Especialista dá dicas de como reconhecer o vício em drogas
Clínica localizada em Araricá (RS), já atendeu mais de 275 pacientes ao longo de 6 anos e reforça a importância da família e grupos próximos na retomada da vida
- Data: 29/11/2022 10:11
- Alterado: 09/08/2024 12:08
- Autor: Redação
- Fonte: Centro Vida de Araricá
Especialista dá dicas de como reconhecer o vício em drogas
Crédito:Alexsandro Rogeiro Pereira C
O uso de drogas pelo mundo se intensificou muito principalmente durante a pandemia. Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas 2022 realizado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), cerca de 284 milhões de pessoas – na faixa etária entre 15 e 64 anos – usaram drogas em 2020, 26% a mais do que dez anos antes. Além disso, estima-se que 11,2 milhões de pessoas no mundo estavam injetando drogas em 2020. Os jovens são o principal público que utilizam algumas drogas, incluindo maconha, crack, álcool ou injetável (como heroína).
O aumento exagerado no consumo destas substâncias tem chamado a atenção dos especialistas. O especialista em psiquiatria Daniel Pereira de Mesquita, do Centro Vida de Araricá, afirma que são diversos fatores emocionais que podem levar aos transtornos: “a dependência química não afeta somente o próprio doente, mas também aqueles de sua convivência. Portanto, problemas financeiros são comuns, degradação física (perda de peso, problemas dentários), rompimento de relacionamentos de todo o tipo, desemprego, abandono acadêmico e, até mesmo, problemas com a justiça”.
O Centro Vida de Araricá é uma clínica de reabilitação de mais de 40 mil metros para homens portadores dos TUS, cujo principal objetivo é apoiar a retomada da vida de forma leve, com o apoio da família e amigos próximos. Tem como base o Método Minnesota (modelo de tratamento que age no combate aos principais mecanismos de defesa da doença, como: negação, racionalização, projeção e orgulho), em conjunto a metodologia dos Alcoólicos Anônimos (AA). Além disso, a clínica é uma das poucas no Rio Grande do Sul que não fazem uso do cigarro durante o tratamento.
“A família tem a falsa ideia de que, com a internação, o problema está resolvido. Porém, eles têm um papel primordial em todo o processo de recuperação. Dependentes químicos precisam ser protegidos e influenciados positivamente por grupos sociais saudáveis. Normalmente, o afastamento é a primeira consequência. No entanto, as famílias precisam se preparar para abordar o dependente químico com maior eficácia. Muitas vezes, algumas ações facilitam a continuidade do comportamento adictivo do dependente. Portanto, sugere-se que busquem ajuda em terapias e grupos de autoajuda como Ar-Anon e Amor Exigente para entenderem o problema e adquirirem empoderamento para a reorganização do sistema familiar”, explica Paulo Henrique Pereira Pacheco, Consultor em Dependência Química do Centro Vida de Araricá.
Os 7 principais sinais de alguém esteja com dependência química, segundo o psiquiatra são:
Descontrole na vontade de usar a substância.
Aumento na intolerância, crises de abstinência.
Alterações comportamentais.
Isolamento social.
Abandono de atividades cotidianas.
Descontrole financeiro
Negligência consigo mesmo.
A dependência química causa problemas em várias áreas da vida do indivíduo, produzindo todo o tipo de prejuízos, principalmente na saúde mental. Sendo assim, é recorrente um quadro depressivo, anedonia, irritabilidade e revolta com a situação e, além disso, o mecanismo de negação que se manifesta pela não aceitação do problema é muito acentuado. Caso a família ou os amigos observem alguns destes sinais, Pacheco dá dicas importantes para que o tratamento seja feito da maneira correta e até o final.
“Ter em mente que a dependência química é uma doença e que o adicto não tem controle sobre o consumo dessas substâncias e que muitas vezes já perdeu o controle sobre a própria vida. É importante estar sempre próximo para perceber as mudanças de hábitos; ser compreensivo e paciente, levando em consideração a doença, para que o adicto não fique revoltado, pois sabemos que dependendo do caso pode colocar em risco a si próprio e a terceiros. É interessante tentar fazer a pessoa se divertir com coisas simples, para que ele se dê conta que há outras maneiras de viver e de ser feliz; usar palavras positivas, para incentivar a retomada da vida. A mentira e a manipulação fazem parte da doença, estar atento é importante, pois limite, disciplina e transparência são fatores fundamentais para recomeçar” finaliza.