Em sábado nublado, Orquestra Voadora leva acessibilidade para a avenida em São Paulo
O desfile foi pontuado por outros gritos de protesto, contra a guerra às drogas e a poluição das metrópoles e em apoio à escola de samba Vai-Vai
- Data: 17/02/2024 15:02
- Alterado: 17/02/2024 15:02
- Autor: Redação
- Fonte: FOLHAPRESS/Jéssica Maes
Crédito:Reprodução
Após dias de lotação extrema no Carnaval, os foliões tiveram mais espaço para curtir a música neste sábado (17), no parque Ibirapuera, zona sul de São Paulo. O primeiro dia do pós-Carnaval começou com o bloco carioca Orquestra Voadora, que abriu o desfile com “Pro Dia Nascer Feliz”, do Barão Vermelho.
“Em 2024, a gente segue na luta contra a caretice”, bradou o vocalista MC Lencinho, que na concentração puxou uma ovação ao padre Júlio Lancelotti.
O desfile foi pontuado por outros gritos de protesto, contra a guerra às drogas e a poluição das metrópoles e em apoio à escola de samba Vai-Vai, que homenageou o grupo de rap Racionais MC’s e causou polêmica com alas que retratavam a violência policial.
“O prefeito não tem que estar incomodado com a Vai-Vai. Ele tem que se preocupar em remunerar melhor os servidores da cidade de São Paulo”, afirmou o músico.
Com um repertório repleto de sucessos da música pop mundial e da MPB, o público tinha na ponta da língua hits como “A Praieira”, de Chico Science, “Sossego”, de Tim Maia, e “I Will Survive”, de Gloria Gaynor.
A Orquestra Voadora é marcada pela performance e o colorido de artistas circenses e pernaltas, que dançam em pernas de pau. Neste ano, mais de 200 integrantes se dividiram entre o trio elétrico e o chão da avenida, puxando o cortejo.
O bloco conta ainda com uma ala de pessoas com deficiência, que desfilaram sob um estandarte com os dizeres Assexybilidade, referência ao documentário homônimo que trata da sexualidade de pessoas com deficiência.
Tuca Munhoz, 66, que carrega o estandarte, conta que sai com a Orquestra desde que o grupo começou a desfilar em São Paulo, em 2017.
“Eu venho sempre porque tenho amigos no bloco e porque tem ‘assexybilidade’. É um diferencial daqui”, diz o consultor em acessibilidade.
Também consultora em acessibilidade Luiza Habib, 27, conta que é de Brasília e ficou chocada com o espaço aberto pelo bloco para pessoas como ela, que usa cadeira de rodas.
“É incrível. É maravilhoso ter essa área porque a gente não precisa ficar espremido e com medo de ser espremido na multidão. Eu consigo ver também”, diz. “Ter mais pessoas com deficiência é muito empoderador.”
Em meio à relativa tranquilidade da avenida, esvaziada em comparação aos dias oficiais de folia, várias crianças brincavam com confetes e dançavam.
Acompanhada do pai, Laura Cardillo Goersch, 8, conta que é foliã desde bebê.
“Eu amo Carnaval, gosto muito de me fantasiar”, afirma menina, que usa glitter roxo e laranja no rosto e uma bandana amarrada na testa. “Hoje eu estou de Jão”, diz, em referência ao cantor pop paulista.
Comemorando seu 15º carnaval, a Orquestra volta à capital paulista pela primeira vez após a pandemia da Covid-19 e um hiato de três anos.