Futebol brasileiro está preparado para o Fair Play Financeiro?

Regras que trazem mais transparência e equilíbrio fiscal aos clubes estão próximas de serem implantadas no país

  • Data: 17/08/2020 11:08
  • Alterado: 17/08/2020 11:08
  • Autor: Redação
  • Fonte: ABCdoABC
Futebol brasileiro está preparado para o Fair Play Financeiro?

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No início de 2020, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) planejava implementar o Fair Play Financeiro a partir do Campeonato Brasileiro deste ano. Vieram a pandemia e o polêmico caso do Manchester City na Europa, então, o projeto por enquanto está apenas em fase de orientação aos dirigentes esportivos. A proposta é estabelecer, gradativamente, regras para que os clubes apliquem uma gestão responsável dos seus recursos. Os objetivos são claros: maior transparência no mercado da bola e desenvolvimento sustentável das agremiações e das competições.

O entendimento de que o futebol é um produto muito valioso e rentável já está estabelecido há anos na Europa. Por isso, hoje, no velho continente, onde Fair Play Financeiro é realidade desde 2010, as ligas são as mais atrativas do planeta. E seus clubes são marcas esportivas poderosas em todo o mundo, até mesmo no Brasil, que carrega o desgastado título de “País do Futebol”.

A verdade é que o tal “jogo limpo fora dos campos” ainda gera dúvidas e receios. “O fair play não foi criado para punir ninguém. A ideia é trazer lisura para o mercado, sem lavagem de dinheiro, e visar o desenvolvimento sustentável”, afirma Pedro Daniel, diretor-executivo da Ernst & Young.

A medida vai exigir uma gestão profissional dentro das agremiações. “A regra prevê que os clubes adequem suas finanças, mantendo receitas superiores aos seus gastos”, explica Maurício Corrêa, presidente da Comissão de Direito Esportivo do Instituto de Advogados Brasileiros, durante entrevista concedida ao time de conteúdo da Betway, site de esporte bet. De acordo com as normas, os clubes poderão fazer aportes nos times da ordem de até 30% de suas receitas. A realidade no país é que ainda sê a maioria dos times endividada.

CAMPEONATO EQUILIBRADO

o contrário do que muitos pensam, a proposta do Fair Play Financeiro não é criar competições equilibradas, mas sim competitivas. Se o clube tiver boa gestão – obtendo mais receita e gastando menos – terá melhor capacidade de investimento em seu time. “O que deve existir é uma igualdade de condições. E, se você tem mais dinheiro, pode gastar mais”, diz Pedro Daniel.

Já Corrêa alerta para o fato da moralização do futebol. “Quando se tem uma visão profissional, há mais possibilidade de atrair investidores. Além disso, não é possível que um clube que atrase salários de atletas continue a disputar competições nas mesmas condições de quem mantém as contas em dia”, conclui.

PREVENÇÃO OU PUNIÇÃO

No início deste ano, o Manchester City foi banido das competições europeias por duas temporadas. A UEFA aplicou a punição baseada na alegação de que o clube teria feito aportes ilegais, camuflando receitas. Mas, em julho, a Corte Arbitral do Esporte cassou a pena e diminuiu a multa de 30 milhões de euros para 10 milhões. O clube foi condenado por não ajudar nas investigações e não por irregularidades contábeis. Na sequência o Manchester reage contratando reforços profissionais para sua equipe, reforçando o elenco de atletas.

Muito se discute se a decisão da Corte foi um golpe contra o Fair Play Financeiro. “Na verdade, ele não foi criado para punir ninguém nem criar sanções. Ele vem trazer transparência e inibir a lavagem de dinheiro”, afirma Pedro Daniel. “O modelo é mais preventivo que punitivo. Não interessa chegar no final e dizer que estava errado. É interessante antever e evitar problemas como o doping financeiro ou algo nesse nível”, completa.

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  • Data: 17/08/2020 11:08
  • Alterado:17/08/2020 11:08
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