desde o último fim de semana e não há previsão imediata para normalização da situação.

Regiões como o Jardim Pantanal estão especialmente vulneráveis devido à sua localização ao nível do rio. Durante as chuvas, o aumento do nível das águas frequentemente invade residências, isolando os moradores por dias. Apesar dos desafios enfrentados no ano passado, a meta para este ano estipulada pela SP Águas é ambiciosa: retirar 2,6 milhões de metros cúbicos de lixo do Tietê, representando um aumento de 85,7% em relação ao ano anterior.

Nelson Lima, diretor da SP Águas, ressaltou que as atividades de desassoreamento são contínuas e que não representam uma solução única para os problemas de alagamento enfrentados por comunidades como o Jardim Pantanal. Ele afirmou: “Ficamos um pouco abaixo da meta” e acrescentou que a ocupação irregular em áreas destinadas à proteção ambiental é um dos fatores que contribuem para os recorrentes episódios de alagamento.

Além disso, Lima destacou que os trechos do rio que permanecem sinuosos não foram retificados ou tiveram suas margens alargadas adequadamente, ao contrário das áreas mais próximas ao centro da cidade. As operações de retirada de resíduos incluem diversos tipos de materiais descartados inadequadamente e são realizadas em lotes. No último ano, foram desassoreados 12 dos 25 quilômetros planejados na zona leste, com trabalhos adicionais programados para começar neste mês.

Fernando Dornelles, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), reforçou que a situação do Tietê demanda intervenções permanentes devido às modificações em seu curso. Ele argumenta que a limpeza dos resíduos é uma parte importante da solução; no entanto, não é suficiente para resolver os problemas relacionados aos alagamentos. “É fundamental considerar soluções integradas que incluam drenagem adequada nas áreas afetadas e a preservação das zonas ambientais,” afirmou.

Em resposta aos problemas enfrentados pelas comunidades ribeirinhas, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) propôs um programa orçado em R$ 1,92 bilhão para remover cerca de 50 mil pessoas vivendo em áreas vulneráveis. Este valor é quase duas vezes maior do que os R$ 1 bilhão previstos para concluir obras de drenagem na região que poderiam mitigar os alagamentos.

A professora Liliane Armelin da Universidade Mackenzie defende a remoção como uma solução necessária devido à inadequação histórica da ocupação dessas áreas. “Toda vez que houver chuvas intensas no verão haverá alagamento,” alertou ela. Armelin também observou que, embora custe caro agora, seria mais econômico se medidas de fiscalização tivessem sido implementadas anteriormente.

A prefeitura está considerando alternativas adicionais que incluem a construção de diques e reservatórios além da proposta de um canal com 5,5 km destinado a desviar águas pluviais. Também está sendo discutida a possibilidade de reverter o fluxo do Tietê, similar às intervenções feitas desde a década de 1930 em outros trechos do rio.

Embora Dornelles concorde que alterações no leito do rio possam facilitar o escoamento durante períodos críticos, ele lembra que as políticas ambientais atuais priorizam a manutenção do traçado natural dos rios. Vale ressaltar que quando o Tietê perdeu seu curso original, São Paulo era uma metrópole em rápido crescimento com apenas cerca de 1 milhão de habitantes e ainda se industrializando.

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  • Data: 04/02/2025 06:02
  • Alterado:04/02/2025 18:02
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: FOLHAPRESS









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