Endividamento obtém novo recorde na capital paulista
Em setembro, 7 em cada 10 famílias estão endividadas; com resultado, pesquisa aponta a décima evolução consecutiva
- Data: 06/10/2021 15:10
- Alterado: 06/10/2021 15:10
- Autor: Redação
- Fonte: FecomercioSP
Crédito:Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O número de endividados na capital paulista atingiu novo recorde (69,2%) em setembro, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Além de ser a décima elevação seguida, o levantamento destaca que, 7 a cada 10 famílias estão endividadas. Em relação a setembro de 2020, a alta foi ainda mais significativa: 10,7 pontos porcentuais (p.p.). Atualmente, são 2,76 milhões de lares com algum tipo de dívida, 81 mil a mais em relação ao mês anterior, e um adicional de 442 mil famílias de setembro do ano passado para o mês atual.
O que também avançou no mês foi a inadimplência, que passou de 18,8%, em agosto, para os atuais 19%. Em termos absolutos, são 759 mil famílias que não conseguiram pagar a dívida até a data do seu vencimento, 10 mil a mais em relação ao mês anterior. Em setembro de 2020, eram 717 mil.
Para manter o consumo diante da inflação, o cartão de crédito e os carnês são as opções mais recorrentes na hora de adquirir uma dívida. Em setembro, o porcentual de endividadas na modalidade é o maior já registrado na série histórica (81,1%). Há um ano, o porcentual era de 72,8%. Já os carnês, no mês, registram 20,5% de famílias endividadas, maior nível desde 2015.
Entre as famílias que recebem menos de dez salários mínimos, a taxa de endividados atingiu 71,1%, enquanto no grupo de renda mais alta, 63,5%. Parte deste aumento está relacionado à expansão do consumo via crédito em decorrência da retomada da economia e da reabertura, quase que de forma integral, dos estabelecimentos. O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), por exemplo, obteve crescimento de 3,5%, ao passar de 69, no mês anterior, para os atuais 71,4 pontos. Apesar da melhora, o indicador, assim como os demais que compõem o índice, está abaixo dos 100 pontos, ou seja, permanece na área de insatisfação.
O desempenho mais favorável das variáveis componentes do ICF é influenciado por itens relacionados não ao cotidiano, mas ao futuro próximo. Desta forma, enquanto Emprego Atual (81,1 pontos) e Perspectiva Profissional (86,3), apontaram alta de 5% e 6,7%, respectivamente, o nível de consumo apresentou queda de 0,6% e atingiu 56,2 pontos.
Como o cotidiano não melhorou de forma significativa, as famílias consideram um mau momento para compra de produtos como geladeira, fogão, televisor, etc. Assim, o subíndice Momento para Duráveis ficou praticamente estável (-0,2%) e atingiu 42,9 pontos, a pior avaliação entre os demais.
A Expectativa do Consumidor, que subiu 3%, e as Condições Econômicas Atuais, com resultado tecnicamente estável com variação de 0,2%, puxaram, em setembro, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que registrou aumento de 2,4%, ao passar de 112 pontos, em agosto, para os 114,7 do mês.
Cedo para comemorar
Os indicadores de confiança estão se beneficiando do fato de consumidores estarem olhando favoravelmente para os próximos meses. No entanto, na avaliação da Federação, os índices só irão melhorar de maneira realista quando houver uma geração de emprego mais sólida e consistente da economia, dando segurança para expandir o consumo, também via crédito, sabendo que conseguirão arcar com estes compromissos.
Notas metodológicas
PEIC
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é apurada mensalmente pela FecomercioSP desde fevereiro de 2004. São entrevistados aproximadamente 2,2 mil consumidores na capital paulista. Em 2010, houve uma reestruturação do questionário para compor a pesquisa nacional da Confederação Nacional do Comércio (CNC), e, por isso, a atual série deve ser comparada a partir de 2010.O objetivo da PEIC é diagnosticar os níveis tanto de endividamento quanto de inadimplência do consumidor. O endividamento é quando a família possui alguma dívida. Inadimplência é quando a dívida está em atraso. A pesquisa permite o acompanhamento dos principais tipos de dívida, do nível de comprometimento do comprador com as despesas e da percepção deste em relação à capacidade de pagamento, fatores fundamentais para o processo de decisão dos empresários do comércio e demais agentes econômicos, além de ter o detalhamento das informações por faixa de renda de dois grupos: renda inferior e acima dos dez salários mínimos.
ICF
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde janeiro de 2010, com dados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O ICF é composto por sete itens: Emprego Atual; Perspectiva Profissional; Renda Atual; Acesso ao Crédito; Nível de Consumo; Perspectiva de Consumo e Momento para Duráveis. O índice vai de zero a 200 pontos, no qual abaixo de cem pontos é considerado insatisfatório, e acima de cem pontos, satisfatório. O objetivo da pesquisa é ser um indicador antecedente de vendas do comércio, tornando possível, a partir do ponto de vista dos consumidores e não por uso de modelos econométricos, ser uma ferramenta poderosa para o varejo, para os fabricantes, para as consultorias, assim como para as instituições financeiras.
ICC
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde 1994. Os dados são coletados com aproximadamente 2,1 mil consumidores no município de São Paulo. O objetivo é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura. Esses dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, se apresenta como: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e para formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.