Filhos de lendas costumam não vingar quando querem carreiras semelhantes às de seus pais

No esporte, a pressão exercida por causa do nome famoso prejudica o andamento da carreira por causa de cobranças excessivas e comparações inevitáveis e por muitas vezes absurdas

  • Data: 09/09/2021 11:09
  • Alterado: 09/09/2021 11:09
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Filhos de lendas costumam não vingar quando querem carreiras semelhantes às de seus pais

Crédito:Pixabay/Reprodução

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A trajetória de Nico Ali Walsh no boxe não deverá ser tranquila. A história do esporte mostra que filhos de lendas costumam não vingar quando apostam em carreiras semelhantes às de seus pais. A pressão exercida por causa do nome famoso prejudica o andamento da carreira por causa de cobranças excessivas e comparações inevitáveis e por muitas vezes absurdas

O caso mais marcante para o esporte brasileiro foi Edinho, filho de Pelé, que não teve nem nos anos 90 de longe na meta o desempenho que o pai teve com a camisa 10 do Santos nas décadas de 50, 60 e 70. Já no Palmeiras, o maior ídolo alviverde de todos os tempos, Ademir da Guia jogou tanto ou mais bola que o pai, Domingos da Guia, zagueiro da seleção brasileira na Copa de 1938 e de times como Vasco, Flamengo, Corinthians e Boca Juniors

No vôlei, Bruninho, atual levantador da seleção, superou o pai, Bernardinho, que em sua época de atleta foi reserva de William. Já no basquete, Helinho tem sucesso como técnico, mas não atingiu o nível do pai, Hélio Rubens.

Na Fórmula 1, Christian Fittipaldi, embora tenha sido piloto de F-1 nos anos 90, nem chegou perto do brilho do tio Emerson, bicampeão mundial.

Já na NBA, onde existe uma tradição de filhos seguirem a mesma carreira dos pais, Luke Walton foi bicampeão sem ser genial como o pai Bill Walton, MVP e campeão na temporada 1977. Klay Thompson, astro do Golden State Warriors, joga mais que o pai, Michael Thompson, número um do draft de 1978 e bicampeão com os Lakers, de Magic Johnson e Kareem Abdul-Jabbar nos anos 80.

Outro que já superou o pai na NBA e também é dos Warriors é Stephen Curry, filho de Dell Curry, que foi apontado como o melhor sexto jogador da liga, mas não teve o mesmo sucesso da cria.

Já no boxe, Floyd Mayweather “nocauteou” o pai homônimo, ao se tornar além de um supercampeão dentro do ringue, um dos esportistas de maior faturamento em todos os tempos, ultrapassando a marca de US$ 1 bilhão em faturamento.

A  lenda de Muhammad Ali sempre estará presente nos ringues por todo o mundo. E esta narrativa agora ganhou um capítulo a mais com a estreia de Nico Ali Walsh, neto do lendário boxeador, morto em 2016, no boxe profissional. Ele luta no próximo dia 23 de outubro, mas seu adversário ainda não está definido.

O peso médio (até 72,575 quilos) Nico, de 21 anos, é filho de Rasheda, uma das sete filhas do boxeador mais importante de todos os tempos. Apesar de ter o mundo a seus pés por carregar nos ombros o nome do avô famoso, o novo ‘astro’ da nobre arte sabe administrar o nervosismo com a pressão da mídia e não se deslumbra com a expectativa do público.

“Os nervos são bons quando você sabe usá-los. É preciso de um pouco de nervosismo para ter um bom desempenho. Se eu não estivesse nervoso ou se não sentisse nenhuma pressão, ficaria muito preocupado. Estou honrado. Abençoado por estar na posição em que estou e terei de trabalhar mais por causa disso”, disse o boxeador, que precisou menos de dois minutos para derrotar Jordan Weeks, um adversário de terceiro escalão, em sua primeira luta.

Sempre com o sorriso no rosto, mas menos falastrão do que o avô, Nico demonstra maturidade para conviver com o mundo das celebridades. “Tudo isso faz parte do território. Sinto que meu avô abraçou a mídia e eu também tenho de fazer isso. Se eu não quisesse ter mídia, não deveria ter escolhido o boxe, então, estou bem com isso.”

O garoto demonstra tranquilidade com as comparações. “É uma honra ser comparada ao meu avô, mas eu não faço essa comparação. Acho que ele é realmente único por seus próprios méritos e sinto que serei único por meus próprios méritos também”, disse o rapaz, que guarda ótimos momentos em família.

“Eu morava em Las Vegas e ele morava no Arizona, íamos constantemente visitá-lo, então havia tantas memórias. Muitas para lembrar, mas acabamos nos divertindo muito, ótimos momentos juntos. Sou abençoado por ter essas memórias”, afirmou Nico. “Meu avô é o patriarca da minha família. Sempre o considerei um super-herói. Quer ele fosse conhecido em público ou não. Ele foi o único avô que eu tive. Ele é definitivamente o melhor para mim e ele é o maior para todas as outras pessoas da minha família”, disse o lutador, ao site SPORTbible.

PARCEIROS – Em junho, dois meses antes de subir em um ringue, Nico já havia assinado um contrato para várias lutas com a Top Rank, empresa de Bob Arum, veterano empresário, que organizou 27 lutas de Muhammad Ali. “Que noite mágica para este jovem. Seu avô teria ficado muito orgulhoso de como ele o está honrando à sua maneira. Nós da Top Rank estamos ansiosos para liderá-lo em sua jornada profissional”, disse Arum, após a primeira vitória.

Sua imagem também já está rendendo patrocínios como da marca Everlast, que desde 1910 fabrica produtos e equipamentos para a prática do boxe. Um calção branco especial, semelhante ao usado por Muhammad Ali na década de 60, foi fabricado para a sua primeira apresentação.

TYSON – Além do avô, Nico Ali Walsh revela sua idolatria pelo ex-campeão mundial Mike Tyson. “Nós temos uma relação muito próxima. Amo Mike. Ele sempre admirou demais meu avô e me acompanha desde as minhas primeiras lutas amadoras. Sempre liga para saber como estamos.” Nico Ali Walsh tem tudo à disposição para ser um grande boxeador. Cabe a ele lutar em nome do avô.

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  • Data: 09/09/2021 11:09
  • Alterado:09/09/2021 11:09
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo









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