Estudo revela cocaína e medicamentos nas águas do mar em Ubatuba

Elementos encontrados afetam o meio ambiente e saúde humana

  • Data: 12/12/2024 09:12
  • Alterado: 12/12/2024 09:12
  • Autor: Redação
  • Fonte: G1
Estudo revela cocaína e medicamentos nas águas do mar em Ubatuba

Crédito:Governo de SP

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Um estudo realizado pelo Instituto de Oceanografia da Universidade de São Paulo (USP) revelou a detecção de 15 compostos químicos nas águas do mar em Ubatuba, no Litoral Norte paulista. Entre os elementos encontrados, estão substâncias como cocaína, medicamentos e cafeína, levantando preocupações sobre a contaminação ambiental e seus possíveis impactos na saúde humana.

A pesquisa analisou diversas amostras de água e identificou concentrações variadas dos compostos químicos. Destaca-se a presença da benzoilecgonina, um metabolito da cocaína que é excretado na urina humana, além de vestígios da própria droga.

A lista dos compostos detectados inclui:

Benzoilecgonina: metabolito da cocaína presente na urina;
Cocaína: substância psicoativa estimulante;
Rosuvastatina: medicamento para redução do colesterol;
Clopidogrel: anticoagulante;
Carbamazepina: usada em tratamentos neurológicos;
Valsartana: indicada para hipertensão arterial;
Losartana: também utilizada no tratamento da pressão alta;
Enalapril: age dilatando vasos sanguíneos;
Atenolol: indicado para hipertensão;
Propanolol: medicamento para controle da pressão arterial;
Orfenadrina: relaxante muscular;
Diclofenaco: anti-inflamatório não esteroidal;
Paracetamol: analgésico comum;
Cafeína: presente em diversos alimentos e bebidas.

A origem exata desses compostos ainda não foi determinada, mas a hipótese mais forte sugere que eles são trazidos ao mar por meio do esgoto sanitário, resultantes das fezes e urinas humanas. A pesquisadora Luciana Frazão destaca que as propriedades físico-químicas desses compostos dificultam sua completa diluição nas águas oceânicas e que os sistemas de tratamento de esgoto frequentemente não conseguem eliminá-los adequadamente.

Os resultados indicam que as substâncias estão presentes tanto nas áreas costeiras quanto em regiões mais distantes do mar aberto, sugerindo uma dispersão significativa no ecossistema marinho. Essa situação levanta sérias questões sobre a saúde dos organismos aquáticos e potenciais riscos à saúde humana, uma vez que esses contaminantes podem acumular-se nos peixes consumidos pela população.

Ainda que os riscos diretos à saúde humana não tenham sido completamente elucidados, Frazão alerta sobre o potencial impacto negativo na cadeia alimentar. Estudos anteriores, como os realizados no Rio de Janeiro, encontraram evidências de cocaína em tubarões, sugerindo que essas substâncias estão afetando espécies utilizadas para consumo humano.

A pesquisadora Luiza Frazão enfatiza que a incapacidade dos sistemas de tratamento de esgoto em filtrar completamente esses contaminantes representa um risco tanto para o meio ambiente quanto para a saúde pública. Ela compara a situação ao acúmulo gradual de dióxido de carbono na atmosfera, que tem levado à crise climática atual. “Os produtos farmacêuticos e de cuidados pessoais (PPCPs) podem acumular-se lentamente no ambiente marinho, resultando em alterações significativas nos ecossistemas até que um ponto crítico seja atingido”, afirma.

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  • Data: 12/12/2024 09:12
  • Alterado:12/12/2024 09:12
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