Gestão Nunes fornece água quente para moradores de rua
Na base instalada na zona oeste, a reportagem se deparou com mais pessoas que deixavam o Poupatempo Lapa se servindo de água e de frutas do que os sem-teto, público-alvo da ação.
- Data: 20/09/2023 22:09
- Alterado: 20/09/2023 22:09
- Autor: Paulo Eduardo Dias
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Divulgação
O primeiro dia de funcionamento da Operação Altas Temperaturas da Prefeitura de São Paulo foi marcado por muito calor, como já era previsto, mas também por desencontros. Moradores de rua tiveram que tomar água quente, servida em garrafas ou copos descartáveis.
Na base instalada na zona oeste, a reportagem se deparou com mais pessoas que deixavam o Poupatempo Lapa se servindo de água e de frutas do que os sem-teto, público-alvo da ação. No mesmo ponto não havia ambulância, suporte prometido pela gestão Ricardo Nunes (MDB) para as tendas montadas de forma emergencial.
Em nota, a prefeitura afirmou que os equipamentos de refrigeração estão instalados desde a manhã desta quarta (20) e que os problemas pontuais foram solucionados.
Passava dos 30°C na tarde desta quarta-feira (20) quando garrafas de 500 ml eram entregues para moradores de rua e pedestres que passavam pela praça Marechal Deodoro, em Santa Cecília, na região central.
O líquido era distribuído quente. Um bebedouro móvel recém-instalado pela Sabesp estava quebrado, impossibilitando esfriar água. Com isso, a água que saía do equipamento também era entregue quente.
Procurada, a Sabesp também afirmou que problemas pontuais foram resolvidos.
Diferentemente da água, a fruta distribuída, uma maçã, estava gelada. Moradores de rua também receberam bonés para se protegerem do sol.
Diante de tanta dificuldade no dia a dia, as pessoas em situação de vulnerabilidade preferiam agradecer do que reclamar, mostrando-se satisfeitas com as ofertas.
“Água gelada seria bom, mas o que vem a gente agradece”, disse o pintor desempregado Fagner Júnior, 38, que está em São Paulo há dois meses e vive em um abrigo.
“Melhor do que nada para quem está com sede. O certo seria colocar um gelo, trazer um tambor de gelo”, afirmou o porteiro desempregado José Santos, 55, que vive em um abrigo.
Outro que viu pontos positivos na iniciativa foi o barbeiro Pierre do Corte, 41, que utiliza um albergue. “Melhor quente do que gelada demais.”
Hipertensa, Janaína Augusto, 43, disse ter se sentido mal ao passar nas proximidades da tenda. Ela resolveu pedir auxílio e recebeu uma garrafinha e uma fruta.
“Descaso. Como está muito quente, você beber água quente não mata a sede. A maçã está gelada, mais do que a água.”
Não tão distante dali, na tenda montada na rua do Curtume, a situação não era muito diferente.
Quando a reportagem chegou, por volta das 15h, funcionários da Sabesp terminavam de fechar um buraco feito na rua para captar água para o bebedouro. Cerca de meia hora depois, apenas uma das torneiras tinha água fria. Nas outras três, o líquido era quente, assim como o das garrafinhas.
No horário, poucos moradores de rua passavam pelo local, uma pequena rua sem saída entre o Poupatempo e a Subprefeitura da Lapa.
Quem mais se aproveitou da água de graça e da maçã foram pessoas que deixavam o Poupatempo, que pegaram os produtos expostos em uma bancada sem saber que os itens eram voltados para moradores de rua.