Fiocruz prevê 50 milhões de doses com insumo nacional

A Fiocruz recebeu na quarta-feira a primeira remessa dos bancos de células e de vírus necessários para o início da produção nacional do IFA, prevista para começar ainda este mês

  • Data: 03/06/2021 14:06
  • Alterado: 03/06/2021 14:06
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Fiocruz prevê 50 milhões de doses com insumo nacional

A expectativa da Fiocruz é de que em até quatro meses seja reduzida a dependência de insumos para imunizantes vindos de outros países

Crédito:Reprodução

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Dessa forma, a expectativa é de que em até quatro meses seja reduzida a dependência de insumos para imunizantes vindos de outros países, como a China.

Base para a produção do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), os dois ingredientes são o “coração” da tecnologia da vacina. Chegaram ao País no dia seguinte à assinatura do contrato de transferência de tecnologia da AstraZeneca para a Fiocruz. A previsão é de que, a partir de outubro, a instituição já distribua imunizantes 100% nacionais – o que é crucial para garantir a autonomia do País. O montante deve chegar a 50 milhões de doses em 2021.

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, explicou que a projeção divulgada originalmente, de entregar entre 100 milhões e 110 milhões de doses de produção inteiramente nacional até o fim do ano, era uma estimativa feita de acordo com o conhecimento tecnológico que se tinha na época, antes mesmo de o imunizante ter sido aprovado. Agora, com a transferência da tecnologia concluída, a realidade se revelou mais complexa.

Somos uma instituição científica, não fazemos previsões, fazemos estimativas“, frisou ela. “Há coisas que só no processo de desenvolvimento é possível saber. O problema não é só aqui, é no mundo todo. É uma plataforma nova (de fabricação de vacina) sendo adotada por vários sítios de produção em diferentes países ao mesmo tempo.” A instituição poderá precisar suspender produção, por exemplo, para produzir os próprios bancos de células e vírus.

A Fiocruz deve receber ainda mais duas remessas dos bancos de células e vírus, segundo explicou o diretor de Biomanguinhos, Maurício Zuma. Trata-se de um cuidado para preservar o material, considerado extremamente precioso.

A produção começa ainda este mês, mas restam algumas etapas a serem cumpridas antes da produção em massa do imunizante nacional. As primeiras doses produzidas formarão os lotes de validação. Passarão pela análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da própria AstraZeneca. A partir de outubro, serão 15 milhões de doses com IFA nacional entregues mensalmente.

Zuma explicou que eventualmente serão necessários novos lotes desses bancos de célula e vírus para a produção do IFA. A instituição, então, precisará decidir. Escolherá se produz esses bancos no Brasil – e será preciso parar temporariamente a linha de produção – ou se continuará a importar esses insumos. O diretor garantiu que a demora na assinatura do contrato de transferência de tecnologia não causou atraso na produção.

Conforme Bio-Manguinhos/Fiocruz, nos próximos dias os profissionais da instituição cuidarão do descongelamento dos produtos recebidos. O banco de células e o de vírus passarão, assim, pelo processo produtivo de IFA: expansão celular, biorreação, rompimento celular e tratamento enzimático, clarificação, purificação, concentração e condicionamento, formulação do IFA, filtração final, congelamento e controle de qualidade.

“Foram meses de intensa negociação, discussão e troca de informações técnicas com a AstraZeneca“, afirmou Maurício Zuma. “Este é um momento muito importante para todos nós, para o Brasil. Estamos incorporando uma nova plataforma tecnológica que vai nos permitir no futuro desenvolver e produzir novas vacinas para novas doenças. É um grande passo para a nossa soberania nacional na área de produção de vacina.”

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