Formado só por mulheres, Bloco Pagu desfila no centro de SP
Criado em 2017, bloco já tem 130 mulheres na bateria; repertório tem canções de Marisa Monte e Gal Costa
- Data: 05/03/2019 16:03
- Alterado: 05/03/2019 16:03
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Reprodução Facebook
O movimento na Praça da República já era grande por volta das 13h30, ainda que a saída do bloco de carnaval só estivesse programada pra dali uma hora e meia. A bateria, composta só por mulheres, já se organizava em volta do caminhão de som.
Esse é o terceiro ano de realização de Pagu, bloco ligado à temática feminina desde sua concepção. “Tudo começou em 2016, quando eu e uma amiga tivemos a ideia de criar um bloco”, relata Thereza Menezes, de 33 anos. “Como a gente já transitava muito pelo universo feminino dentro da nossa área, que é o cinema, o conceito surgiu naturalmente”, conta.
Desde a primeira edição, em 2017, o tamanho da bateria mais que dobrou – hoje, são 130 mulheres se apresentando para o público de São Paulo, muitas sem nenhuma experiência prévia.
“Essa é a primeira vez que saio num bloco, nunca tive experiência parecida antes”, diz Luiza Rossi, de 30. Ela começou a frequentar as oficinas promovidas pela organização do bloco no final do ano passado.
É o mesmo caso da terapeuta Carolina Tannure, de 37. Ela conheceu o Pagu por meio de um ensaio público da bateria, em janeiro de 2018. “Aquilo me contagiou tanto que me cadastrei para a oficina seguinte no dia em que a inscrição foi aberta”, relata.
“Não se trata só do bloco ou só da música, é um ambiente maravilhoso e de muita união”, disse a terapeuta. Essa percepção é comum a todas que participam. Bruna Sano, de 31, participou de outras baterias nesse ano, mas só na de Pagu encontrou tamanha união. “É um clima que a gente não encontra em blocos mistos, uma energia muito diferente. A bateria ainda é um ambiente muito masculino”, disse
O bloco começou a andar por volta das 15h, após abertura clamando por respeito aos direitos das mulheres durante a folia e homenageando a vereadora Marielle Franco, morta há quase um ano.
O repertório vai de Marisa Monte a Gal Costa. Segundo Thereza, as músicas tocadas são todas facilmente associadas à voz de uma mulher, seja compositora ou intérprete.
Às 15h30, começaram gritos de protesto contra o presidente Jair Bolsonaro, com o apoio da bateria. A cena se repetiU algumas vezes durante o trajeto pelas ruas do centro.
Pagu se inspira na estética modernista para a construção de sua identidade visual, sobretudo na escritora e militante homônima, que foi casada com Oswald de Andrade na década de 1930.