Eleições na Colômbia: esquerda perde prefeitura de Bogotá, em derrota para Petro
Eleições regionais sinalizam derrota para o presidente Gustavo Petro nas principais cidades do país; setores da direita tradicional saem vencedoras
- Data: 30/10/2023 14:10
- Alterado: 30/10/2023 14:10
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Gustavo Petro
Crédito:Reprodução/Instagram
As eleições regionais da Colômbia, realizadas neste domingo, 29, sinalizaram uma derrota para o presidente Gustavo Petro e a onda de esquerda que cresceu nos últimos anos. As disputas nas principais prefeituras e governos, incluindo o da capital, Bogotá, foram vencidas por políticos da direita tradicional do país e refletiram como derrotas e crises políticas de Petro afetaram a força que o elegeu em junho do ano passado.
Em Bogotá, principal reduto político de Petro, o candidato opositor Carlos Fernando Galán, do Novo Liberalismo, venceu as eleições no primeiro turno ao obter mais de 40% dos votos. O ex-senador Gustavo Bolívar, candidato do presidente, terminou apenas em terceiro, com 18,7%. “Sinto que foi um voto de punição pelo Pacto Histórico”, disse o próprio Bolívar após os resultados.
Petro, ex-prefeito de Bogotá, obteve 58% dos votos da capital na eleição presidencial do ano passado. Anos antes, em 2019, a cidade elegeu a primeira mulher abertamente lésbica, a centrista Claudia López Hernández, contra Galán. Desta vez, o político obteve o apoio de vários setores da direita tradicional e obteve 1,4 milhão de votos, recorde na capital colombiana.
A eleição em Bogotá foi marcada por uma disputa em torno da construção do metrô da cidade que envolve Petro de forma direta. O presidente tinha o apoio de Claudia López, mas perdeu aos poucos por causa de divergências em torno da obra. Petro defende mudanças que permitam construir a rede no subterrâneo, enquanto a oposição pleiteia que as obras sigam como estão. “Se eles (o governo) queriam um plebiscito, este é um em alto e bom tom”, disse López no X (ex-Twitter) em relação aos resultados das urnas para o governo nacional.
Resultados semelhantes aconteceram em Medellín, Barranquilla e Valle del Cauca. Em Medellín, onde Petro tinha um defensor e aliado na prefeitura, Daniel Quintero, a eleição foi vencida pelo direitista Federico Gutíerrez, que adotou o discurso de oposição ao “governo de mudança” de Petro. O resultado se repetiu no âmbito provincial, com o também direitista Andrés Julián Rendón eleito governador.
Apesar disso, os partidos do Pacto Histórico, como é chamada a coalizão de governo de Petro, não saíram derrotados em todos os pleitos. Os resultados foram positivos em 6 dos 32 departamentos do país. Ciente dos efeitos políticos que a eleição em geral pode ter para o governo, Petro ressaltou as vitórias. “O avanço das forças de governo no oeste da Colômbia é gigante. Apenas em Nariño e Cauca foram conquistados os dois governadores e 40 prefeituras”, declarou o presidente nesta segunda-feira, 30, no X.
O presidente também afirmou que está disposto a dialogar com todos os políticos eleitos. Na noite do domingo, disse que vai reuni-los para “articular propostas” que possam “construir juntos um país que combata a corrupção, a injustiça e enfrente a crise climática”. A questão que fica em aberto é qual será o efeito na política nacional. Se Petro conseguir se aproximar dos eleitos para realizar projetos conjuntos, suas derrotas podem ser revertidas.