Falta de confiança se transforma em autossabotagem no aprendizado do inglês
A autossabotagem acaba sendo frequente mesmo quando estamos com bastante foco, quando queremos algo com todas as nossas forças
- Data: 24/04/2023 12:04
- Alterado: 24/04/2023 12:04
- Autor: Redação
- Fonte: SaveMeTeacher
Imagem ilustrativa
Crédito:Marcelo Camargo - Agência Brasil
A falta de confiança e o medo do fracasso podem acionar alguns mecanismos de autodefesa e se tornarem prejudiciais, trazendo consequências negativas para relacionamentos pessoais e profissionais. A autossabotagem acaba sendo frequente mesmo quando estamos com bastante foco, quando queremos algo com todas as nossas forças. E os motivos para que o problema aflore são variados. No entanto, eles têm fundamento em experiências e sentimentos negativos da infância ou adolescência. A situação se agrava quando essas questões não são tratadas e invadem a vida adulta, prejudicando o desenvolvimento profissional, colocando barreiras invisíveis e fazendo delas algo intransponível.
Mestre em Linguística Aplicada pela USP e fundadora da SaveMeTeacher, Carla D’Elia observa que alguns alunos, mesmo que sejam executivos de grandes empresas, chegam a travar quando precisam falar em inglês, ainda que conheçam bem o idioma. “A origem mais comum das travas na hora de falar inglês é o medo de errar. E as pessoas esquecem que, cometer um erro ou outro, não significa falta de qualificação profissional. Se a pessoa souber ser persuasiva e conseguir se vender bem, os erros, quando percebidos, são vistos como meros detalhes”, garante a especialista.
Ir em busca da reconstrução da confiança é, portanto, fundamental. Como? A pergunta é feita todos os dias por alguns alunos. E, em sua experiência como professora, Carla lamenta que a falta de confiança seja, inclusive, estimulada por colegas de profissão. Pode até parecer que não, mas quando as redes sociais são invadidas por vídeos dizendo “Não diga isso”, “Jamais fale isso em inglês” e outras coisas do gênero, está em curso uma ‘pedagogia do desserviço’.
“Se é que podemos chamar essas técnicas de pedagogia. Como professora, linguista e mestre em ensino de inglês para adultos, vejo esse tipo de abordagem como criadora de medos. Ela não inspira, não acolhe e só cria mais regras em um mundo tão amplo que é falar inglês”, pontua Carla.
O trabalho de um professor também passa pela construção de confiança, pela solidificação na segurança para que o aluno se sinta capaz de se comunicar em inglês. “O autoconhecimento é uma das armas contra a autossabotagem e o trabalho de um profissional, de um terapeuta, é fundamental. Mas os professores podem e devem ajudar. Podem e devem estimular a confiança de seus alunos. Podem e devem deixar claro que erro faz parte da aprendizagem. O erro é positivo, pois é somente por meio dele que é possível crescer. Para aprender é preciso se expor. Se uma pessoa não está falando inglês por medo de errar, está perdendo a oportunidade de aprender a falar. Então, erre muito”, estimula Carla.
Fundadora da escola online SaveMeTeacher, que já ajudou mais de cinco mil alunos a se desenvolverem no business english, Carla percebe ainda outro problema relacionado à falta de confiança: muitos alunos acham que só vão aprender inglês quando estiverem pensando em inglês. “Isso é mito. E, na realidade, um baita desperdício de tempo. A gente não tem um botão de desligar a língua materna. Enquanto a pessoa tratar o português como inimigo, mais vai se frustrar. Um adulto desenvolveu o raciocínio lógico, a memória, a atenção e outras funções cognitivas em português e todas essas funções são essenciais na hora de aprender inglês como língua estrangeira”.
Para superar essa barreira, ela explica que é preciso fazer da língua materna uma ponte do aprendizado. “ É preciso entender que, quando se aprende um idioma estrangeiro, aos poucos vai ocorrer um processo que os psicólogos da educação chamam de internalização. Em termos leigos, isso quer dizer que aos poucos a pessoa vai se sentir confortável para usar o idioma estrangeiro porque de tanto praticar e usar, ele vai sair de forma mais automática. Importante é enfrentar os medos e se jogar”, conclui Carla.