Exposição de Milton Blaser pode ser visitada de forma on-line
Individual do artista 'Em se pisando tudo dá’ acontece até 23 de abril na Casagaleria, na Vila Madalena, em São Paulo
- Data: 07/04/2022 14:04
- Alterado: 17/08/2023 06:08
- Autor: Redação
- Fonte: Casagaleria
Mostra individual Em se pisando tudo dá
Crédito:Divulgação
O impacto da humanidade sobre a Terra, a Masculinidade, o Patriarcado, a Invisibilidade das pessoas e a relação entre eles se encontram na exposição Em se pisando tudo dá individual do artista Milton Blaser, até 23 de abril, na Casagaleria Oficina de Arte, em São Paulo. Além disso, a mostra também se encontra em formato on-line, que pode ser visitada clicando aqui. O título Em se pisando tudo dá remete a Pero Vaz de Caminha que foi de uma época com total prevalência do Patriarcado, época que se origina uma visão de mundo que resultou no modernismo e antropoceno. E a expografia terá três pilares: as instalações Prensa e Tiranias, as colagens digitais da série Antropogenia, uma intervenção na parede lateral de tijolos entre as duas salas reforçando a invisibilidade das pessoas e uma intervenção radical e ousada no teto da galeria repercutindo na estrutura da galeria.
“A mostra foca na inter-relação das questões do Antropoceno, o Patriarcado e a Masculinidade e na Invisibilidade das pessoas, que atuam degradando tanto a natureza e o meio ambiente como também e simultaneamente as relações entre homens e mulheres de todas as etnias, idades e nacionalidades. São os invisíveis”, define o artista.
A mostra tem curadoria e texto crítico de Loly Demercian com participação especial e texto do consultor em diversidade e inclusão, Humberto Baltar, relatando a sua experiência pessoal como vítima das consequências da ação combinada do antropoceno e da masculinidade apontadas pelo artista.
Na intervenção no teto da galeria, Blaser encena uma reconexão ousada com os elementos e ciclos da natureza, quebrando-o e expondo as obras aos elementos naturais. Esta quebra do teto da galeria exatamente sobre a obra propondo a entrada de um foco de luz natural e permanente, iluminando naturalmente a obra, representa um rasgo de revolta do ser humano urbano em direção ao cosmos, remetendo às questões das mudanças climáticas que atravessam o planeta e que permeiam o Antropoceno, assim como as relações da construção e destruição do entulho do teto presente na expografia, que se relaciona com os pisos usados na obra.
A proposta da obra Prensa é trabalhar as vertentes Antropoceno, o Patriarcado, a Masculinidade e a Invisibilidade das pessoas. O Antropoceno está nos pisos usados e mostrados nos seus versos, representação simbólica da destruição do ecossistema, mapas de áreas devastadas, territórios invadidos, queimadas, mudanças climáticas, rios poluídos, barragens que se rompem.
Essas questões remetem aos materiais utilizados nos pisos como barro, vidro, areia, que também foram coletados na natureza, trabalhados pelo homem e trazem a memória histórica do seu uso e a própria devastação do meio ambiente para produzi-los.
O Patriarcado é exercido historicamente e dominantemente por homens brancos, cis, héteros que determinaram e determinam em escala mundial as ações que provocaram a predação voraz do meio ambiente há décadas e que causou essa nova nomenclatura Antropoceno. Não há preocupação com os bilhões de pessoas no planeta consideradas invisíveis aos seus olhos. É a dominância masculina patriarcal em sua amplitude, agindo inconsequentemente, devastando o planeta.
As pessoas invisíveis e anônimas estão representadas na instalação com imagens em preto e branco, sombrias e sem sorrisos, sinalizando o sofrimento advindo do Antropoceno. As três questões, Antropoceno, Patriarcado e a Masculinidade e Invisibilidade permeiam a obra Prensa trazendo à reflexão do espectador a sua posição no complexo sistema em que vive, se alimenta, habita e consome.
Já a proposta da obra Tiranias é reforçar a temática do Patriarcado e da dominância da masculinidade, aprofundando a representação simbólica da potência masculina presentes no cotidiano das decisões que afetam de forma danosa e nociva as mulheres, os próprios homens, a população e o planeta, tendo como resultado o Antropoceno.
A simulação com colagens digitais da série Antropogenia transmuta em imagens como o capitalismo global levou o mundo à beira de uma crise ambiental irreversível, inaugurando a era do Antropoceno, época geológica marcada por profundas alterações na Terra devido à atividade humana, com predominância histórica do Patriarcado, que impõe uma heteronormatividade, que por sua vez é um comportamento catalisador da era do Antropoceno.
“As consequências do capitalismo global, cuja força motriz foi o Patriarcado, levou o mundo à beira de uma crise ambiental irreversível, inaugurando a era do Antropoceno, época geológica marcada por profundas alterações na terra devido à atividade humana, repercutindo vigorosamente sobre todos nós: os invisíveis, os desimportantes, os anônimos”, enfatiza o artista. O projeto expositivo como um todo, busca envolver e alertar o espectador sobre a relação entre esses dois conceitos para que juntos possam ser combatidos.
Mostra individual Em se pisando tudo dá
Local: Casagaleria Oficina de Arte – Rua Fradique Coutinho, 1.216, Vila Madalena, São Paulo. Telefone (11) 3841-9620
Horário de visitação: até o dia 23/04/22, das 13h às 19h de terça a sexta, e aos sábados das 13h às 17h
Entrada gratuita
Link para visitação on-line: clique aqui
Sobre Milton Blaser
É artista visual graduado pelo Centro Universitário Belas Artes, em licenciatura Desenho e Plástica. Participou por mais de dois anos do grupo de acompanhamento de projetos com os artistas Carla Chaim, Nino Cais e Marcelo Amorim no Hermes Artes Visuais e do grupo de estudos de produção de arte contemporânea com o curador Paulo Miyada e o artista Pedro França no Instituto Tomie Ohtake. Participou também da Clínica de Projetos do Ateliê 397.
Já expos individualmente na Casagaleria em 2019 e no Senac Jabaquara em 2018. Participou de vários salões e coletivas na Oficina Cultural Oswald de Andrade, Galeria LAMB Arts/Hermes Artes Visuais, Salão de Artes Plásticas Praia Grande, Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba, Clínica geral Gran Finale Ateliê 397.
Foi premiado com medalha de ouro em Pintura com o trabalho Monge no VI Salão Internacional SINAP/AIAP. Fez cursos de Antropoceno e Natureza no Paço da Artes, na Fundação Bienal durante a 34ª Bienal, Laboratório de Aplicabilidades e palestras de Arte e Psicanálise no Adelina Instituto. Participou do grupo de estudos Filosofia na Arte Contemporânea com professores da PUC-SP e do curso de O Desenho e outros crimes do desejo na Escola Entrópica do Instituto Tomie Ohtake, com Cadu.