É preciso manter a coerência política
A desconfiança e o descrédito de parcela da população pela política é algo que deve ser enfrentado, ainda mais quando se percebe um distanciamento dos jovens do assunto. Para tanto, os agentes políticos precisam manter coerência em relação ao seu discurso e às atitudes realmente tomadas. O que parece óbvio não é tão claro assim. […]
- Data: 06/11/2013 12:11
- Alterado: 06/11/2013 12:11
- Autor: Carlos Neder
- Fonte: Carlos Neder - médico sanitarista, coordenador do setorial de saúde do PT e deputado estadual (PT)
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A desconfiança e o descrédito de parcela da população pela política é algo que deve ser enfrentado, ainda mais quando se percebe um distanciamento dos jovens do assunto. Para tanto, os agentes políticos precisam manter coerência em relação ao seu discurso e às atitudes realmente tomadas.
O que parece óbvio não é tão claro assim. Como tenho dito, basta ver a propaganda de TV do governo Alckmin na saúde. Com inserção no horário nobre, a publicidade do PSDB insiste em “vender” a ideia de que há fartos recursos sendo aplicados na área, capazes de proporcionar um atendimento de qualidade.
Ora, a falta de coerência para quem vê e, principalmente, para aqueles que usam o sistema de saúde estadual é total. O que é mostrado, por meio de belas imagens, não se traduz na prática.
Para ficarmos em alguns pontos que tenho insistentemente constatado: faltam recursos e insumos básicos, os funcionários estão desmotivados pela forma como são tratados e as unidades não contam com infraestrutura adequada. Isso sem falar da opção exagerada e errada de despejo de dinheiro público para uso das entidades privadas, como é o caso das Organizações Sociais.
Se o PSDB adota essa linha, os partidos nascidos com base em ideais socialistas não podem incorrer nessa falha. Esse lembrete cai bem, ainda mais no momento em que o PT cuida da renovação de sua direção partidária em todas as esferas (nacional, estadual e municipal).
A coerência deve ser a palavra de ordem para o embate ideológico que teremos nas eleições de 2014. Preservar esse princípio é fundamental. Não podemos admitir, em hipótese alguma, que o discurso eleitoral seja um e a prática de atuação seja outra.
Sendo bem direto: não podemos ganhar a confiança das pessoas e as eleições com um discurso mais à esquerda, em que a defesa de políticas públicas transformadoras e a participação popular estejam presentes, para depois, sem o menor pudor, fazermos uso de modelos típicos dos partidos de centro-direita, nos quais vem se espelhando o PSDB.
As duas últimas vitórias eleitorais do PT na cidade de São Paulo devem servir de exemplo de como o nosso discurso à esquerda ganhou o coração e a confiança das pessoas. É verdade que não conseguimos, ainda, ser reeleitos na capital paulista, o que exige uma interpretação. Porém, não podemos abrir mão das nossas convicções por mera conveniência eleitoral, reforçando preconceitos e estabelecendo alianças cada vez mais à direita. Pois o que vale mesmo é a prática da coerência na vida pública, algo que a população está cobrando dos partidos políticos.